28 de out. de 2013

Violência no namoro: pesquisa aponta que a agressão parte dos dois lados.



“Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entende.
[…] Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor”.
Legião Urbana

 

Três em cada quatro jovens relatam casos de agressão no namoro


Estudo da Universidade de São Paulo (USP) revela que 75% dos jovens já sofreram algum tipo de violência durante o relacionamento. A violência física entre os casais vem sempre depois de várias agressões psicológicas, que já começam no namoro.
A pesquisa ouviu 362 jovens, todos com mais de 18 anos, universitários e namorando. As mulheres sofrem mais do que os homens, que são mais violentos. As mulheres também são as que sofrem mais violência psicológica e sexual.

“Esses tipos de atos, um empurrão, um beliscão ou um ato de ciúme exagerado, são vistos como sinal de amor. Então, o próprio jovem não reconhece isso como violência”, explica a psicóloga e coordenadora da pesquisa, Tânia Aldrighi Flake.

O que também chamou a atenção dos pesquisadores foi o alto índice de violência psicológica: 67%. Segundo eles, a violência psicológica antecede a violência física. Os insultos e xingamentos vão se tornando cada vez mais graves, até que não funcionam mais e a agressão passa a ser corporal.

Segundo Tânia, a maioria das cenas de violência acontece em um lugar público e essa violência que começa no namoro aumenta no casamento. “Na conjugalidade, essa violência acontece no espaço da intimidade: no espaço da casa, do casal. Agora, esses jovens estão agredindo na frente dos amigos ou na escola. Então, as pessoas estão vendo”, alerta.
Veja reportagem completa AQUI


ATENÇÃO MENINAS E MENINOS!
Não acreditem nessa conversa fiada: ciúmes exagerados, necessidade de controle, invasão de privacidade, humilhações e violências físicas não são sinais de amor.
Interdite a violência logo no começo, não te ama quem te machuca ou te humilha!


Fonte: Jornal Hoje - Edição do dia 25/10/2013. In: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. Disponível em: http://toleranciaecontentamento.blogspot.com.br/>. Acesso em: 28 out. 2013. 

24 de out. de 2013

Carta de Solidariedade a Fran


lila_flowers
CABEÇA ERGUIDA FRAN!

Senti uma profunda comoção ao ler hoje (24 de outubro) no jornal “O popular”  o seu depoimento. Nele descobri que tem por costume ler todas as mensagens a seu respeito. Por isso fiz essa postagem!

Querida e linda menina, saiba que sou solidária a seu sofrimento. Imagino a sua dor e todas as dificuldades que tem enfrentando ante ao preconceito e ao moralismo vigente em nossa sociedade. Mas lhe peço, mesmo ante toda a dor que sente, que guarde em seu precioso coração uma certeza, você não tem nenhuma culpa nessa história. É seu direito a livre expressão de sua sexualidade! E sexo não tem nada a ver com violência. Nele se exige a construção de um vínculo de confiança, respeito, entrega sincera e cumplicidade. Se alguém rompe esses valores é por que é um GRANDE MAU CARÁTER.

Um forte abraço e conte comigo!

Dedico a você a canção “DIGNIFICADA” de Lila Downs.
Dignificada

Hay en la noche un grito,
Y se escucha lejano.
Cuentan al sur,
Es la voz del silencio.
En este armario hay un gato encerrado,
Porque una mujer,
Porque una mujer,
Defendió su derecho.

De la montaña se escucha la voz de un rayo,
Es el relámpago claro de la verdad.
En esta vida santa que nadie perdona nada,
Pero si una mujer, pero si una mujer,
Pelea por su dignidad.

Ay, morena,
Morenita mía,
No te olvidaré.

Ay, morena,
Morenita mía,
No te olvidaré.

Que me doy mi lugar porque yo soy mujer,
Y todo lo que me pasa no me lo puedo creer,
Canto tú y la mentira y los cholos me ven,
Si lo quiero o no quiero es mi gusto querer.
De tu carne a mi carne, dame un taco de res,
Los prefiero y los quiero al que me dé de comer,
Ya probé el que es ajeno, es el pan que no quiero,
Que la voluntad del cielo me mande al primero,
Que me quiera como soy, a ese sí que no lo quiero.
A ese sí que no quiero
A ese sí que no quiero.

Te seguí los pasos, niña,
Hasta llegar a la montaña,
Y seguí la ruta de Dios,
Que las animas acompañan.

Te seguí los pasos, niña,
Hasta llegar a la montaña,
Y seguí la ruta de Dios,
Que las animas acompañan.

Hay en la noche un grito,
Y se escucha lejano.
Cuentan al sur,
Es la voz del silencio.

En este armario hay un gato encerrado,
Porque una mujer,
Porque una mujer,
Defendió su derecho.

De la montaña se escucha la voz de un rayo,
Es el relámpago claro de la verdad.
En esta vida santa que nadie perdona nada,
Pero si una mujer, pero si una mujer,
Pelea por su dignidad.

Ay, morena,
Morenita mía,
No te olvidaré.

Digno

À noite , há um grito
Ela pode ser ouvida longe
No sul é dito
Essa é a voz do silêncio .
Neste armário há um gato fechado, *
Porque uma mulher,
Porque uma mulher,
Lutaram por seus direitos

A voz de um raio pode ser ouvido a partir da montanha
É a verdade, clara como um relâmpago
Nesta vida abençoada onde ninguém perdoa nada
Mas uma mulher faz, mas uma mulher faz
Ela luta por sua dignidade

Ay! moreno
Pouco moreno da mina
Eu não vou te esquecer

Eu me dou o respeito que merecem , porque eu sou uma mulher
Eu não posso acreditar em tudo o que acontece comigo
Então você , falsidade, e " cholos " ** olha para mim
Se eu o amo, ou se eu não fizer isso, em última análise , cabe a me amar
Desde a sua pele na minha pele , dá-me um taco de carne
Eu prefiro -los e, portanto , eu amo ele que me alimenta
Eu já provei o que pertence a outra pessoa , que é o pão Eu não quero
Que os céus me enviar o primeiro
Quem gosta de mim do jeito que sou , que um eu te amo
Aquele que eu faço amor
Essa eu não

Eu segui os seus passos , menina,
Até que chegamos na montanha
E eu segui a trilha de Deus
O que as almas andar  (Tradução, Jorge Sousa)



Fonte: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. 2013. Disponível em: http://toleranciaecontentamento.blogspot.com.br. Acesso em: 24 out. 2013.

