30 de dez. de 2011

Sonhe...

"Sonhe, ainda que o sonho pareça impossível.
 Lute, ainda que o inimigo pareça invencível. 
Corra por onde o corajoso não ousa ir. 
Transforme o mal em bem, ainda que seja necessário caminhar mil milhas.
 Ame o puro e o inocente, ainda que sejam inexistentes. 
Resista, ainda que o corpo não resista mais.
 E ao final, alcance aquela estrela, ainda que pareça inalcançável."


(Daisaku Ikeda apud Blog Flor & um Fantasma)

27 de dez. de 2011

Nova campanha nacional da Rede Não bata Eduque



Caros amigos e parceiros,

Estamos lançando uma nova campanha nacional com o objetivo de mostrar que bater em criança não é um instrumento pedagógico, e sim uma ameaça ao desenvolvimento infantil. A campanha será veiculada em TVs, rádios, busdoor, folders e cartazes por todo o país.

O propósito da campanha é sensibilizar os adultos de que é possível educar sem utilizar qualquer tipo de violência.  Educar e cuidar de uma criança não é fácil e requer paciência, atitude e persistência e o diálogo, o afeto, a atitude positiva e os bons exemplos são instrumentos poderosos no processo educativo.

Conheçam as peças da campanha:

Vídeo da Campanha
Acesse o Audio, busdoor, cartaz e folder no link abaixo:


Os busdoors serão veiculados em sete cidades brasileiras. Ontem iniciamos a veiculação no Rio de Janeiro e Brasília, no dia 27 começam a circular os ônibus em Belém, Recife e Salvador e na sequencia em Porto Alegre e São Paulo.

Solicitamos o apoio de todos para divulgar a campanha em suas redes e sites institucionais.
Temos certeza de que juntos poderemos construir um mundo melhor para as crianças e suas famílias.

Abraços,

Marcia OliveiraRede Não Bata Eduquewww.naobataeduque.org.br

Fonte: Blog Educar Sem Violência - Cida Alves - http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/

A lei é o que menos importa – artigo de Paula Perim


A lei é o que menos importa – artigo de Paula Perim

Paula Perin





Paula Perim







Volta o assunto da Lei da Palmada e junto com ela, todo tipo de comentário. Fala-se da interferência do Estado na vida e decisões das pessoas, do fato de o Estatuto da Criança e do Adolescente já ter esse tema mais do que tratado, da duplicidade que pode haver sobre as penas, inclusive em relação às leis que já estão no Código Penal, do tempo perdido no Congresso, que teria decisões muito mais importantes para tomar. Por outro lado, há as defesas de como essas leis trouxeram benefícios para países como a Suécia e a Alemanha, de que o Brasil precisa de leis para que as pessoas prestem atenção no assunto, de que assim como há leis que protegem os idosos, as crianças também precisam de uma específica para isso.

A grande questão é que, junto com a discussão sobre a lei, um outro debate, muito mais importante, aparece em todos os posts e comentários das matérias que estão publicadas na internet e nas redes sociais: o uso da palmada como forma de educar. E esse, sim, é o assunto que realmente mais preocupa e assusta a todos nós aqui da redação da Crescer.

“Agradeço pelos tapas que levei”, “o pior não é o pai que bate, mas sim os que se omitem de educar os filhos”, “palmada, quando necessária, não mata”. Esses são apenas alguns dos comentários que encontrei na internet em diferentes matérias ao longo do dia. Eu tinha a esperança de que a Lei da Palmada despertasse nas pessoas -nas pessoas que batem para educar, batem para ensinar, batem para colocar limites ou batem porque perderam a paciência - uma reflexão sobre a atitude. Fizesse com que elas pensassem no assunto, ouvissem os relatos sobre todos os problemas que a agressão física (sim, bater no filho é uma agressão) causam nas crianças e pudessem mudar de ideia. Que elas parassem de se justificar, de dizer que os pais precisam “impor limites”, que elas apanharam e são boas pessoas. Ninguém lembra de um tapa como algo bom, nem de uma repreensão, uma conversa mais dura ou um castigo. Mas acredito que cada um desses modelos de educação entram na nossa memória em “caixinhas” diferentes. E são esses exemplos que levamos para nossa vida, para a maneira como nos relacionamos com o mundo. “Bunda de criança tem consistência e é o lugar certo para levar palmada. Doi, arde, mas não causa ferimento nem sequelas”. Li isso em um site hoje, um comentário deixado por um leitor defendendo um bom tapa em um ataque de birra de uma “criança pirracenta”, como o delicado internauta definiu. É preciso ter paciência, muita paciência, em um ataque de birra e em tantas outras situações. Quem tem filhos sabe muito bem disso. Mas bater não pode ser uma opção. É no mínimo um descontrole.

