31 de jul. de 2012

O Contador de Histórias


O Contador de Histórias (Brasil2009) é um filme biográfico, que conta a história de um contador de histórias. Trata-se de Roberto Carlos Ramos, ou Roberto Carlos Contador de Histórias, como é conhecido em Belo Horizonte. O diretor Luiz Villaça descobriu o contador de históriapor acaso, em um livro infantil que seu filho havia ganhado de presente, e após ler a história de Roberto Carlos, desenvolveu o projeto do filme premiado com o selo da Unesco, Organização das Nações Unidas.

O filme passa-se na década de 1970, iniciando sua ação na cidade de Belo Horizonte onde Roberto Carlos Ramos vive com a mãe e seus nove irmãos em uma favela. A mãe leva-o então para a Febem acreditando que lá o filho terá melhores oportunidades, podendo até tornar-se um doutor.
Na instituição, Roberto Carlos usa sua criatividade para conseguir mais comida e atenção, também aprende a impor moral entre os internos, mas ao tornar-se adolescente é transferido para outra instituição onde as regras são mais rígidas.Para fugir de castigos físicos, ele e outros internos descobrem o mundo das drogas e de pequenos delitos, fugindo sempre que aparece oportunidade para isso. Seu comportamento é rotulado pela instituição de irrecuperável. Nesse momento de sua vida, aparece a pedagoga francesa Margherit Duvas, que aos poucos, com palavras carinhosas e atitudes educadas vai conquistando o menino irrecuperável. Ela o adota e ele então tem a chance de se alfabetizar, estudar e dar asas a sua criatividade. Ambos vão viver na França. Após concluir seus estudos, Roberto Carlos retorna à Febém, como educador, e inicia sua história com outras crianças e adolescentes que ele vai adotando e criando uma família numerosa, com vinte filhos adotivos, alguns, como ele, ditos irrecuperáveis pelas instituições. 

Elenco




Fonte: Wikipédia.  O contador de  Histórias. 2012. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Contador_de_Hist%C3%B3rias. Acesso em: 31 jul. 2012. 


30 de jul. de 2012

Chinesa de 88 anos salva mais de 30 bebês abandonados nas ruas


Último filho de Lou Xiaoying, de 7 anos, foi achado por ela em lixeira. Exemplo comoveu o país, onde muitas crianças são deixadas nas ruas.


A chinesa Lou Xiaoying, hoje com 88 anos, que tirou das ruas mais de 30 recém-nascidos (Foto: Reprodução / Daily Mail)

Uma chinesa de 88 anos ficou conhecida por ter salvado a vida de mais de 30 crianças abandonadas nas ruas de Jinhua, na província de Zhejiang, e de ter criado várias delas com seu trabalho de reciclagem de lixo.

Lou Xiaoying, que sofre de insuficiência renal, recolheu as primeiras quatro crianças quando ainda estava com o marido, que morreu há 17 anos. Desde então, ela recolheu outras dezenas de bebês, que repassou a parentes e amigos para que pudessem adotá-los, segundo o “Daily Mail”.

O filho mais novo, Zhang Qilin, que tem 7 anos, foi achado numa lixeira por Lou quando ela tinha 82 anos.

“Mesmo que eu esteja ficando velha, eu simplesmente não podia ignorar aquele bebê e deixar ele morrer no lixo. Ele olhava tão doce e tão necessitado que tive que leva-lo para casa comigo”, disse ela.

Segundo a chinesa, os fihos mais velhos ajudaram a tomar conta de Qilin, que foi batizado com uma palavra em chinês que significa "algo raro e precioso".

Lou conta que tudo começou quando encontrou o primeiro bebê, uma menina, quando estava coletando lixo em 1972, abandonada na rua. “Vê-la crescer e se tornar forte nos deu tanta alegria que eu percebi que tinha um verdadeiro amor por tomar conta de crianças.”

“Percebi que se tinha força o suficiente para coletar lixo, como não poderia reciclar algo tão importante quanto vidas?”, questiona ela.

Lou, que tem apenas uma filha biológica, de 49 anos, dedicou sua vida desde então a cuidar de bebês abandonados.

O exemplo da chinesa se espalhou pelo país, onde milhares de bebês são abandonados nas ruas por pais atingidos pela pobreza.