19 de out. de 2013

Violência na escola


A violência na escola é um problema que se agrava a cada dia, nos noticiários seguidamente se ouve sobre tragédias nas escolas. A falta de participação dos pais e comunidade no âmbito escolar é o principal fator para que a violência continue presente.
Recentemente chamada de bullying (palavra de origem inglesa que significa intimidação), a violência na escola é um problema que vem tomando força a cada dia e despertando a sociedade para a realidade vivida por milhares de jovens em idade escolar. Não é novidade que existem desentendimentos entre crianças e adolescentes por motivos variados, e cada fase do desenvolvimento da personalidade humana tem suas particularidades, muitas vezes o jovem tenta impor suas ideias a frente de outro para tentar integrar algum grupo social, sendo violento com o colega, criticando, ameaçando e até mesmo batendo, em vez de discutir racionalmente as diferenças entre ambos.
Alguns fatores agravam este quadro, por exemplos a baixa autoestima, o uso de drogas, jogos violentos, a falta de perspectivas para o futuro e a violência doméstica. A ação destes jovens é o resultado do distanciamento dos pais e comunidade da escola, de uma educação sem limites e respeito ao próximo, revoltado com sua realidade o jovem é violento para se reafirmar, para isto escolhe uma vítima fácil, de preferência tímida e diferente do agressor. Esta violência ou ameaça de violência é uma das principais causas de perda de concentração em sala de aula, aumento de sensação de medo, perda de interesse na escola e evasão escolar.
Vítima e agressor saem perdendo porque violência gera violência, como em um círculo vicioso, um jovem que sofreu violência no passado possivelmente irá repetir a violência que sofreu com outro colega.
A violência invade o limite de respeito ao próximo, agride a integridade física e/ou psicológica das pessoas, e a escola sendo um local acolhedor e propício para experiências ricas e que contribuam para o crescimento pessoal de cidadãos, deve planejar métodos para erradicar a violência na escola. Para que isso seja possível se faz necessária a participação de todos os segmentos da comunidade escolar, pais, alunos, associação de pais e mestres, conselheiros tutelares, professores e funcionários das escolas. Campanhas de conscientização com a participação de todos os sujeitos da comunidade, são eficazes na luta contra a violência, também uma conversa franca com os alunos e pais sobre o tema violência na escola pode gerar um debate para aguçar o olhar dos educadores em sala de aula.

REFERÊNCIAS:

Publicação: “Seminário Violência no Ambiente Escolar – Ações concretas na busca de soluções” de 9 de agosto de 2002, UNISC – Santa Cruz do Sul
Vídeo: PSICOLOGIA SOCIAL: MOTIVOS QUE LEVAM À VIOLÊNCIAhttp://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=860

MENEZES, Luis Carlos de - A violência, a escola e você

 http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/conteudo_246452.shtml

Autora: Camila Tissot Vieira. Acadêmica do Curso de Licenciatura a Distância - UFPel.

17 de out. de 2013

Prostituição Infantil: uma violência contra a criança

A prostituição infantil trata-se da exploração sexual de uma criança a qual, por vários motivos, torna-se fragilizada. Segundo a UNICEF, cerca de 250 mil crianças estão prostituídas no Brasil.



    A prostituição infantil trata-se da exploração sexual de uma criança a qual, por vários motivos, torna-se fragilizada
    A prostituição infantil trata-se da exploração sexual de uma criança a qual, por vários motivos, torna-se fragilizad








    Um dos temas mais constrangedores ao Brasil, não apenas à própria sociedade brasileira, como no âmbito internacional, é a existência da chamada prostituição infantil. A despeito de todos os esforços do Estado no enfrentamento deste problema, há a permanência de uma realidade hostil para muitas crianças – principalmente meninas – nas regiões mais pobres do país: segundo a UNICEF, em dados de 2010, cerca de 250 mil crianças estão prostituídas no Brasil.

    Um dos temas mais constrangedores ao Brasil, não apenas à própria sociedade brasileira, como no âmbito internacional, é a existência da chamada
     prostituição infantil. A despeito de todos os esforços do Estado no enfrentamento deste problema, há a permanência de uma realidade hostil para muitas crianças – principalmente meninas – nas regiões mais pobres do país: segundo a UNICEF, em dados de 2010, cerca de 250 mil crianças estão prostituídas no Brasil.
    De forma geral, a prostituição infantil trata-se da exploração sexual de uma criança a qual, por vários fatores, como situação de pobreza ou falta de assistência social e psicológica, torna-se fragilizada. Dessa forma, tornam-se vítimas do aliciamento por adultos que abusam de menores, os quais ora buscam o sexo fácil e barato, ora tentam lucrar corrompendo os menores e conduzindo-os ao mercado da prostituição.

    Os aspectos facilitadores desta condição na qual se vê destruída a infância desconsideram os direitos e a necessidade de proteção da criança. Para além das possíveis vulnerabilidades decorrentes da situação socioeconômica - se não a principal causa, certamente uma das mais importantes – estão outros aspectos como o próprio gênero da criança, fato que explicaria uma maior vulnerabilidade das meninas, tão expostas à violência contra a mulher até mesmo no ambiente familiar. Isso sugere que são aspectos importantes para a compreensão da violência contra a criança e outros para além daqueles ligados apenas às questões de pobreza. A questão de gênero estaria intrínseca a um modelo sociocultural que, por vezes, como no caso brasileiro, pode reproduzir uma naturalização da discriminação contra a mulher (fruto de valores machistas), vista como objeto destituído de valor, de consciência e liberdade.

