23 de ago. de 2015

Aborto de “bandidos” no útero: Ou como o poço não tem fundo no Brasil - Leonardo Sakamoto

“Um dia, nós chegaremos a um estágio no qual seremos capazes de determinar se a criança no útero da mãe tem tendências criminais e, se sim, a mãe não será autorizada a dar à luz.''
A declaração teria sido por Laerte Bessa (PR-DF), relator do projeto de redução da maioridade penal, ao jornal inglês The Guardian e resgatada pela revista Fórum, no melhor estilo Minority Report – aquele filme em que Tom Cruise prende os bandidos antes deles cometerem os crimes. Uma outra declaração dada por ao jornal afirma que, em duas décadas, reduziremos a maioridade para 12 anos.
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, ele disse que não falou em aborto e que a matéria escrita em inglês “ganhou interpretações erradas''.
Mas, vejamos: recebi, meses atrás, uma doce mensagem de leitor dizendo que “mãe de bandido deveria ser esterilizada''.

Não fiquei chocado porque, depois da popularização da internet, nada me choca. Ok, talvez Datena como possível candidato à prefeitura de São Paulo mas, fora isso, nada. O pior é que se perguntar para o missivista se é a favor de garantir às mulheres a autonomia sobre o próprio corpo, ele cospe na sua cara.
Daí, tentando seguir essa linha de pensamento ignorante e imbecil, ironizei o comentário do leitor, em um post em abril deste ano:
“Talvez seja essa a saída e não a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos: Esterilizar úteros que pariram criminosos de forma a interromper o terreno fértil para crimes. Ou, talvez, se nossa ciência permitir, descobrir com cálculos precisos os úteros ruins e impedir que deles brote algo.''
Um amigo jornalista, que leu o post na época, me alertou para tomar cuidado com textos ficcionais que forçavam a barra. “Tá louco, Saka? Quem toparia uma aberração dessas? Não viaja…''
Rá!

Isso ensina uma lição, meu caro amigo: Pense no pior filme B de terror? Ele não se compara à realidade brasileira.
Escrevi naquele post também que, conhecendo nossa sociedade, os “úteros ruins'' passíveis de aborto forçado não serão úteros ricos, que sempre tiveram acesso a tudo e que repousam em lençóis de algodão egípcio – mesmo que de alguns deles tenha brotado os que põem fogo em indígenas em pontos de ônibus, espancam pessoas em situação de rua ou atropelam ciclistas.
Mas úteros negros e pardos, que lavam roupa, fazem faxina e não raro criam os filhos sozinhos. Úteros que andam de ônibus, ganham uma miséria, dividem-se entre o trabalho e a família. E, por isso, não vivem, apenas sobrevivem, enfileirando dias e noites, na periferia de alguma grande cidade.
Depois desse episódio profético, se eu fosse você, acreditaria no alerta que venho fazendo há tempos: com esse Congresso Nacional, nada está a salvo. Nem o direito das mulheres ao voto, nem a República, muito menos a Lei Áurea.


Fonte: Blog do Sakamoto. In: Blog Educars sem Violência. Cida Alves. Acesso em: 23 ago. 2015. 

18 de ago. de 2015

Pastor afirma que estuprou menino pela 'glória de Deus', diz delegado

Homem é tio-avô da criança e já ficou preso 14 anos por outro estupro. Segundo Reginaldo Salomão, suspeito não demonstrou arrependimento.


Do G1 MS com informações da TV Morena

O homem de 52 anos, preso suspeito de estuprar um menino em troca de videogame e chinelo, em Campo Grande, disse à polícia que é pastor evangélico e que estupro pela 'glória de Deus', segundo o delegado Reginaldo Salomão, da Polícia Civil. O estupro foi na tarde, na casa da avó da vítima no bairro Buriti, região oeste da cidade.
"Ele confessou o crime alegando que é um pastor e que fez isso pela glória de Deus, mas exerceu direito ao silêncio no tocante à detalhes, porquê fez, como fez, se a versão apresentada pelo menino é a que realmente aconteceu", explicou. 

No dia do estupro, o menino foi deixado na casa do irmão da avó dele pelos pais, que foram trabalhar. Um primo dele viu o estupro e avisou aos familiares, que chamaram a polícia, por volta das 21h (de MS). Os policiais foram à casa onde o crime aconteceu e encontraram o homem, que confessou o estupro e foi autuado em flagrante. 
A criança passou por exame de corpo de delito, que confirmou o estupro. Salomão disse que o suspeito não demonstrou arrependimento e que o pastor já foi preso pelo mesmo crime. Ele estava em liberdade condicional desde agosto de 2014 e tinha ficado 14 anos preso por esse crime.
De acordo com a autoridade policial, o homem estava em livramento condicional desde agosto de 2014. Antes disso, ele cumpria pena em regime fechado também pelo crime de estupro contra um menino da mesma idade da vítima.
Fonte: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/08/pastor-afirma-que-estuprou-menino-pela-gloria-de-deus-diz-delegado.html. Acesso em: 18 agos. 2015.