Infanticídio de crianças não planejadas ainda é um problema em algumas áreas rurais daChina, mas é raro em cidades, onde os pais costumam a abandonar as crianças, mas não matá-las.

Fonte: G1. São Paulo. 2012. Disponível em.<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/07/chinesa-de-88-anos-salva-mais-de-30-bebes-abandonados-nas-ruas.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. 

29 de jul. de 2012

O Caçador de Pipas (The Kite Runner)


Sinopse

Kabul. Amir (Zekeria Ebrahimi) e Hassan (Ahmad Khan Mahmidzada) são dois amigos, que se divertem em um torneio de pipas. Após a vitória neste dia um ato de traição de um menino marcará para sempre a vida de ambos. Amir passa a viver nos Estados Unidos, retornando ao Afeganistão apenas após 20 anos. É quando ele enfrenta a mão de ferro do governo talibã para tentar consertar o ocorrido em seu passado.

Ficha  Técnicas

Título no Brasil:  O Caçador de Pipas
Título Original:  The Kite Runner
País de Origem:  EUA
Gênero:  Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 128 minutos
Ano de Lançamento:  2007
Estréia no Brasil: 18/01/2008
Site Oficial:  http://www.kiterunnermovie.com
Estúdio/Distrib.:  Paramount Pictures Brasil
Direção:  Marc Forster

Fonte: adoro cinema. filme caçador  de pipas. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-57735/. Acesso em: 29 jul. 2012

28 de jul. de 2012

ANJOS DO SOL


Sinopse 

Anjos do sol é um filme brasileiro que trata sobre a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. 

Maria (Fernanda Carvalho) é uma jovem de 12 anos, que mora no interior do nordeste brasileiro. No verão de 2002 ela é vendida por sua família a um recrutador de prostitutas. Após ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada a um prostíbulo localizado perto de um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, ela consegue fugir e passa a cruzar o Brasil através de viagens de caminhão. Mas ao chegar no Rio de Janeiro a prostituição volta a cruzar seu caminho.

Fichá Técnica: 
É o primeiro filme de Rudi "Foguinho" Lagemann.
No elenco estão, entre outros, Antonio CalloniVera HoltzChico DiazRoberta SantiagoOtávio AugustoMary SheylaDarlene Glória (no papel da cafetina Vera), Bianca Comparato e a estreante Fernanda Carvalho, a protagonista, que tinha apenas onze anos na época das filmagens.
trilha sonora original conta com composições do gaúcho Flu, Felipe Radicetti e de Nervoso.
Lançamento no Brasil em 18 de agosto de 2006 e nos Estados Unidos (Nova Iorque) em 11 de agosto de 2006.

Fonte: Wikipédia. Filme Anjos do sol. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anjos_do_Sol#Sinopse>. Acesso em: 28 jul. 2012.

Yuotube. ANJOS DO SOL (2006) TRAILER. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=eHJ1gcTAjvw. Acesso em: 28 jul. 2012.

27 de jul. de 2012

Os mitos sobre o projeto de lei Nº 7672/2010


Esclareça suas dúvidas sobre a Projeto de Lei 7672/2010 – Educação sem o uso de castigos físicos.
O projeto de lei que ficou conhecido como a “Lei da Palmada” tem causado muita discussão e há vários mitos a respeito dele. Esclarecemos alguns deles:
- O projeto NÃO propõe prender ninguém. Nenhum pai ou mãe será preso por causa desta lei.
- O projeto NÃO tira a autoridade dos pais e responsáveis.
- A polícia NÃO vai entrar na casa de ninguém por causa do projeto. Se houve alguma denúncia de violência contra a criança e o adolescente o responsável por entrar em contato com a família é o Conselho Tutelar da sua cidade.
- O projeto NÃO pune os pais. O projeto prevê medidas de visam prevenir a violência contra a criança, tais como: encaminhamento a programas oficiais e comunitários de apoio às famílias; possibilidade de tratamento psicológico ou psiquiátrico; cursos ou programas de orientação; encaminhamento da criança a tratamento especializado e advertência.
- Já existem muitas leis.  Para que mais uma? A proposta não é uma nova lei. Ela atualiza o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Caso ainda tenha dúvida escreva prá gente através da sessão Contato.
Fonte: Rede não bate eduque. Os mitos sobre o projeto de lei Nº 7672/2010 . 2012. Disponível em: <http://www.naobataeduque.org.br/conheca-a-rede/os-mitos-sobre-o-projeto-de-lei-n%C2%BA-76722010>. Acesso em: 27 jul. 2012.