    Assim, não se deve associar a prostituição infantil apenas à condição de pobreza da criança, mas sim considerar as particularidades de sua manifestação. Também para além da pobreza, o desenvolvimento de vícios por drogas conduzem essas crianças a uma situação deplorável e de extrema necessidade de cuidados especiais. Para atenderem às imposições da dependência química que as dominam, vendem seus corpos para conseguirem algum dinheiro para a compra de drogas (ou mesmo aceitam fazer programas tendo como pagamento a própria droga).
    Outro complicador desta questão é o chamado turismo sexual, o qual consiste na chegada de vários estrangeiros a regiões como o Nordeste brasileiro em busca de sexo. Meninas pobres, moradoras das regiões periféricas e precárias ao redor dos grandes centros ocupam as principais ruas e avenidas para se oferecerem como mercadoria barata neste mercado do sexo que se estabelece em endereços turísticos por todo o Brasil, principalmente nas praias nordestinas.

    Se por um lado a prostituição ainda faz parte da realidade brasileira, é importante destacar alguns avanços nesta luta. No Brasil, em 2000, institui-se o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil, assim como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil, comemorado em 18 de maio, dia em que uma menina de 8 anos foi abusada e morta em 1973 no Estado do Espírito Santo causando indignação nacional. Segundo o Governo Federal, este Plano Nacional de Enfrentamento está dividido em seis eixos estratégicos, sendo eles: Análise da Situação, Mobilização e Articulação, Defesa e Responsabilização, Atendimento, Prevenção e Protagonismo Infanto-Juvenil. A coordenação deste Plano fica a cargo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), assim como dos Conselhos de Direitos Estaduais e Municipais de cada região. Além destas instituições, outras esferas de acompanhamento e controle foram criadas, além de Varas Criminais especializadas em crimes contra crianças e adolescentes. Ainda segundo o governo federal, em 2008 foram reunidas mais de 3.500 pessoas de várias nacionalidades no III Congresso de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no Rio de Janeiro, fato que marca uma sensibilidade internacional com esta realidade que afronta os Direitos Humanos.

    Segundo o site da UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, este órgão adotou em meados de 2000 o Protocolo Facultativo para a Convenção sobre os Direitos da Criança, que trata da venda de crianças, prostituição e pornografia infantis. Vários países aderiram, a exemplo do governo brasileiro que promulgou tal protocolo em 2004. Este documento não apenas evidencia uma preocupação internacional, mas sinaliza a tentativa da criação de mecanismos para esforço mútuo contra essas terríveis formas de violência e exploração contra a criança. Ao longo do texto que introduz os pontos deste protocolo, a UNICEF aponta haver a concordância entre os países de que “a eliminação da venda de crianças, prostituição e pornografia infantis será facilitada pela adoção de uma abordagem global que leve em conta os fatores que contribuem para a existência de tais fenômenos, particularmente o subdesenvolvimento, a pobreza, as desigualdades econômicas, a iniquidade da estrutura socioeconômica, a disfunção familiar, a falta de educação, o êxodo rural...” (UNICEF, 2011, s/p).

    Isso mostra que o posicionamento mais efetivo do Estado com relação a este problema não apenas se faz urgente, como também possui de fato certa complexidade. Não se trataria apenas de coibir a ação de aliciadores ou de uma clientela em potencial deste tipo de prostituição, mas fundamentalmente pensar o cuidado com o menor e o adolescente nas mais diversas esferas: da saúde, passando pela educação, bem como na criação de oportunidades claras de inclusão social. Requer a necessidade de apoio e orientação psicológica às crianças nesta condição, seja para aquelas que realmente estão em condição de rua, seja para aquelas que a despeito de terem família estão em um ambiente impróprio para sua infância e formação enquanto indivíduo (haja vista a exploração promovida em muitos casos pelos próprios pais).

     Em suma, cabe ao Estado zelar pelo bem-estar da criança e do adolescente, em especial por aqueles em maior situação de vulnerabilidade social. Porém, tal vulnerabilidade seria promovida não apenas pelo desprovimento de recursos, mas também pela naturalização cultural da discriminação, como no caso das meninas vistas como meros objetos. Logo, é preciso refletir não apenas sobre o papel do Estado, mas sobre o da própria sociedade, sobre seus valores e sua capacidade de percepção sobre a real natureza da lógica da violência contra a criança.

    Paulo Silvino Ribeiro
    Colaborador Brasil Escola
    Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
    Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
    Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

    Disponível em: http://www.brasilescola.com/sociologia/prostituicao-infantil.htm. Acesso em: 17 out. 2013.

    15 de out. de 2013

    Violência Infantil

                   Nunca se falou tanto de violência contra crianças como na atualidade. Sera que a população abriu os olhos  agora? Sera que é uma consequência da realidade violenta que que vivemos? Seja como for, é um assunto que merece uma analise mais profunda e certamente deve interessar a todos.
           Dentre as outras formas de violência infantil estão a hostilidade verbal, negligencia, abandono físico e emocional, a rejeição, o desprezo, a critica excessiva e a ameaça de abandono.

         Tipos de Violência:
    • Hostilidade Verbal: São os gritos, xingamentos com palavras que ameaçam as crianças.
    • Negligência: O adulto responsável deixa de prover as necessidades básicas para o desenvolvimento físico ou psíquico da criança.
    • Desprezo: Este tipo de violência aparece quando o adulto deprecia qualquer tentativa da criança de tomar iniciativas, não dá valor às ideias e opiniões que o filho expresse e compara-o à outras crianças menosprezando-o sempre.
    • Abandono Físico e Emocional: O abandono físico se dá quando os pais que se ausentam por longos períodos, deixando os filhos aos cuidados de outras pessoas.A ameaça de abandono também é extremamente prejudicial à criança gerando nela muita insegurança e medo, e se dá quando os pais a querem castigar, dizendo que irão entregá-la à adoção, ou mandá-la embora se ela não agir de determinada maneira.
    • Rejeição: A criança passa a ser desprezada, seus atos sempre reprovados e demonstrações de carinho se tornam raros.A criança passa a se sentir um erro e se culpa por existir, e as atitudes dos pais intensificam este sentimento da criança.
    • A crítica excessiva: Ocorre quando tudo que q criança faz nunca estão bom o suficiente.Geralmente estas crianças são vítimas de pais excessivamente perfeccionistas e inseguros.
          " Educar uma criança é dar o continente seguro que ela precisa para crescer.A casa não pode ser uma ameaça.Criança precisa de limites, mas com compreensão, com diálogo e principalmente com exemplos.Nunca, mas nunca mesmo se deve bater em uma criança, é covardia! Pois se trata de um ser que não tem condições nem físicas, nem psicológicas de se defender.Toda forma de agressão, seja ela física ou psicológica mostra a desestruturação e fragilidade emocional destes adultos, que deveriam rever suas atitudes e sua vida."