O argumento “apanhei e estou aqui, muito bem, obrigada” também não faz o menor sentido. É óbvio dizer, mas as coisas mudaram, evoluíram. Aprendemos que colocar a criança de barriga para cima para dormir é mais seguro do que de lado e bem melhor do que de bruços. Que a amamentação no peito é infinitamente melhor do que qualquer leite em pó. Que a criança é alfabetizada desde “sempre”, não com uma cartilha e só aos 7 anos. Descobrimos remédios e tratamentos novos e incríveis. Usamos a internet o dia inteiro. Como podemos dizer que antigamente os pais batiam e dava certo, então por que não fazer o mesmo hoje. 
Não faltam especialistas explicando por que a palmada não ensina, não educa, não tem justificativa. Bater ensina que o uso da força é a maneira de resolver os problemas. Bater é covardia. E sobre isso não há discussão.

Paula Perim é diretora de redação da CRESCER, mãe de Júlia, 14, e Bia, 13, e autora do livro 101 ideias para Curtir com Seu Filho (Antes de ele completar 10 anos).

Fonte: (Revista Crescer apud Blog Educar Sem Violência - Cida Alves)- http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/


21 de dez. de 2011

LITERATURA, APRENDIZAGEM, SONHO E MAGIA

Somos alunos (Claudia C. de Lima, Jorge S. Sousa, Marina A. Pires e Mônica C. da Silva) do sexto período do curso de Pedagogia e, no segundo semestre de 2011, desenvolvemos o projeto de ensino-aprendizagem, no Estágio Supervisionado em Docência na Educação Infantil II, sob a orientação da professora Msd. D. E. N. S.
           O projeto surgiu a partir das vivências no campo de estágio, que foi realizado na Creche Municipal M. C. F. da S. e EM P. na cidade de Inhumas – GO.
           Por meio das vivências observamos a necessidade de trabalhar músicas, literatura e brincadeiras. Por isso nosso projeto foi desenvolvido através de cotação de história/formação de valores na Educação Infantil, e brincadeiras. 
      Ouvir e contar histórias é algo que faz parte de nossas vidas desde bebezinho, ao ouvir desenvolvemos a linguagem oral, aprendemos a compartilhar histórias, a imaginar o mundos “encantados”, a interagir com o meio em que vivemos, interiorizamos valores.
Por meio de ouvir e contar histórias surge uma relação entre leitores e literatura, mesmo a criança ainda não sabendo ler é importante que ela tenha contato direto com livros ilustrados, pois através da imagem a criança desenvolve sua imaginação, curiosidade, estimula o gosto pela leitura e cria sua própria história. Então, o incentivo a leitura se faz necessário desde pequeno, para que a criança desenvolva o gosto pela leitura.
É importante ressaltar que o processo não seja forçado e que aconteça de maneira natural, com carinho, dedicação e respeito. Pois, cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento.

Ao brincar, a criança não apenas expressa e comunica suas experiências, mas as reelabora, reconhecendo-se como sujeito pertencente a um grupo social e a um contexto cultural, aprendendo sobre si mesmo e sobre os homens e suas relações no mundo, e também sobre os significados culturais do meio em que está inserida. (CORSINO, 2009, p. 70)

Enfim, durante o desenvolvimento do projeto de ensino-aprendizagem fotografamos , filmamos. E no final montamos esse vídeo. 



20 de dez. de 2011

Cadela espera pelo dono que morreu, em porta de hospital do ES





'Princesa' acompanhou o dono até o hospital depois que ele foi atropelado.
Ela ficou esperando que ele voltasse, abrigada debaixo de um banco.


Uma cadela apelidada de "Princesa" acompanhou o dono até o Hospital São Lucas, em Vitória, depois que ele foi atropelado, há duas semanas. O dono acabou falecendo e a cadela permaneceu esperando o retorno dele, na porta do hospital, até esta segunda-feira (19). Uma senhora a levou para um abrigo de animais.
O vendedor Jackson Oliveira, que trabalha em frente ao hospital, contou que a cadela apareceu no local há duas semanas, seguindo a ambulância que socorreu o dono, após o acidente. Ela ficou esperando que ele voltasse desde então, abrigada debaixo de um banco, na área externa da unidade de saúde.
"Ela recebeu cuidados do pessoal do hospital e das pessoas que moram aqui na rua também. Eles deram ração e água para ela e ainda colocaram um paninho sobre um papelão para ela ficar aquecida", disse.
De acordo com o hospital, uma senhora que cuida de um abrigo para cachorros levou a cadela nesta segunda-feira (19) para o local. O endereço do abrigo não foi divulgado.
"Princesa" permaneceu esperando o retorno de seu dono, morto em um atropelamento, na frente de hospital (Foto: Reprodução/TV Gazeta)"Princesa" permaneceu esperando o retorno de seu dono, morto em um atropelamento, na frente de hospital (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
História que lembra filme
A lealdade de cachorros para com os seres humanos já foi retratado em livros e filmes de Hollywood. O longa mais recente, "Sempre ao seu lado", com o ator Richard Gere, também é baseado em uma história real, que aconteceu no Japão.
Na adaptação para os cinemas, o cachorro Hachiko, da raça Akita, todos os dias ia até uma estação de trem com seu dono e o esperava retornar do trabalho. No entanto, um dia o dono acaba falecendo e não volta, mas o cão continua esperando no local.
A história virou notícia no país inteiro e foi usada em escolas para ensinar às crianças a importância da lealdade entre amigos.