26 de jul. de 2012

Relatos Violência Sexual





Diariamente, vítimas de violência sexual vão procurar ajuda no hospital Pérola Byington, em São Paulo. A equipe do Profissão Repórter acompanhou o tratamento médico de crianças abusadas dentro de casa e o drama de mulheres que engravidaram e passaram por um aborto.
A equipe médica do hospital Pérola Byington faz aborto permitido por lei. Vítimas violentadas que interrompem a gravidez conversam com o repórter Raphael Prado. O preconceito aparece no momento difícil.

Fonte: Profissão Repórter. Violência Sexual. 2012. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=2FxudbG3gkA>. Acesso em: 27 jul. 2012. 


Palmada não educa, conclui análise de 20 anos de pesquisas


Atire a primeira pedra o pai ou a mãe que nunca pensou em jogar uma no seu filhote. É melhor não. Vinte anos de pesquisas mostram: castigo físico não dá bons resultados.
Estudos em várias partes do planeta demonstram uma associação clara entre essa forma de punição e problemas como depressão, ansiedade e vícios, que podem começar na infância e se estender para a vida adulta.
Pesquisar o castigo corporal é um desafio. Em ciência, a metodologia mais usada é o estudo controlado aleatório: dois grupos recebem um ou outro remédio, por exemplo. Mas como fazer isso com palmadas? Um grupo de crianças apanha e outro não?
Por isso, são mais comuns os estudos “prospectivos”: são estudadas crianças com níveis de agressão ou comportamento antissocial equivalentes no começo e analisada a progressão do comportamento. Ou “retrospectivos”, baseados na memória.
Dois pesquisadores no Canadá – a psicóloga Joan Durrant, da Universidade de Manitoba, e o assistente social Ron Ensom, do Hospital Infantil de Eastern Ontario- analisaram 20 anos dessas pesquisas, incluindo uma metanálise com mais de 36 mil participantes. A conclusão de Durrant e Enson:“Nenhum estudo mostrou que a punição física tem efeito positivo, e a maior parte dos estudos encontrou efeitos negativos”.
Mas será que isso vale para todo o planeta ou só para as sociedades mais tolerantes do Ocidente? Haveria o mesmo efeito em sociedades acostumadas a níveis altos de agressão no cotidiano, como a violência urbana do Brasil?
“Há uma suposição de que quanto mais comum é uma experiência, menor é o impacto nos membros do grupo que a experimentam. A pesquisa sugere uma resposta a essa questão. Crianças brancas, negras e hispânicas nos EUA, apesar de diferenças na prevalência do uso de castigo corporal, compartilham os mesmos riscos do seu uso”, disse Ensom à Folha.
QUEM APANHA MAIS

Os melhores estudos sobre a “prevalência da palmada” foram feitos nos EUA. Conhecendo os adolescentes, poderia se esperar que eles seriam os alvos mais naturais. Mas são as crianças menores que mais sofrem castigo. “Nos EUA, quase todas as crianças da pré-escola levaram palmada. Provavelmente porque são ativas e inquisitivas e têm compreensão limitada de perigo ou das necessidades dos outros”, diz Ensom.

Certo, qual a opção, então, ao tapinha “corretivo”? Os pesquisadores falam em “disciplina positiva”. A autoridade dos pais continua existindo, mas sem violência.
“A disciplina positiva ensina pacientemente em vez de punir arbitrariamente. Se você espera que uma criança arrume seus brinquedos e ela foi lembrada de fazê-lo, mas mantém a TV ligada em vez disso, é razoável que os pais digam: ‘Sem TV até você arrumar seu quarto’”, exemplifica o pesquisador.
Bater em uma criança só a ensina a usar agressão, segundo outro pesquisador do tema, George Holden, da Universidade Metodista do Sul, de Dallas, Texas, sul dos EUA. “Existe um debate sobre o fato de crianças serem menos afetadas pelo castigo se essa for uma prática aceita na sociedade em que ela está. Estudos descobriram que a frequência cultural do castigo é um ‘moderador’ dos efeitos”, disse Holden à Folha.
Segundo Holden, que no ano passado coordenou uma conferência para promover o fim do castigo corporal, as palmadas são mais frequentes de dois a cinco anos.
“Alguns pais batem em crianças mais velhas, talvez 10%, e alguns continuam a usar o castigo corporal em adolescentes”, diz ele. O brasileiro apanhou muito quando era criança ou adolescente, mas os americanos apanharam mais.