                                                                                            ( Maria de Fátima H. Olivares)                   

    14 de out. de 2013

    Violência infantil: 62% dos casos não são notificados à Justiça


    Pesquisa da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal revelou que apenas 38% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes são denunciadas no mesmo dia. Na maioria das vezes, a denúncia é feita 1 ano depois do abuso. A demora dificulta a punição.




    Fonte: TV Brasil. Disponível em: 
    http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=211519&id_secao=29. Acesso em: 14 out. 2013.

    13 de out. de 2013

    Miopia Progressiva - Clarice Lispector

    Estimado(a) leitor(a),
    Para encantar o seu domingo deixo o belíssimo conto “Miopia Progressiva” de Clarisse Lispector - livro Felicidade Clandestina.
     Miopia Progressiva
    Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros. Às vezes o que ele dizia despertava de repente nos adultos um olhar satisfeito e astuto. Satisfeito, por guardarem em segredo o fato de acharem-no inteligente e não o mimarem; astuto, por participarem mais do que ele próprio daquilo que ele dissera. Assim, pois, quando era considerado inteligente, tinha ao mesmo tempo a inquieta sensação de inconsciência: alguma coisa lhe havia escapado. A chave de sua inteligência também lhe escapava. Pois às vezes, procurando imitar a si mesmo, dizia coisas que iriam certamente provocar de novo o rápido movimento no tabuleiro de damas, pois era esta a impressão de mecanismo automático que ele tinha dos membros de sua família: ao dizer alguma coisa inteligente, cada adulto olharia rapidamente o outro, com um sorriso claramente suprimido dos lábios, um sorriso apenas indicado com os olhos, "como nós sorriríamos agora, se não fôssemos bons educadores" - e, como numa quadrilha de dança de filme de faroeste, cada um teria de algum modo trocado de par e lugar. Em suma, eles se entendiam, os membros de sua família; e entendiam-se à sua custa. Fora de se entenderem à sua custa, desentendiam-se permanentemente, mas como nova forma de dançar uma quadrilha: mesmo quando se desentendiam, sentia que eles estavam submissos às regras de um jogo, como se tivessem concordado em se desentenderem.

    Às vezes, pois, ele tentava reproduzir suas próprias frases de sucesso, as que haviam provocado movimento no tabuleiro de damas. Não era propriamente para reproduzir o sucesso passado, nem propriamente para provocar o movimento mudo da família. Mas para tentar apoderar-se da chave de sua "inteligência". Na tentativa de descoberta de leis e causas, porém, falhava. E, ao repetir uma frase de sucesso, dessa vez era recebido pela distração dos outros. Com os olhos pestanejando de curiosidade, no começo de sua miopia, ele se indagava por que uma vez conseguia mover a família, e outra vez não. Sua inteligência era julgada pela falta de disciplina alheia?

    Mais tarde, quando substituiu a instabilidade dos outros pela própria, entrou por um estado de instabilidade consciente. Quando homem, manteve o hábito de pestanejar de repente ao próprio pensamento, ao mesmo tempo que franzia o nariz, o que deslocava os óculos - exprimindo com esse cacoete uma tentativa de substituir o julgamento alheio pelo próprio, numa tentativa de aprofundar a própria perplexidade. Mas era um menino com capacidade de estática: sempre fora capaz de manter a perplexidade como perplexidade, sem que ela se transformasse em outro sentimento.

    Que a sua própria chave não estava com ele, a isso ainda menino habituou-se a saber, e dava piscadelas que, ao franzirem o nariz, deslocavam os óculos. E que a chave não estava com ninguém, isso ele foi aos poucos adivinhando sem nenhuma desilusão, sua tranqüila miopia-exigindo lentes cada vez mais fortes.

    Por estranho que parecesse, foi exatamente por intermédio desse estado de permanente incerteza e por intermédio da prematura aceitação de que a chave não está com ninguém - foi através disso tudo que ele foi crescendo normalmente, e vivendo em serena curiosidade. Paciente e curioso. Um pouco nervoso, diziam, referindo-se ao tique dos óculos. Mas "nervoso" era o nome que a família estava dando à instabilidade de julgamento da própria família. Outro nome que a instabilidade dos adultos lhe dava era o de "bem comportado", de "dócil". Dando assim um nome não ao que ele era, mas à necessidade variável dos momentos.
    Uma vez ou outra, na sua extraordinária calma de óculos, acontecia dentro dele algo brilhante e um pouco convulsivo como uma inspiração.

    Foi, por exemplo, quando lhe disseram que daí a uma semana ele iria passar um dia inteiro na casa de uma prima. Essa prima era casada, não tinha filhos e adorava crianças. "Dia inteiro" incluía almoço, merenda, jantar, e voltar quase adormecido para casa. E quanto à prima, a prima significava amor extra, com suas inesperadas vantagens e uma incalculável pressurosidade - e tudo isso daria margem a que pedidos extraordinários fossem atendidos. Na casa dela, tudo aquilo que ele era teria por um dia inteiro um valor garantido. Ali o amor, mais facilmente estável de apenas um dia, não daria oportunidade a instabilidades de julgamento: durante um dia inteiro, ele seria julgado o mesmo menino.