Porrada não é patrimônio. É crime. Artigo de Matheus Pichonelli



 
mão de paz“Nada mais covarde, como diz o amigo Leandro Fortes, que virou corrente no Facebook ao escrever: “Quando seu chefe lhe enche o saco, você não bate nele. Quando o porteiro lhe desrespeita, você não bate nele. Sabe por quê? Porque você tem medo de levar uma porrada. Mas, numa criança, você se sente no direito de bater. Porque sabe que ela é mais fraca e não vai revidar. Você bate numa criança, basicamente, porque é um covarde. O resto, é uma cultura velha, obsoleta e criminosa que, felizmente, está sendo coibida pela lei.’”
 
Mateus Pi
 
 
 

Matheus Pichonelli, Carta Capital
 
De algum baú da memória. Na casa de uns vizinhos, as crianças da minha idade viam os pais gritando e também gritavam. Viam os pais brigando e também brigavam. Era como um reflexo, numa época em que não existe maior referência do que os pais.
Um dia, brincando na casa deles, meu amigo, que devia lá ter seus seis, sete anos, ficou irritado com o irmão mais novo, de quatro, cinco anos. Ao se irritar, sentou-lhe a mão. O pai viu a cena e, como num efeito cascata às avessas, bateu no filho mais velho. O filho mais velho, então, retrucou:

-Você também bate nele! E bate em mim!

O pai parou, pensou e saiu-se com esta:

-O dia em que você tiver o seu filho você bate.

Faz anos que vi a cena, mas lembro que saí da casa do meu amigo mal vendo a hora de ter meu próprio filho, para também ter minha cota num direito inalienável. Como uma posse.

E não tenho a menor ideia do que teria acontecido se a presenciasse em 2011, ano em que deputados aprovaram uma lei que proíbe os pais de agredirem os filhos. Com não mais de oito anos, seria o meu amigo capaz de dizer que estava protegido pela lei da palmada?

Eu serviria como testemunha?

Sabendo que estava protegido, poderia uma criança aprender desde cedo a cultura da chantagem, e ameaçar levar um pai à cadeia só porque tomou um tapa de censura ao ser impedido, de repente, de beber o vidro de detergente?

A lei, aparentemente, tem uma série de empecilhos práticos. Mas uma coisa parece inegável: deixa claro que o tapa contra alguém mais fraco, mais indefeso, não é patrimônio cultural. É, sim, crime. Dizer, como fez a OAB, que agressão existe desde o Brasil Colônia e, por isso, dificilmente será coibida, é praticamente um lamento pela perda dos valores e das práticas de um período honrado. Que nos legou a escravidão.

Há poucos anos, fazia sucesso nas rádios e nas casas noturnas um funk em que alguém jurava que um tapinha não doía. Era brincadeira, mas que desencadeou uma série de discussões e processos jurídicos de pessoas preocupadas com a banalização da violência. Mas a maioria jurava: só queria dançar.

Na época, um cartaz de uma campanha contra a violência sobre as mulheres fez, para mim, a leitura definitiva da coisa toda. Trazia uma mulher com os olhos inchados, roxos e uma inscrição embaixo: “Um tapinha não dói”.

Pouco depois, em 2006, veio a Lei Maria da Penha, e uma gritaria de quem via na proteção de um grupo visivelmente sensível da sociedade uma forma de “discriminação”. Gritaram sozinhos: a lei solapou a cultura do silêncio, e impulsionou não só a conscientização, mas uma série de estruturas que viabilizavam a proteção efetiva e a implementação de políticas públicas.

Num País onde mulheres agredidas eram motivo de chacota em comarcas comandadas por juízes e delegados que, em nome da honra masculina, viam em toda ação uma reação (e esqueciam que a lei da dignidade humana extrapola a lei da física), o acesso a delegacias especiais, previstas na mesma lei, significou um avanço considerável.

O desafio agora é semelhante. A gritaria também. De repente, alguns saudosistas chegam a fazer relatos apaixonados das lições didáticas incutidas nas surras aplicadas pelos pais.

Um tapinha não dói, não é verdade? Pois pergunte à criança que encontra na rua o abrigo para as agressões sob tetos familiares.

“Mas o Estado vai regular até mesmo a forma como eu educo meus filhos?”

“Vai proibir o tapa educativo para evitar o soco no olho?”

“Vai jogar fora o bebê para se livrar da água suja?”

São questionamentos pertinentes, sobretudo num tempo em que as liberdades individuais, entre elas a que permite educar o filho com rédea dura ou não, deveriam estar acima da lei. Ou melhor: não ser regulada por lei.
O medo é que as crianças cresçam “sem limites”. Vai ver todos os criminosos do Planeta tenham cometido estupros, roubos ou assassinatos porque, em determinada altura da vida, tenha faltado palmada dos pais. Como se, na prisão, a carência de porrada fosse a variável ausente que permitiu o deslize.