Pesquisa de 2010 com 4.025 pessoas com mais de 16 anos em 11 capitais do país revelou que 70,5% sofreram alguma forma de castigo físico quando jovens. Já nos EUA, a porcentagem passa dos 90% -e fica em torno dos 10% na Suécia, segundo o cientista social Renato Alves, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
“É difícil fazer pesquisa com criança”, diz Alves. Ainda mais porque os pais estão junto e eles podem estar castigando os filhos.
O tema afeta a delicada área dos direitos individuais e da intromissão do Estado na vida privada. Como demonstraram os debates no ano passado sobre a Lei da Palmada – projeto de lei para proibir castigos físicos em crianças e adolescentes, em tramitação no Congresso.
Há pais que defendem o direito de disciplinarem suas crias da maneira que bem entenderem. Mas defensores dos direitos humanos sustentam que eles “começam em casa”. E, claro, há o fato de o Brasil ser signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
Mas Alves diz que há pouca chance de a Lei da Palmada vingar. Ele nota a ironia: um adulto bater em outro é crime, mas um adulto bater na sua criança não é.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo acaba de lançar o Manual de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência. Na publicação, que será distribuída a profissionais, a entidade afirma que a violência doméstica começa com a palmada.
CHINELO E PAU


Dos brasileiros que afirmaram ter apanhado, a maioria -42%- afirmou ter apanhado pouco; só 11,4% levavam tapa “quase todos os dias”. O mais comum era levar palmada (40,1%), apanhar de chinelo (54,4%) ou de cinto (47,3%); só uma minoria corria riscos maiores ao apanharem de pau ou objetos semelhantes (12,2%). Claro, os percentuais passam de 100% porque os pais variavam a forma de castigar os rebentos…

Fonte: Folha de S. Paulo. Edição: F.C.10.04.2012. IN: Rede não bate eduque. 2012. Disponível em:<http://www.naobataeduque.org.br/conheca-a-rede/palmada-nao-educa-conclui-analise-de-20-anos-de-pesquisas>. Publicado em: 18 abr. 2012. Acesso em: 27 jul. 2012.

25 de jul. de 2012

A VIOLÊNCIA FAMILIAR CONTRA A CRIANÇA É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM TODO O MUNDO.


O estudo mostra a prevalência e característica da violência familiar contra crianças adscritas ao Programa Médico de Família de Niterói/RJ.
93,9% das crianças de 0 a 9 anos sofrem punição corporal, 51,4% maus-tratos físicos, 19,8% maus-tratos graves e 96,7% agressão psicológica.
A boa notícia é que 99,6% já tentam métodos de disciplina não violenta. Nosso desafio é divulgar e mostrar para a sociedade brasileira que esse é o método educativo que dá resultados positivos e garante à integridade física e psicológica das crianças contribuindo para seu pleno desenvolvimento como ser humano e como cidadão.
Vejam um resumo da pesquisa no link abaixo.
Fonte: Rede não bata eduque. 2012. Disponível em:<http://www.naobataeduque.org.br/>.acesso em: 25 jul. 2012


O mundo esta nas mãos daqueles
que tem coragem de sonhar
e correr o risco de viver seus sonhos!

24 de jul. de 2012

TV Serra Dourada discute práticas violentas na educação das crianças.





Esclarecimento:
Na reportagem a psicóloga Cida Alves apresenta dados oriundos do Sistema Nacional Informação do SUS (SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE e SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES) divulgados em públicações do Ministério da Saúde.

Fonte: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. 2012. Vídeo postado em 03 jan. 2011.

Manual de Ação: Erradicação dos Castigos Físicos e Humilhantes



Barriga coração
Pesquisadores, militantes dos direitos humanos de crianças e adolescentes, pais, professores e demais interessados acessem o texto completo do Manual de Ação: Erradicação dos Castigos Físicos e Humilhantes AQUI.