    Na semana que precedeu "o dia inteiro", começou por tentar decidir se seria ou não natural com a prima. Procurava decidir se logo de entrada diria alguma coisa inteligente - o que resultaria que durante o dia inteiro ele seria julgado como inteligente. Ou se faria, logo de entrada, algo que ela julgasse "bem comportado", o que faria com que durante o dia inteiro ele seria o bem comportado. Ter a possibilidade de escolher o que seria, e pela primeira vez por um longo dia, fazia-o endireitar os óculos a cada instante.

    Aos poucos, durante a semana precedente, o círculo de possibilidades foi se alargando. E, com a capacidade que tinha de suportar a confusão - ele era minucioso e calmo em relação à confusão - terminou descobrindo que até poderia arbitrariamente decidir ser por um dia inteiro um palhaço, por exemplo. Ou que poderia passar esse dia de um modo bem triste, se assim resolvesse. O que o tranqüilizava era saber que a prima, com seu amor sem filhos e sobretudo com a falta de prática de lidar com crianças, aceitaria o modo que ele decidisse de como ela o julgaria. Outra coisa que o ajudava era saber que nada do que ele fosse durante aquele dia iria realmente alterá-lo. Pois prematuramente - tratava-se de criança precoce - era superior à instabilidade alheia e à própria instabilidade. De algum modo pairava acima da própria miopia e da dos outros. O que lhe dava muita liberdade. Às vezes apenas a liberdade de uma incredulidade tranqüila. Mesmo quando se tornou homem, com lentes espessíssimas, nunca chegou a tomar consciência dessa espécie de superioridade que tinha sobre si mesmo.

    A semana precedente à visita à prima foi de antecipação contínua. Às vezes seu estômago se apertava apreensivo: é que naquela casa sem meninos ele estaria totalmente à mercê do amor sem seleção de uma mulher. "Amor sem seleção" representava uma estabilidade ameaçadora: seria permanente, e na certa resultaria num único modo de julgar, e isso era a estabilidade. A estabilidade, já então, significava para ele um perigo: se os outros errassem no primeiro passo da estabilidade, o erro se tornaria permanente, sem a vantagem da instabilidade, que é a de uma correção possível.

    Outra coisa que o preocupava de antemão era o que faria o dia inteiro na casa da prima, além de comer e ser amado. Bem, sempre haveria a solução de poder de vez em quando ir ao banheiro, o que faria o tempo passar mais depressa. Mas, com a prática de ser amado, já de antemão o constrangia que a prima, uma estranha para ele, encarasse com infinito carinho as suas idas ao banheiro. De um modo geral o mecanismo de sua vida se tornara motivo de ternura. Bem, era também verdade que, quanto a ir ao banheiro, a solução podia ser a de não ir nenhuma vez ao banheiro. Mas não só seria, durante um dia inteiro, irrealizável como - como ele não queria ser julgado "um menino que não vai ao banheiro" - isso também não apresentava vantagem. Sua prima, estabilizada pela permanente vontade de ter filhos, teria, na não ida ao banheiro, uma pista falsa de grande amor.

    Durante a semana que precedeu "o dia inteiro", não é que ele sofresse com as próprias tergiversações. Pois o passo que muitos não chegam a dar ele já havia dado: aceitara a incerteza, e lidava com os componentes da incerteza com uma concentração de quem examina através das lentes de um microscópio.

    A medida que, durante a semana, as inspirações ligeiramente convulsivas se sucediam, elas foram gradualmente mudando de nível. Abandonou o problema de decidir que elementos daria à prima para que ela por sua vez lhe desse temporariamente a certeza de quem ele era. Abandonou essas cogitações e passou a previamente querer decidir sobre o cheiro da casa da prima, sobre o tamanho do pequeno quintal onde brincaria, sobre as gavetas que abriria enquanto ela não visse. E finalmente entrou no campo da prima propriamente dita. De que modo devia encarar o amor que a prima tinha por ele?

    No entanto, negligenciara um detalhe: a prima tinha um dente de ouro, do lado esquerdo.

    E foi isso - ao finalmente entrar na casa da prima - foi isso que num só instante desequilibrou toda a construção antecipada.

    O resto do dia poderia ter sido chamado de horrível, se o menino tivesse a tendência de pôr as coisas em termos de horrível ou não horrível. Ou poderia se chamar de "deslumbrante", se ele fosse daqueles que esperam que as coisas o sejam ou não.

    Houve o dente de ouro, com o qual ele não havia contado. Mas, com a segurança que ele encontrava na idéia de uma imprevisibilidade permanente, tanto que até usava óculos, não se tornou inseguro pelo fato de encontrar logo de início algo com que não contara.

    Em seguida a surpresa do amor da prima. É que o amor da prima não começou por ser evidente, ao contrário do que ele imaginara. Ela o recebera com uma naturalidade que inicialmente o insultara, mas logo depois não o insultara mais. Ela foi logo dizendo que ia arrumar a casa que ele podia ir brincando. O que deu ao menino, assim de chofre, um dia inteiro vazio e cheio de sol.

    Lá pelas tantas, limpando os óculos, tentou, embora com certa isenção, o golpe da inteligência e fez uma observação sobre as plantas do quintal. Pois quando ele dizia alto uma observação, ele era julgado muito observador. Mas sua fria observação sobre as plantas recebeu em resposta um "pois é", entre vassouradas no chão. Então foi ao banheiro onde resolveu que, já que tudo falhara, ele iria brincar de "não ser julgado": por um dia inteiro ele não seria nada, simplesmente não seria. E abriu a porta num safanão de liberdade.

    Mas à medida que o sol subia, a pressão delicada do amor da prima foi se fazendo sentir. E quando ele se deu conta, era um amado. Na hora do almoço, a comida foi puro amor errado e estável: sob os olhos ternos da prima, ele se adaptou com curiosidade ao gosto estranho daquela comida, talvez marca de azeite diferente, adaptou-se ao amor de uma mulher, amor novo que não parecia com o amor dos outros adultos: era um amor pedindo realização, pois faltava à prima a gravidez, que já é em si um amor materno realizado. Mas era um amor sem a prévia gravidez. Era um amor pedindo, a posteriori, a concepção. Enfim, o amor impossível.