Limite que, justamente para os pais, parece ter uma fronteira confusa entre o que é palmada e espancamento. Não seria capaz de contabilizar quantas crianças já vi, nas ruas ou nas casas de amigos, caírem no choro depois de um passo em falso seguido por um tapa no rosto, na bunda, nos braços.

Nada mais covarde, como diz o amigo Leandro Fortes, que virou corrente no Facebook ao escrever: “Quando seu chefe lhe enche o saco, você não bate nele. Quando o porteiro lhe desrespeita, você não bate nele. Sabe por quê? Porque você tem medo de levar uma porrada. Mas, numa criança, você se sente no direito de bater. Porque sabe que ela é mais fraca e não vai revidar. Você bate numa criança, basicamente, porque é um covarde. O resto, é uma cultura velha, obsoleta e criminosa que, felizmente, está sendo coibida pela lei.”

Palavras de quem nunca precisou levantar a mão e bater nos filhos, hoje grandes, para ser respeitado.

Matheus Pichonelli - Formado em jornalismo e ciências sociais, é subeditor do site e repórter da revista CartaCapital desde maio de 2011. Escreve sobre política nacional, cinema e sociedade. Foi repórter do jornal Folha de S.Paulo e do portal iG. Em 2005, publicou o livro de contos 'Diáspora'.

Fonte: Carta Capital em 15 de dezembro de 2011, apud Blog Educar Sem Violência - Cida Alves<http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/2011/12/porrada-nao-e-patrimonio-e-crime-por.html>.

19 de dez. de 2011




Natalie Irish e Kseniya Simonova's fazem arte com beijos e areia

Para encantar o seu dia de domingo, deixo aqui a arte inusitada de duas jovens artistas plásticas.
Por Rita de Sousa
Sabemos sobre beijos que matam, beijos que enfeitiçam, beijos que encantam, beijos que conquistam; beijos de amor, de amizade, de paixão, de desejo; beijos de língua, estalados, na bochecha, de esquimó — uma infinitude de beijos, mas beijos que viram arte… essa é a primeira vez.
Observem a delicadeza dos traços na obra, detalhes de sombras, cílios e imaginem que este retrato de Marilyn Monroe foi feitos aos beijos, literalmente.
Esse é o trabalho de Natalie Irish, artista americana do Texas, que desde os 5 anos de idade choca e surpreende com seu trabalho. Sem usar as mãos, ela preenche o vazio das telas com retratos e autorretratos para cuja feitura utiliza apenas batom nos lábios e beijos na tela em branco.


A jovem Kseniya Simonova's acompanhada por diversos ritmos musicais "pinta" com areia. É uma belíssima e dramática performance artística que fala do amor e da guerra.


FONTE: Blog Educar Sem Violência - Cida Alves -

Homossexuais são agredidos em Goiânia


Um bando formado por aproximadamente oito jovens, agride três rapazes no Setor Bueno, em Goiânia. O motivo da confusão: os três rapazes são homossexuais.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bZW9yDe-PKQ

16 de dez. de 2011

“O caso mais grave que nos tivemos em Goiânia, na DPCA, não foi um caso de pedofilia, foi um caso de tortura aplicada como castigo corporal”, diz Adriana Accorsi


“O caso mais grave que nos tivemos em Goiânia, na DPCA, não foi um caso de pedofilia, foi um caso de tortura aplicada como castigo corporal”, diz Adriana Accorsi


Amig@s do blog não deixem de ver o pronunciamento de Adriana Accorsi no Fórum de debates sobre o Projeto de Lei 7672-10 na Assembléia Legislativa de Goiás. Ele é muito contundente e esclarecedor. Imperdível!!!!

Adriana Accorsi  foi delegada titular da Delegacia de Proteção de Crianças e Adolescentes, Superintendente de Direitos Humanos da Secretária de Segurança Pública e Justiça de Goiás e atualmente é Delegada Geral da Polícia Civil do Estado de Goiás.

Confira abaixo a magnitude e o impacto da violência física cometida contra crianças e adolescentes no Brasil
Dentre as violências domésticas sofridas por crianças e adolescentes, a violência física é a que apresenta maior frequência de notificação no Sistema de Vigilâncias em Violências e Acidentes (VIVA/SINAN)
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Um terço das denúncias registradas pelo módulo Criança e Adolescente do Disque Direitos Humanos – Disque 100 corresponde a situações de violência física.
A estatística de janeiro a junho de 2010 do Disque 100 evidenciam a elevada ocorrência de denúncias de violência física contra crianças e adolescentes. De acordo com essas estatísticas, o tipo de violência mais denunciado é a violência física com 37,88%, seguida logo após pela negligência com 22,99% do total. A violência sexual e a psicológica ocupam o terceiro e quarto lugar, com 18,70% e 10,42% respectivamente.
 