Apresentação

A idéia de que a criança é uma versão reduzida de um adulto, com direitos igualmente reduzidos, foi abandonada pela sociedade. A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) é um dos marcos na superação dessa concepção redutora da criança e expõe claramente os direitos das crianças. Como qualquer outro ser humano, as crianças devem ter seus direitos humanos totalmente respeitados.

Apesar das conquistas da Convenção, muitas crianças raramente gozam da mesma proteção dos adultos. O castigo físico e humilhante é, infelizmente, um problema silencioso que continua a cruzar fronteiras de muitos contextos culturais, econômicos e sociais no mundo todo. Apesar da clara desaprovação internacional por meio de órgãos como o Comitê dos Direitos da Criança e Cortes de Direitos Humanos, a defesa da chamada “punição razoável” continua sendo aceita, em alguns casos, até mesmo pela legislação nacional. Essas idéias não apenas contrariam os princípios dos direitos humanos e da CDC, como ainda abrem um perigoso precedente para outras formas de violência doméstica, na escola e em outras instituições, além de tornar o limite entre violência moderada e não-moderada
extremamente nebuloso e vulnerável a interpretações subjetivas. Estamos atrasados na tarefa de superar essa noção perigosa.

Em 2003, tive a honra de ser indicado pelo Secretário-Geral da ONU para coordenar um estudo global sobre violência contra a criança. A solicitação para o estudo é uma conseqüência das deliberações do Comitê dos Direitos da Criança que, após avaliar o problema em dias gerais de discussão, decidiu recomendar o desenvolvimento de um estudo internacional profundo que levasse ao desenvolvimento de estratégias visando impedir e combater efetivamente todas as formas de violência contra a criança. Desde então, esse estudo trabalha para consolidar as informações disponíveis sobre diferentes formas de violência contra a criança em diferentes cenários, onde quer que ela possa ocorrer. O castigo físico e humilhante é uma de nossas preocupações mais evidentes. As próprias crianças, ao participar de consultas iniciais ligadas ao estudo, enfatizaram repetidamente que este é um problema fundamental para elas.

Sabemos que é difícil mudar as práticas de castigo físico e humilhante, e que essas mudanças passam por questões muito delicadas e pessoais, como a paternidade/maternidade e a educação. O castigo físico e humilhante é, ainda, enraizado na tradição e tem um longo histórico na maioria dos países.

Na verdade, sabemos que a maioria das crianças e adultos no mundo hoje o sofreu, e a maioria das pessoas diria que preferiria ter sido poupada da experiência.

Para mudarmos essa realidade, é muito importante entendermos totalmente o contexto em que as várias formas de castigo físico e humilhante ocorrem e as melhores estratégias para combatê-lo. Mas é necessária uma ação urgente. Este Manual de Ação é uma contribuição muito apropriada. Ele visa fornecer a todos uma
ampla variedade de excelentes ferramentas para implementar esse processo de mudança, levando em consideração as várias faces diferentes que o castigo físico e humilhante assume. O Manual é extremamente útil, já que ele não somente explica por que as pessoas não deveriam bater nas crianças, mas ainda dá exemplos excelentes de por que essa prática é absolutamente desnecessária, indicando estratégias para substituí-la. As próprias crianças são, naturalmente, o grupo mais interessado na mudança e contribuíram, claro, para o Manual, do mesmo modo que terão um papel importante na promoção da mudança.

Com certeza, há muito a ser feito. Mas nada pode justificar a inação para lidar com esse problema sério quando já existe tanta informação sobre como evitar o castigo físico e humilhante contra as crianças.

Não espere mais, leia este Manual de Ação da
Save the Children e transforme-o em realidade!
Prof. Paulo Sérgio Pinheiro

Especialista Independente para o Estudo da ONU sobre Violência contra a Criança

Genebra, 2005

Fonte: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. 2012.


23 de jul. de 2012

Jovens denunciam superlotação e até tortura em unidades de internação


Dos 58.764 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Brasil, 62,8% cometeram delitos 



No fundo de uma cela, um jovem compõe o rap da prisão. “Perdi a adolescência e a juventude no sistema, não aguento mais ouvir o barulho de algema”. 