    O dia inteiro o amor exigindo um passado que redimisse o presente e o futuro. O dia inteiro, sem uma palavra, ela exigindo dele que ele tivesse nascido no ventre dela. A prima não queria nada dele, senão isso. Ela queria do menino de óculos que ela não fosse uma mulher sem filhos. Nesse dia, pois, ele conheceu uma das raras formas de estabilidade: a estabilidade do desejo irrealizável. A estabilidade do ideal inatingível. Pela primeira vez, ele, que era um ser votado à moderação, pela primeira vez sentiu-se atraído pelo imoderado: atração pelo extremo impossível. Numa palavra, pelo impossível. E pela primeira vez teve então amor pela paixão.

    E foi como se a miopia passasse e ele visse claramente o mundo. O relance mais profundo e simples que teve da espécie de universo em que vivia e onde viveria. Não um relance de pensamento. Foi apenas como se ele tivesse tirado os óculos, e a miopia mesmo é que o fizesse enxergar. Talvez tenha sido a partir de então que pegou um hábito para o resto da vida: cada vez que a confusão aumentava e ele enxergava pouco, tirava os óculos sob o pretexto de limpá-los e, sem óculos, fitava o interlocutor com uma fixidez reverberada de cego.

    Clarice Lispector - Felicidade Clandestina

    Foto capturada nesse link: http://www.flickr.com/photos/czklsk/4228436445/.

    Fonte: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. Acesso em: 13 out. 2013.

    12 de out. de 2013

    12 de outubro: dia que muitas crianças não podem comemorar - 12 de octubre: día que muchos niños no pueden celebrar


    Indiferença 1
    Miserere Mei, Deus (Tende piedade de mim, Deus) de Gregorio Allegri (1582-1652) é o leitmotiv perfeito para esta cena calma e dilacerante” (Oliveiro Pluviano).

    A covardia eu não perdoo por que dela nascem todas as flores do mal. A mais cruel das violências sempre se origina dos pequenos e cotidianos gestos de covardia. O olhar evasivo, o silêncio que aprisiona as verdades, as mãos que se lavam, as costas que se dão ao outro, a escolha que não se guia pelo bom, belo e justo, mas sim pela comodidade de uma vida pacata e sem enfrentamentos não são atos inocentes. Ao contrário, são eles que criam as condições para que a barbárie se realize.
    La cobardía yo no perdono por que de ella nacen todas las flores del mal. La más cruel de las violencias siempre proviene de los pequeños actos cotidianos de cobardía. La evasiva mirada, el silencio que aprisiona las verdades, las manos que si lavan, las espaldas que si ofrecen al otro, la elección que no se guía por el bueno, bello y justo, pero por la comodidad de una vida tranquila y sin confrontaciones no son actos inocentes. Todo lo contrário, son ellos que crean las condiciones para que la barbarie se lleve a cabo. 
    Cida Alves


    Campanha “Torne o invísivel visível” – UNICEF
    "O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses."

    Campaña “Hacer visible lo invisible” - UNICEF
    "El egoísmo personal, el comodismo, la falta de generosidad, las pequeñas cobardias del cotidiano, todo esto contribuye para esta perniciosa forma de ceguera mental que consiste en estar en el mundo y no ver al mundo, o solo ver de él lo que, en cada momento, es susceptible de servir a nuestros interés".
    José Saramago


    Foto: Oliveiro Pluviano. Veja no link a seguir o artigo em que Oliveira Pluviano comenta sua foto - Calmo e dilacerante

    Fonte: In: Blog Educar sem Violência. Cida Alves. Acesso em: 12 out. 2013.

    10 de out. de 2013

    A VIOLÊNCIA NO BRASIL


    INTRODUÇÃO

    Trezentos milhões de reais por dia é o custo estimado da violência no Brasil, o equivalente ao orçamento anual do Fundo Nacional de Segurança Pública, e um valor superior ao envolvido na reforma da Previdência que tanto mobilizou os governos. Esses valores não contabilizam o sofrimento físico e psicológico das vítimas da violência brasileira, uma das mais dramáticas do mundo. Com 3% da população mundial o Brasil concentra 9% dos homicídios cometidos no planeta. Os homicídios cresceram 29% na década passada e entre os jovens esse crescimento foi de 48%. As mortes violentas de jovens aqui são 88 vezes maiores do que na França. E poucos países sofrem as ações de terrorismo urbano como as praticados por traficantes no Rio de Janeiro.

    Alguns indicadores mostram a precariedade dos sistemas de contenção da violência. Cerca de 2.000 roubos ocorrem diariamente na Grande São Paulo e em menos de 3% os assaltantes são presos no momento do crime. Se mesmo assim há um explosivo crescimento de nossa população carcerária é porque não basta prender. As estratégias reativas da polícia e os métodos obsoletos de investigação não estão conseguindo conter significativamente o grande volume de crimes. No Rio de Janeiro, apenas 1% dos homicídios chega a ser esclarecido pelos trabalhos de investigação, segundo revelação do Ministério Público. Se essa "eficiência" da polícia e da justiça for dobrada, a um custo impagável, o volume de crimes mal será afetado. Esse retrato da impotência de nosso sistema de controle criminal é revelador da necessidade de uma profunda reforma no sistema de prevenção criminal e não apenas isso, é necessário que as causas da violência também sejas adequadamente tratadas, sem o que a crise da segurança pública no País não será alterada significativamente.

    CAUSAS DA VIOLÊNCIA

    Entres as principais causas da violência no pais, pode-se citar:
    • As múltiplas carências das populações de baixa renda, precariamente assistidas nas periferias das grandes cidades, tornam seus integrantes, especialmente os jovens, suscetíveis de escolha de vias ilegais como forma de sobrevivência ou adaptação às pressões sociais.

    • A opção ilegal é favorecida pela tolerância cultural aos desvios sociais e pelas deficiências de nossas instituições de controle social: polícia ineficiente, legislação criminal defasada(o que gera impunidade), estrutura e processos judiciários obsoletos, sistema prisional caótico. A interação entre essas deficiências institucionais enfraquece sobremaneira o poder inibitório do sistema de justiça criminal.