A violência que afeta as crianças e adolescentes brasileiros ocorre predominantemente na relação familiar.
A maioria dos casos notificados de violência doméstica tem como principal autor da violência os próprios pais biológicos.
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A violência física contra crianças e adolescentes resulta em casos graves e de alta letalidade.
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O número de mortes decorrente da violência física predomina em relação às outras formas de violência (AZEVEDO; GUERRA, 1995).
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Na faixa etário de 0 a 1 ano os homicídios são a terceira causa de morte.
De 1 a 4 anos os homicídios são a quarta causa de morte
De e de 5 a 9 anos os homicídios são a terceira causa de morte
De 10 a 14 anos os homicídios são a segunda causa de morte
De 15 a 19 anos os homicídios são a primeira causa de morte. 

Fonte: Blog Educar Sem Violência - Cida Alves - http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/

14 de dez. de 2011

A violência contra a criança e o adolescente


A violência contra a criança e o adolescente

Pai com o cinto
Por Eliana Lorenz


Tudo o que é feito ou deixado de fazer que provoque dano físico, sexual e/ou psicológico à criança ou ao adolescente é considerado uma violência.

Como exemplos temos, na violência física: beliscões, cintadas, chineladas, puxões de orelhas, uso da força física ao tocar na criança ou no adolescente; na violência sexual: manipulação da genitália, exploração sexual, ato sexual com ou sem penetração; na violência psicológica: rejeição, desrespeito, depreciação, rotulação, xingamento, cobrança e punições exageradas;  negligência ou abandono: falha ou omissão em prover os cuidados, a atenção, o afeto e as necessidades básicas da criança ou do adolescente, como saúde e alimentação.

A criança e o adolescente devem ser tratados como pessoa em condição diferenciada de desenvolvimento. Ter claro, querendo ou não, que nós somos um modelo para a criança e o adolescente e que é preciso avaliar sempre nossa atuação. Saber que rigidez, autoritarismo, gritaria não têm nada a ver com dar limites.

Ninguém precisa sentir dor para aprender: educar e ensinar limites são atos de amor e proteção, um dever importantíssimo dos pais; a educação baseada em violência, ameaças ou mentiras pode até ter resultados imediatos, mas ensinará apenas o medo e não o respeito. Poderá deixar marcas no corpo e na alma para o resto da vida; dizer sim ou não na hora certa, com firmeza e segurança; sendo firmes e constantes eles aprenderão o que é certo e o que é errado, dessa forma, estarão sendo preparados para a vida.

As crianças e os adolescentes se desenvolvem pelas mãos de seus pais e responsáveis, aprendendo com tudo o que ouvem e veem. É papel dos pais cuidar de seus filhos, promovendo sua saúde, estimulando seu desenvolvimento, ensinando regras de segurança, amor e respeito para que consigam crescer saudáveis e felizes.

Discuta com seus filhos as regras e limites que considera importantes na educação deles. Assim terão a noção da importância de seguir regras e respeitar limites.
Converse sobre a vida sexual de seus filhos; dê a eles informações sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. É melhor que eles procurem tirar suas dúvidas com você do que com um estranho.

Preste atenção ao comportamento de seus filhos; se houver mudanças, pergunte o que está acontecendo.

Não tenha vergonha, abra seu coração e se aproxime ao máximo de seus filhos, demonstre seu cuidado e preocupação; a melhor forma de educar é conversando, elogiando, incentivando e ressaltando tudo de bom que a criança/adolescente faz.

Para refletir:
  1. bater não é educar, pois mesmo que obedeça, a criança/adolescente não aprenderá verdadeiramente, apenas deixará de fazer certas coisas por medo de apanhar e não por respeito;
  2. apanhando, a criança/adolescente aprenderá a temer o maior, o mais forte ou o mais poderoso;
  3. aprenderá que a violência ou a força bruta é mais importante que a razão e o diálogo;
  4. pensará que ocultar ou esconder fatos pode dar bons resultados, evitando palmadas;
  5. verá o adulto, figura de quem a criança/adolescente espera proteção e amparo, como não sendo confiável;
  6. aprenderá que de quem se espera amor podem vir pancadas e agressões.
Texto extraído da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
Enviado por Rúbia Cristina Rodrigues, coordenadora do Gerarte I - Associação de Trabalho e Produção Solidária da Saúde Mental, em 13 de dezembro de 2011.
Fonte: Salve as Crianças – Ideias para uma Infância Feliz

Fonte: Blog Educar Sem Violência - Cida Alves

Comissão Especial da Câmara Federal aprova por unanimidade o relatório do PL 7672/2010

 
Vamos celebrar a possibilidade de um novo horizonte na vida de nossas crianças e adolescentes

Crianças em festa 1
APROVADO POR UNANIMIDADE!

O Projeto de Lei 7672/2010 - educação sem uso de castigos corporais foi aprovado por unanimidade pela Comissão Especial na Câmara dos Deputados.
Teresa-Surita-com-deputados-e-parceiros

Parabéns a todos os Deputados da Comissão, a Secretaria de Direitos Humanos e a Sociedade Civil Organizada que acompanharam de perto toda discussão.
 