Como funciona o sistema criado para reeducar adolescentes em conflito com a lei? 

“Isso aqui era pra ser uma recuperação pra pessoa, né? A gente sai pior do que entra”, diz um jovem. 

Denúncias de tortura. “Pisa nos pés, bate nos pés. Deixa só de cueca. Bota a gente dentro de um cubículo, passar dois dias”, revelou outro. 

Ambientes imundos. Superlotação. “Aqui não é lugar para ser humano não. É lugar pra bicho”, afirma um menino. 

Dos 58.764 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Brasil, 18.107 estão internados em unidades como essas. A maioria absoluta, 62,8 %, cometeu delitos contra o patrimônio: roubos ou furtos. “Eu furtei um litro de uísque”, conta um jovem. 

O envolvimento com o tráfico chega a 30%. Entre os delitos contra a pessoa, os assassinatos são 4,1% do total. 

“Esses adolescentes estão aqui porque devem estar aqui. O que a sociedade tem que entender é que esse adolescente será devolvido para a sociedade, deve ser reintegrado e socioeducado em muito melhores condições do que entrarem aqui”, diz o promotor de Justiça Júlio Almeida. 

A lei diz que o estado deve proteger, recuperar e ressocializar esses jovens. 

O Fantástico visitou unidades de internação onde isso deveria acontecer, começando pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul. A unidade é a porta de entrada do sistema em Porto Alegre. Se o adolescente comete o seu primeiro ato infracional grave é para lá que ele é levado. A lei diz que ele teria direito a ficar sozinho em um dormitório de nove metros quadrados com banheiro.

Como em um presídio, há grades separando as alas. Onde seriam os dormitórios, na verdade, são celas e nenhum deles tem banheiro. 

Canellas - Tem banheiro aí? 
Menino - Não! 

O material de higiene é racionado. O banho é coletivo. Com capacidade para 60 pessoas, a unidade tem hoje 154 internos. 

Canellas - Quantos garotos tem aí dentro? 
Menino - Cinco! E ainda vão ter seis nesse quarto, como é que a gente vai dormir aqui? 

Os corredores são escuros, as paredes úmidas e mofadas. 

Canellas - Faz frio à noite aqui? 
Menino - Tem um dormindo na pedra ali, colchão dobrado porque não tem espaço, como é que vai caber cinco ali? 

Canellas - Vocês estão em quatro aqui? 
Menino - Cinco. O outro está na escola. 
Canellas - A janela não abre? Não abre e não fecha, né? 

Nenhuma das celas tem a medida exigida por lei. 

Canellas - Essa cela não tem nove metros quadrados? 
Promotor - Não. Essa cela tem 7 metros e 40 centímetros quadrados. 

Encontramos um jovem com sinais de espancamento. 

Canellas - Esse olho o que foi? 
Menino - Foi polícia. 

O adolescente entrou na unidade sem ter feito exame de corpo de delito. 

“O guri entra no sistema e ele tem que vir pra cá já constatada a lesão, pra evitar que tenha alguma suspeita que tenha sido aqui dentro”, explica o promotor. 

As refeições são feitas dentro das celas porque o refeitório foi interditado por falta de higiene. 

“Nós tínhamos problemas com os banheiros, e o problema terminava refletindo no refeitório porque tinha problema de infiltração, enfim, mas que está sendo resolvido isso aí”, afirma Joelza Andrade Pires, presidente da Fund. Antendimento Socioeducativo/RS. 

Canellas - Eles se queixam muito do frio, né? O inverno do Rio Grande do Sul não é brincadeira, e as janelas estão trancadas. 

Promotor - Estão trancadas. Isso é objeto de um acordo onde, em 180 dias, essa unidade deverá estar integralmente reformada. 

O governo do estado acena com a construção de quatro novas unidades. A Secretaria de Justiça afirma que as obras começam ainda em 2012. 

O Fantástico entrou também na Unidade de Atendimento Inicial de Vitória. Os garotos dormem amontoados, muitos ao lado de banheiros entupidos. “Nós parece (sic) que vive no chiqueiro”, diz o menino. 

O Brasil é réu na Corte Interamericana de Direitos Humanos por não garantir a integridade dos adolescentes sob a tutela do estado do Espírito Santo. 