    • De maneira geral as polícias têm treinamento deficiente, salários incompatíveis com a importância de suas funções e padecem de grave vulnerabilidade à corrupção. A ineficiência da ação policial na contenção dos crimes, assim como o excessivo número de mortes de civis e de policiais, decorre dessas deficiências e do emprego de estratégias policiais meramente reativas e freqüentemente repressivas.

    • O emprego de tecnologia de informação ainda é incipiente, dificultando o diagnóstico e o planejamento operacional eficiente para a redução de pontos de criminalidade. Nesse planejamento são precárias as iniciativas de integração entre os esforços policiais e as autoridades locais para promover esforços conjuntos de prevenção e redução dos índices de violência.

    POSSÍVEIS MEDIDAS CONTRA A VIOLÊNCIA

    1) Realização de projetos sociais com intuito de diminuir a desigualdade social. Abrindo outros caminhos, além dos caminhos criminosos que fomentam a violência, à população de baixa renda (principalmente aos jovens). Por exemplo: É fato que ,hoje, a Informática  é um pré-requisito básico para as pessoas que disputam um lugar no mercado de trabalho. No entanto, grande parte da população não tem condições financeiras para adquirir este conhecimento. Uma primeira forma de ajudar, seria oferecendo condições a estas pessoas de disputarem um emprego, através da disseminação do conhecimento em Informática.

    2) Criação de um instituto de estudos e pesquisas de segurança pública para desenvolver pesquisas sobre o controle da violência e promover o desenvolvimento de modelos de organização, de gestão e de processos mais eficientes e eficazes para as polícias. Outra função importante desse instituto seria o planejamento e coordenação de programas de formação e capacitação das polícias, e, para tanto, deveria assumir a direção da Academia Nacional de Polícia.

    3) Inteligência criminal: desenvolvimento dessa área praticamente inerte na maioria das polícias, com a adoção de métodos, processos e instrumentos de busca e processamento de informação sobre criminosos. Essa área deve receber recursos para aquisição de licenças de softwares de inteligência e de treinamento específico, além de promover a interação com outras agências de inteligência, inclusive dos países fronteiriços. O sistema de inteligência de segurança pública deve ser plenamente implantado em todos os Estados para a troca ágil e segura de informações sobre atividades de indivíduos e grupos criminosos. O tratamento intensivo e contínuo das atividades do crime organizado deve receber particular ênfase, principalmente sobre o tráfico de drogas, contrabando, pirataria, roubo de cargas, furto e roubo de veículos, jogos ilícitos e crimes financeiros. Nessa área devem ser exploradas todas as possibilidades de integração com os serviços de inteligência da Polícia Federal.

    4) Cadastros nacionais: o atual Sistema de Informação de Justiça e Segurança Pública (Infoseg) deve ser aperfeiçoado para receber dados atualizados e de qualidade dos Estados quanto a condenados procurados, cadastro de armas e veículos, pessoas desaparecidas, arquivos de fotos dos principais criminosos de cada unidade federativa e dados relevantes de inteligência. O Infoseg deve integrar arquivos semelhantes existentes na Polícia Federal.

    5) Tecnologia da informação: o desenvolvimento de bancos integrados de dados criminais e sociais, a implantação de sistemas de geo-referenciamento e de sistemas de análise dos dados para identificar perfis criminais, padrões e tendências de cada área, pontos críticos e evidências de atuação de indivíduos e grupos criminosos. Devem ser desenvolvidos instrumentos e métodos para o monitoramento de crimes e planejamento de intervenções focalizadas para sua redução em curto prazo. Esses instrumentos e métodos também podem favorecer, através da análise ambiental dos pontos críticos de criminalidade, a integração com outros esforços de prevenção como a participação de guardas municipais e ações das prefeituras na correção de problemas locais que favorecem a ação criminosa.

    CONCLUSÃO

    A violência no Brasil atingiu índices inaceitáveis e a grande dificuldade em se por um fim a esse mal é a multiplicidade e grandeza de suas causas. O que existe é um ciclo vicioso: Condição econômica do país -> Desigualdade social -> Crimes -> Violência -> Polícia ineficiente (condição econômica do pais). Tratar problemas como este  exige total participação da sociedade e empenho singular dos órgãos administrativos.


    Modificado do original de : José Vicente da Silva Filho (http://www.aprasc.com.br/policia/acoes.asp)

    Disponível em: http://www.inf.ufes.br/~fvarejao/cs/Violencia.htm. Acesso em: 10 out. 2013.

    9 de out. de 2013

    "Ainda tenho amor e respeito pelo meu pai", diz ativista saudita Samar Badawi

    Em entrevista exclusiva, líder feminista que sofreu abusos do pai e ficou conhecida mundialmente ao processá-lo e ser presa por isso, fala sobre o tempo que ficou na cadeia, seu segundo casamento e sobre a situação das mulheres em seu país. "Nós ainda não podemos administrar nossas próprias vidas", diz ela

    ATUALIZADA EM: 09/10/2013 21h48 - por Larissa Saram

    SAMAR BADAWI, UMA DAS MAIS IMPORTANTES MILITANTES FEMINISTAS DA ARÁBIA SAUDITA (Foto: Larissa Saram)
    Samar Badawi é uma das poucas mulheres da Arábia Saudita que sabe dirigir. Ela também faz parte de um seleto grupo que se separou do primeiro marido e conseguiu casar novamente, desta vez com um homem que amava. Foi também a primeira mulher a garantir o direito ao voto em seu país, segundo ela mesma conta.
    Para conquistar coisas simples, mas tão preciosas, Samar precisou escancarar sua triste história de vida para o mundo: depois de sofrer abusos promovidos por seu pai (ela não revela detalhadamente quais foram eles) por mais de 15 anos, entrou com um processo contra ele e acabou presa por desobediência. Após sete meses e uma campanha internacional fortíssima capitaneada por entidades de direitos humanos, a saudita foi solta e teve a guarda transferida para um tio. O tempo na prisão foi difícil, mas funcionou com uma mola propulsora: hoje Samar Badawi é uma das principais ativistas feministas de seu país e seu trabalho foi reconhecido com o prêmio norte-americano "Mulheres de Coragem": "Hoje minha rotina é viajar o mundo para mostrar a nossa realidade na Arábia Saudita. Quando estou em casa, coordeno grupos de mulheres e as ensino como podem lutar por seus direitos”, disse ela durante passagem pelo Brasil, onde participou como palestrante do evento "Momento Mulher", realizado no começo desta semana.
    Um pouco antes de subir ao palco, Samar conversou com Marie Claire e revelou detalhes de sua trajetória inspiradora:

    MARIE CLAIRE: Você ficou conhecida no mundo inteiro por denunciar seu pai, ser presa por isso e depois libertada, graças a uma campanha internacional. Como se sente em ser protagonista desta parte da história em favor das mulheres de seu país?
    Samar Badawi: Acredito que fiz uma coisa grande quando mostrei a minha história para o mundo inteiro. Dei exemplo de coragem, principalmente para mulheres que sofrem como sofri. Pode ter sido um exemplo pequeno, mas fico feliz em ter feito algo que mostrou que nós, mulheres, também somos seres humanos e têm o direito de viver bem.

    M.C.: Qual foi a lição mais importante que tirou do tempo que ficou presa? Naquele momento, pensou em desistir e simplesmente aceitar a situação?
    S.B.: Fiquei sete meses na prisão e foi um momento muito importante na minha vida, porque lá aprendi a ter misericórdia no coração, passei a pensar mais nas pessoas que, como eu, também estavam sofrendo naquele lugar, e o meu olhar foi sendo direcionado para o lado positivo da situação. Nunca pensei em desistir. Pelo contrário, fiquei mais forte lá dentro e acreditei ainda mais no trabalho que gostaria de desenvolver assim que saísse de lá.

    M.C.: Como você se sentia todas as vezes que tinha de encarar seu pai, depois dos abusos e das denúncias?
    S.B.: Me sentia fraca e forte ao mesmo tempo. Fraca porque ele é meu pai e fazia coisas ruins pra mim. Mesmo assim, tenho amor e respeito por ele. E forte porque estava mostrando para ele o quanto é cego, o quanto é importante que as mulheres tenham seus direitos. Sofro muito com tudo o que aconteceu, mas precisava enfrentá-lo. Ele não podia continuar fazendo o que fazia e os outros pais também não podem fazer isso com suas filhas.

    M.C.: Casar foi a opção para não ter mais o seu pai como seu responsável. Depois, se separou e, nove anos depois, casou novamente. Como é vista a mulher separada na Arábia Saudita?
    S.B.: Quando casei a primeira vez tinha 17 anos e só o fiz porque queria me livrar do meu pai. Casei obrigada. Meu ex-marido me tratava muito mal, como se eu fosse um objeto, que não tem opinião, que pode ser chutado a qualquer hora. Fiquei com ele durante seis anos e então decidi me separar. A vida de mulher separada é horrível: somos condenadas por todos, não podemos fazer nada com liberdade. A sociedade tem medo, porque acredita que a mulher separada carrega pensamentos negativos com ela. Eu só podia sair de casa acompanhada de alguém da minha família. Fiquei assim durante nove anos, até casar novamente com o meu atual marido.

    M.C.: Ele era seu advogado, certo? Como é o relacionamento de vocês?
    S.B.: Sim, o nome dele é Waleed Abu Alkhair e ele me ajuda muito. Também trabalha em defesa dos direitos das mulheres e do ser humano. Não o vejo muito, apenas duas vezes por semana, porque assim como eu, ele viaja muito. Ele não pode sair da Arábia Saudita.
     
    SAMAR FOI UMA DAS PREMIADAS DO MULHERES DE CORAGEM 2012, DADO PELA SECRETARIA DE ESTADO DOS EUA (Foto: Divulgação)
    M.C.: Por quê? O que aconteceu?
    S.B.: O governo o condenou por postar uma mensagem no Twitter em que falava de seu trabalho como os direitos humanos e de como é difícil a vida de uma mulher na Arábia Saudita. Eles entenderam que meu marido estava falando mal da Arábia para os outros países e o sentenciaram a ficar cinco anos sem sair do país.

    M.C.: Como é atualmente a vida de uma mulher saudita em seu país? Está melhorando?
    S.B.: Não vai acontecer nada de um dia para o outro, mas estamos subindo degrau por degrau para alcançar tudo o que desejamos. O governo é só um dos poderes com os quais temos que lutar. As famílias também, porque o homem é quem detém todo o poder. Para a Arábia Saudita, a mulher é nada! Estamos conseguindo mudar as coisas aos poucos.

    M.C.: O que há de pior para as mulheres na Arábia Saudita?
    S.B.: Nós não podemos administrar nossas próprias vidas. Quem decide o rumo que tomamos são os homens. Coisas simples como ir ao mercado, ao médico e até fazer uma cirurgia, precisam de autorização do homem, seja ele pai, marido ou filho. É um absurdo!


    M.C.: O que acha que as mulheres sauditas devem fazer para conquistar mais direitos?
    S.B.:
     Tudo! Consegui apenas 1% com o meu trabalho. Ainda faltam 99% para melhorar.
    M.C.: Por que nunca deixou a Arábia Saudita, mesmo depois de tudo que aconteceu?
    S.B.: Já recebi convites para morar em outros países, mas não saio da Arábia Saudita. Preciso ficar ao lado das mulheres, ajudá-las, mostrar que também sofro como elas, mas que faço tudo com fé e coragem. Se fizer meu trabalho fora do país, ninguém vai acreditar que é possível.

    M.C.: Qual será o seu próximo passo em defesa dos direitos das mulheres sauditas?
    S.B.: Estou começando a trabalhar para tirar o poder do homem de cima da mulher. Permitir que possamos trabalhar, dirigir, tomar decisões sozinha, sem interferências deles. Nós merecemos tem uma vida melhor, mais tranquila. Espero conseguir realizar meu sonho.