Dia-das-Crianças

Vamos comemorar o início de um novo paradigma na construção da sociedade brasileira. Uma sociedade que privilegie a cultura de paz e ensine desde o berço às crianças que limites e disciplina podem ser estabelecidos sem qualquer tipo de violência.
 
CARTA DE MÁRCIA OLIVEIRA

Prezados amigos e parceiros,

É com enorme alegria e satisfação que compartilhamos com vocês a aprovação por unanimidade do Projeto 7672/2010 na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.

Esse é um momento histórico e muito feliz para todos nós. Iniciamos aqui um paradigma na construção da sociedade brasileira. Uma sociedade que privilegie a cultura de paz e ensine desde o berço às crianças e adolescentes que limites, disciplina, educação e cuidado podem ser estabelecidos sem qualquer tipo de violência, que as diferenças e conflitos podem ser resolvidos de forma pacífica.

Agradecemos o empenho de todos os deputados federais membros da comissão que analisou o projeto de lei e em especial à presidente Erika Koray, os vices-presidentes Liliam Sá, Eduardo Barbosa e professora Dorinha Seabra Resende e a relatora Deputada Teresa Surita, pelo empenho e dedicação.

Obrigada também a Secretaria de Direitos Humanos, ao Conanda, à ANCED, a Sociedade Brasileira de Psicologia, aos membro do grupo gestor da RNBE e a todos os especialistas e autoridades que juntaram-se a nós ao longo dessa caminhada e as crianças e adolescentes que nos inspiram e motivam para continuar lutando pelos direitos humanos de crianças e adolescentes e a construção de uma sociedade menos violenta.

Agora o projeto segue para o Senado e em breve poderá ser sancionado pela presidente Dilma.


Obrigada a todos.


Abraços,


Márcia Oliveira na Mesa


Marcia OliveiraRede Não Bata Eduque










Fonte: Blog Educar sem Violência - Cida Alves http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/

11 de dez. de 2011


Artigo de Eliane Brum: “Você consegue viver sem drogas legais”?

 

Como Pedro descobriu que tinha se tornado uma “máquina humana” – ou um “bombado psíquico”. E como sua história fala do nosso tempo e de muitos de nós


Pedro – o nome é fictício porque ele não quer ser identificado – é um cara por volta dos 40 anos que adora o seu trabalho e é reconhecido pelo que faz. É casado com uma mulher que ama e admira, com quem tem afinidade e longas conversas. Juntando os fundos de garantia e algumas economias os dois compraram um apartamento anos atrás e o quitaram em menos de um ano. Este é o segundo casamento dele, e a convivência com os dois filhos do primeiro é constante e marcada pelo afeto. Ao contrário da regra nesses casos, a relação com a ex-mulher é amigável. Pedro tem vários bons amigos, o que é mais do que um homem pode desejar, acha ele, porque encontrar um ou dois bons amigos na vida já seria o bastante, e ele encontrou pelo menos uns dez com quem sabe que pode contar na hora do aperto. A vida para Pedro faz todo sentido porque ele criou um sentido para ela.
Ótimo. Ele poderia ser personagem de uma daquelas matérias sobre sucesso, felicidade e bem-estar. Mas há algo estranho acontecendo. Algo que pelo menos Pedro estranha. Há dois anos, Pedro toma Lexapro (um antidepressivo), Rivotril (um ansiolítico, tranquilizante) e Stilnox (um hipnótico, indutor de sono). Dou os nomes dos remédios porque os psicofármacos andam tão populares que se fala deles como de marcas de geleia ou tipos de pão. E o fato de nomes tão esquisitos estarem na boca de todos quer dizer alguma coisa sobre o nosso tempo.

Pedro conta que a primeira vez que tomou antidepressivo, anos atrás, foi ao perder uma pessoa da família. A dor da perda o paralisou. Ele não conseguia mais trabalhar. Queria ficar quieto, em casa, de preferência sem falar com ninguém. Nem com a sua mulher e com os filhos ele queria conversar. Pedro só queria ficar “para dentro”. E, quando saía de casa, sentia um medo irracional de que algo poderia acontecer com ele, como um acidente de carro ou um assalto ou ser atingido por uma bala perdida. Ele mesmo pediu indicação de um bom psiquiatra a uma amiga que trabalha na área. Pedro sentia que estava afundando, mas temia cair na mão de algum charlatão do tipo que receita psicofármacos como se fossem aspirinas e acredita que tudo que é do humano é uma mera disfunção química do cérebro.