Em fotos tiradas em abril deste ano, jovens aparecem dormindo algemados. Em celas infestadas de mosquitos, os internos queimam a espuma do colchão para espantar os insetos. 

“Sai fumaça e espanta os mosquitos”, diz o menino. Na unidade feminina, em Cariacica, encontramos adolescentes que estão há meses em celas escuras e cheias de infiltração. 

Canellas - Você está grávida? 
Menina - Estou. 
Canellas - Quantos meses? 
Menina - Cinco. 

O governo do Espírito Santo informou, em nota, que as duas unidades mostradas na reportagem, a masculina e a feminina, serão desativadas. Disse ainda que a denúncia na Corte Interamericana reflete uma situação antiga, de 2009. 

No Centro de Atendimento ao Menor de Aracaju, há jovens encarcerados em solitárias. 

“Tem dois meninos que a ordem foi não misturar com nenhum”, diz um homem. 

Encontramos um jovem em uma cela sem banheiro. 
Canellas - Quanto tempo você está nessa cela? 
Menino - Rapaz, já tem 40 dias. 

Depois do almoço, ele usa o prato da quentinha como privada. E passa dias a fio dobrando papéis que não serão usados para nada. Tarefa inútil que lhe foi imposta apenas para que ele tenha o que fazer. 

O governo de Sergipe diz que a orientação é para que os internos sejam tratados com dignidade e que o não cumprimento desta rotina será apurado por sindicância. 

No Instituto Padre Severino, no Rio de Janeiro, ouvimos denúncias de tortura e espancamento. 

“Quando eles bota (sic) pra esculachar, bota todo mundo ali no quadrado, manda todo mundo sair pelado, bate na cara”, dizem os meninos. 

O Departamento de Ações Socioeducativas do estado do Rio diz que as denúncias serão apuradas. E que as unidades têm câmeras de vídeo que filmariam as agressões se elas tivessem ocorrido. 

Em Porto Velho, no Centro Socioeducativo 2, um desabafo na parede: "Só a morte pode me libertar". 

Os internos têm de se empoleirar para escovar os dentes, aproveitando o único fio de água que escorre pela janela. 

A descarga do banheiro é o funcionário que dá no lado de fora. A instalação elétrica é repleta de gambiarras. 

Em nota, a Secretaria de Justiça de Rondônia diz que está fazendo reformas e adaptações para melhorar a ventilação. Além de reparos nas estruturas hidráulica e elétrica. 

A qualidade da comida também gera violentas reclamações aos funcionários. 

Conflitos entre internos e agentes podem acabar em rebelião. Como a de fevereiro de 2011, no Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, em Minas. Imagens inéditas, que o Fantástico mostra em primeira mão. 

O que determina o comportamento desses jovens? Se há um traço comum entre os internos é a desestruturação da família. 

Canellas - Sua mãe está presa, né? 
Menino - Está presa. 
Canellas - E você tem contato com ela? 
Menino - Não. Eu morei com a minha mãe só até os 2 anos. 
Canellas - E o seu pai vem te visitar? 
Menino - Não. 

O pai o espancava, por isso, ele fugiu de casa. “Para mim ter (sic) um prato de comida pra comer e um teto pra morar eu comecei a vender uma droga para os outros pra poder sobreviver, com 11 anos”, diz o menino. 

Vivendo nas ruas de Porto Alegre, sem frequentar a escola, ele foi flagrado três vezes vendendo drogas em bocas de fumo. 

“Muita gente acredita que um menino como você, de 17 anos, que passou aqui pela terceira vez não tem mais solução. Você sabe que tem gente que acha isso né?”, pergunta Canellas. 

“Eu acho que isso aí de não ter mais solução é uma palavra muito forte, porque se eu quero mudar eu vou mudar. Se eu botar na minha cabeça que eu vou mudar, eu quero, eu posso e eu vou. Qualquer oportunidade eu iria agarrar, porque é uma oportunidade, e eu não posso desperdiçar, é uma oportunidade pra largar o crime de mão”, diz o menino. 

Geração de oportunidades é o que propõe o Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. Para a organização, a ênfase na educação e na oferta de caminhos para mudar de vida é a chave da recuperação dos jovens em conflito com a lei. 