O psiquiatra era sério e competente. Ele disse a Pedro não acreditar que ele fosse um depressivo ou que tivesse síndrome do pânico, apenas estava em um momento de luto. Precisava de tempo para sofrer, elaborar a perda e dar um lugar a ela. Receitou um antidepressivo a Pedro para ajudá-lo a sair da paralisia porque o paciente repetia que precisava trabalhar. A licença em caso de luto – dois (!!!!) dias, segundo a legislação trabalhista – já tinha sido estendida por um chefe compreensivo. Por Pedro ser muito bom no que faz recebera o privilégio de duas semanas de folga para se recuperar da perda de uma das pessoas mais importantes da vida dele. Pedro não queria “fracassar” nessa volta. E não “fracassou”. Com a ajuda do antidepressivo, depois de algumas semanas ele voltou a produzir com a mesma qualidade de antes. Três meses depois da morte de quem amava, ele já voltara a ser o profissional brilhante.

Pedro tomou o antidepressivo por cerca de um ano, com acompanhamento rigoroso e consultas mensais. Como não agradava nem a ele nem era o estilo do psiquiatra que escolheu, pediu para parar de tomar o remédio. O psiquiatra concordou, e Pedro foi diminuindo a dose da medicação até cessar por completo. Tocou a vida por mais ou menos um ano e meio.
Neste intercurso, ele se tornou ainda mais criativo. Aumentou o número de horas de trabalho, que já eram muitas, porque se sentia muito potente. Pedro multiplicou o seu sucesso, que sempre foi medido por ele não pela quantidade de dinheiro, mas de paixão. E achava que tudo estava maravilhoso até começar a ter insônia. Pedro dormia e acordava, sobressaltado. Sem conseguir voltar a dormir, pensamentos terríveis passavam pela sua cabeça. Pedro pensava que perderia todo o seu sucesso, a sua possibilidade de fazer as coisas que acreditava e às vezes temia morrer de repente. As noites de Pedro passaram a ser povoadas por catástrofes imaginárias, mas bem reais para ele. E, toda vez que saía de casa pela manhã, voltara a ter medo de ser atingido por alguma fatalidade, por algo que estaria sempre fora do seu controle.

Algumas semanas depois do início da insônia, Pedro paralisou de novo. Não conseguia trabalhar – e este, para Pedro, era o maior dos pesadelos reais. Voltou ao consultório psiquiátrico e há dois anos toma os três remédios citados. Pedro, que sempre tinha olhado com desconfiança para a prateleira de psicofármacos, começou a achar natural precisar deles para enfrentar os dias e também as noites. “Que mal tem tomar uma pílula para dormir?”, dizia para a mulher, quando ela o questionava. “Ou tomar umas gotas de tranquilizante para não travar o maxilar de tensão? Ou 15 mg de antidepressivo para vencer a vontade de se atirar no sofá e ficar apenas olhando para dentro?” Sua mulher conta que ele parecia o Capitão Nascimento, em “Tropa de Elite”, tomando comprimidos no banheiro e dizendo à esposa: “Isso aqui não tem problema nenhum. Todo mundo faz isso. Não tem problema nenhum”.

Em 2011, Pedro teve momentos em que achou que tudo estava muito bem mesmo. E, se para tudo ficar tão bem era preciso tomar algumas pílulas, não tinha mesmo problema nenhum. Pedro talvez nunca tenha produzido tanto como neste ano e, por conta disso, até ganhou um aumento de salário sem precisar pedir. Mas, às vezes, não com muita frequência, ele se surpreendia pensando que algumas dimensões da sua vida tinham se perdido. Pedro não tinha mais o mesmo desejo pela sua mulher, e o sexo passou a ser algo secundário na sua vida. Não tinha mais tanto desejo pela sua mulher nem desejo por mulher alguma. “Efeito colateral do antidepressivo”, conformou-se.
Pedro trabalhava tanto que tinha reduzido às idas ao cinema, os encontros com os amigos e a pilha de livros ao lado da cama continuava no mesmo lugar. Ele também tinha perdido o interesse por viagens de lazer com a família, porque estava ocupado demais com seus projetos profissionais. Pedro constatou que os momentos de subjetividade eram cada vez mais escassos na sua vida. E, embora o trabalho lhe desse muita satisfação, ele tinha eliminado uma coleção de pequenos prazeres do seu cotidiano. Por volta do mês de setembro, Pedro começou a sentir uma difusa saudade dele mesmo que já não conseguia ignorar.