“Por mais óbvio que pareça que se aquela criança for tratada de forma indigna ela tende a se revoltar e vai ser pior para a sociedade, isso não fica claro na compreensão das pessoas. O sentimento é irracional: ele é um monstro, eu quero que ele se afaste de mim, eu quero que ele se afaste do mundo social e, no limite, eu quero que ele seja eliminado”, diz Jaílson de Souza e Silva, geógrafo do observatório de favelas. 

Michelle Félix correu o risco de ser eliminada. Hoje quer mudar o mundo.
Canellas - Como é que se muda o mundo? 
Michelle - Eu acho que fazendo a diferença. Na atitude, no pensamento, na opinião. 

Ela ficou internada por mais de um ano por envolvimento com o tráfico. Mas um projeto do Degase, o órgão responsável pela aplicação de medidas socioeducativas no Rio de Janeiro, a transformou em apresentadora. “Participei da primeira turma da TV Novo Degase. É a primeira TV socioeducativa do mundo”, conta. 

Ela foi até para Brasília entrevistar políticos. “E a TV Novo Degase é uma janela das grades para sociedade”, explica. 

E aprendeu a ter olhar crítico sobre o mundo. “Será que Brasília tem comunidade? Favela?”, questionou. Como aprendiz de repórter, descobriu as contradições da vida. “Estamos no outro lado de Brasília, um lado sem vigilância, sem moradia, sem saúde, sem saneamento básico”. 

E usou os ensinamentos da TV Novo Degase para se convencer de que podia mudar. “A gente é prova disso. A gente passou pelo sistema, e hoje a gente está aí trabalhando e ganhando dinheiro com isso. Por que não pode?”, questiona Michelle. 

Ninguém mais do que o ex-interno Murilo Barcellos sabe o quanto um jovem pode mudar. “Comecei a me perder na rua com as amizades”, conta. Ele tinha 17 anos quando tramou um assalto. Só que a vítima era um experiente policial da PM gaúcha, Antônio Brasil, que reagiu dando três tiros na perna rapaz. 

“Ele pegou, me virou, e não sei o que ele olhou nos meus olhos, botou a arma na minha boca, foi para me matar eu acho, não sei o que falaram na cabeça dele, eu sei que fechei os olhos, pensei na minha mãe, e não, não foi”, conta Murilo. 

Murilo ficou oito meses cumprindo medida socioeducativa. “Uma lição de vida. Eu achei uma lição”, diz Murilo. 

Mas ele nunca imaginou que ficaria frente a frente com o policial que poupou a sua vida. Foi durante a audiência do projeto de Justiça Restaurativa em que a vítima, o autor do delito e as duas famílias se reúnem para falar sobre o episódio. Na época, Murilo ainda era interno, por isso ninguém é identificado no vídeo da Justiça gaúcha. 

“Eu peço desculpas para ele na frente de todo mundo, da família dele que está aqui na frente agora”, diz Murilo. 

“Não existe a mínima mágoa. Eu gostaria muito que o teu pai e a tua avó, até a tua madrasta, olhassem pra ti com orgulho, que nem eu olho pro meu filho”, afirma o ex-policial. 

Salete dos Santos, a avó de Murilo, contou o que disse para o policial no dia da audiência: “Moço, meu neto é gente boa, ele nunca fez essas coisas”, revela a avô. 

“A sinceridade estava explícita nos olhos dela, o que ela queria em relação ao neto. A gente aprende a ter carinho pelas pessoas, pelos gestos”, conta Antônio Carlos Brasil Conceição, ex-policial. 

A audiência provocou uma revolução na vida de Murilo. “Acho que a minha vida tem antes daquilo e depois daquilo. Para mim, ele foi um anjo da guarda. Se não tivesse acontecido aquilo comigo, eu podia estar pior”, diz Murilo. 

As duas famílias ficaram amigas. Brasil tornou-se um conselheiro frequente. E Murilo, hoje com 23 anos, prospera à frente de uma pequena empresa de transportes de carga. “Eu penso grande”, diz o jovem. 

Canellas - Está ganhando dinheiro? 
Murilo - Olha, dá pra viver. 
Canellas - É um empresário? 
Murilo - Microempresário. 

O que dizer quando se tem o futuro a construir? “Só alegria agora”, garante a avó de Murilo.