“Devagar eu comecei a perceber que tinha criado uma vida que não podia sustentar sem medicação. E tinha aceitado isso. Como, acho, boa parte das pessoas que conheço e que tomam esse tipo de remédio”, conta. “Eu só consigo fazer tudo o que faço porque tenho essa espécie de anabolizante. Sou um bombado psíquico. Vivo muitas experiências todo dia e não tenho nenhum tempo para elaborar essas experiências, como não tive tempo para elaborar o meu luto. É uma vida vertiginosa, mas é uma vida não sentida. Às vezes tenho experiências maravilhosas, mas, na semana seguinte, ou na mesma semana, já não me lembro delas, porque outras experiências se sobrepuseram àquela. E sei que só durmo porque engulo pílulas, só acordo porque engulo pílulas. Só suporto esse ritmo porque engulo pílulas. Até pouco tempo atrás eu achava que tudo bem, então eu ficaria tomando pílulas pelo resto da vida. Em vez de mudar meu cotidiano para que ele se tornasse possível, eu passei a esticar meus limites porque sabia que podia contar com os medicamentos e, se voltasse a cair, me iludia que bastaria aumentar a dose. Eu me tornei uma equação: Pedro + medicamentos. Aos poucos, porém, comecei a perceber que não é essa vida que eu quero para mim. Tem algo errado quando a vida que você inventou para você só é possível porque você toma três comprimidos diferentes para poder vivê-la. E, talvez, daqui a pouco, eu esteja tomando Viagra para ter desejo pela mulher que amo. Isso aos 40 anos. E, com o tempo, os efeitos colaterais desses remédios vão causar, pelo prolongamento do uso, doenças em outras partes do meu corpo. Eu sei que muita gente, como eu, já se habituou a achar que é normal viver à custa de pílulas. Mas, se você parar para pensar, isso é uma loucura. Isso, sim, é doença. E os médicos estão nos mantendo doentes, mas produtivos, usando os remédios para ajustar a máquina a um ritmo que a máquina só vai aguentar por um certo tempo. De repente, percebi que eu era uma máquina humana. E que eu estava usando remédios legais como se fossem cocaína e outras drogas criminalizadas. E o mais maluco é que todo mundo acha que tenho uma vida invejável e que está tudo ótimo comigo. Por serem drogas legais, por causa da popularização de coisas como depressão e síndrome do pânico, todo mundo acha normal eu tomar pílula para ter coragem de sair da cama de manhã e pílula para conseguir dormir sem ter medo de morrer no meio da noite. De repente, me caiu a ficha, e eu comecei a enxergar que estamos todos loucos, a começar por mim. Loucos por achar que isso é normal.”

Com a autorização de Pedro, procurei o psiquiatra dele para uma conversa. É um profissional inteligente e sério. E foi de uma honestidade rara. Perguntei a ele porque receitava psicofármacos para gente como Pedro. “Porque vivemos num mundo em que as pessoas não têm tempo para elaborar o que é do humano. Muitas vezes eu me deparo com essa situação no consultório. Vejo uma pessoa ali me pedindo antidepressivo porque não consegue mais trabalhar, não consegue mais tocar a vida. 

Eu sei que ela não consegue mais trabalhar nem tocar a vida porque é a sua vida que se tornou impossível, porque precisa de um tempo que não tem para elaborar o vivido. É óbvio que não é possível, por exemplo, elaborar um luto ou uma separação em uma semana e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Assim como não é possível viver sem dúvidas, sem tristezas, sem frustrações. Tudo isso é matéria do humano, mas o ritmo da nossa vida eliminou os tempos de elaboração. Essa pessoa não é doente – é a vida dela que está doente por não existir espaço para vivenciar e elaborar o que é do humano. Só que esse cara precisa trabalhar no dia seguinte e produzir bem ou vai perder o emprego. Então eu dou o antidepressivo e faço um acompanhamento sério, com psicoterapia, para que esse cara possa dar um jeito na vida e parar de tomar remédios. É um dilema e não tem sido fácil lidar com ele, mas é neste mundo que eu exerço a profissão de psiquiatra. Porque no tratamento da depressão, de verdade, a doença, de fato, é muito difícil obter resultados, mesmo com os medicamentos atuais. Assim como outras doenças psíquicas, quando são doenças mesmo. Os resultados são muito mais lentos – e às vezes não há resultado nenhum. A maioria das pessoas que estamos medicando hoje não é doente. E por isso o resultado é rápido e parece altamente satisfatório. Estas pessoas só precisam dar conta de uma vida que um humano não pode dar conta.”

Pedro, que nunca foi adepto das famosas resoluções de Ano-Novo, desta vez se colocou uma que talvez seja a empreitada mais difícil que já enfrentou. “Estou reduzindo progressivamente a dose dos medicamentos e vou parar até março. Minha meta, em 2012, e talvez leve muitos réveillons para conseguir alcançar isso, é criar uma vida possível para mim. Uma vida e uma rotina que meu corpo e minha mente possam dar conta, uma vida em que seja possível aceitar os limites e lidar com eles, uma vida em que eu tenha tempo para sofrer e elaborar o sofrimento, e tempo para usufruir das alegrias e dos pequenos prazeres e da companhia dos que eu amo. Sei que vai ter um custo, sei que vou perder coisas e talvez tenha até de mudar de emprego, mas acho que vai valer a pena. Não quero mais uma mente bombada, nem ser uma máquina bem sucedida. Quero só uma vida humana.”
Torço por Pedro, torço por nós.

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Eliane Brum - Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.

Fonte: Revista Época em 05 de dezembro de 2011.

Enviado por Luciene de Paula, enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia, em 9 de dezembro de 2011.

Fonte: Blog - Educar sem Violência - Cida Alves http://toleranciaecontentamento.blogspot.com/2011/12/artigo-de-eliane-brum-voce-consegue.html