MONOGRAFIA


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE INHUMAS
CURSO DE PEDAGOGIA

JORGE SILVA SOUSA









EDUCAÇÃO SEXUAL NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL











Inhumas
2012


JORGE SILVA SOUSA










EDUCAÇÃO SEXUAL NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como exigência final para conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Inhumas, para obtenção do título de licenciado em Pedagogia – Pedagogo.

Área de concentração: Desenvolvimento, Aprendizagem, Diversidade e Educação.

Orientador: Prof. Ms. Osvaldo José Sobral.






Inhumas
2012


JORGE SILVA SOUSA

EDUCAÇÃO SEXUAL NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em pedagogia, da Unidade Universitária de Inhumas, da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de licenciada em Pedagogia, aprovada em_______ de ______ de ________, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:




____________________________________________________________
Prof. Ms. Osvaldo José Sobral – UEG
Presidente da Banca



____________________________________________________________
Profª. Ms. Tatiana Azevedo de Souza da Cunha Lima – UEG











 









À minha avó, Bernarda Pereira dos Santos Silva, que partiu tão cedo e deixou saudades, à minha família e, em especial, ao meu pai, Pedro Alves de Souza, e à minha mãe, Maria das Dores Silva Sousa, que me deixaram correr atrás dos meus sonhos, nunca me impediram de voar, e que através das orações obtiveram o poder para iluminar minha alma, e mesmo na distância, não saíram da minha mente e nem do meu coração, razão pela qual desejo vencer todas as dificuldades em minha vida.
A meus amigos, em especial, à minha amiga Hoanna Gabryella (Gabi) que durante esses quatros anos de convivência, me possibilitaram ser uma pessoa melhor. E, a todos aqueles que sempre acreditaram em mim, me incentivando a lutar pelos meus sonhos, mesmo quando nem eu mesmo acreditava. Porque “sem sonhos, as palavras se tornaram insuportáveis, as pedras se transformaram em golpes fatais.” (Augusto Cury).



AGRADECIMENTOS


Agradeço, primeiramente, a Deus por estar comigo nos momentos em que mais necessitei e por me dar força e condições para concluir este curso.
Em especial, agradeço também ao meu orientador Prof. Osvaldo José Sobral pela sua orientação e incentivo em cada etapa deste projeto.
À minha família, que tanto orou e ora para que eu alcance o sucesso, e mim realize.
À minha querida irmã Maria José Silva Sousa, por estar sempre comigo, nos momentos de alegria e tristeza, me dando força e incentivando em todos os momentos de minha vida.
Ao meu avô Antônio Alves de Souza, pelo carinho demonstrado por mim, e pelas histórias contadas, fazendo com que eu despertasse meu imaginário infantil.
À minha querida professora da primeira fase do ensino fundamental, Maria dos Aflitos Santos, que me ensinou a dar os primeiro passos no caminho da leitura e escrita, com carinho e dedicação.
À minha amiga e companheira de escola, Francicléia Vasconcelos da Silva, pelo seu carinho e companheirismo em todos os momentos que precisei. 
Aos meus amigos do Colégio Estadual Olavo Bilac, em especial Beatriz da Silva Leite, Tânia Justina, Thaís Augusta Mota, Kesley Dias dos Santos, Enivaldo Francisco dos Santos, Uevérson Rodrigues, Willian Pereira e Willian de Matos, pelo carinho e companheirismo.
Aos meus professores da UEG, em especial, à professora mestre Denise Elza Nogueira Sobrinha, pelo carinho e compreensão no período do estágio supervisionado em docência da Educação Infantil.
Às minhas amigas e companheiras da UEG, em especial, Cláudia Correia de Lima, que me ajudou a pesquisar e escrever um artigo, relacionado ao tema “Educação Sexual”, que me ajudou bastante na escrita deste projeto, e, ainda, Mônica Caitano da Silva, Marina Alves Pires, Núbia Gracyella Vasconcelos e, em especial, à minha querida Hoanna Gabryella G. Barbosa, que compartilharam comigo tristezas, alegrias e conhecimentos.  
À minha tia Irene de Souza e tia Maria Ilma dos Santos, que me acolheu em sua casa, por algum tempo, quando precisei. E, em especial, à minha prima Natalia de Souza de Paulo, pelo carinho.
Ao supermercado Royal, pela compreensão e por me ajudar em vários momentos que precisei. Em especial, à minha amiga e ex-companheira de serviço, Andréia de Paula Lopes.
À professora mestre Tatiana Azevedo de Souza da Cunha Lima, por aceita a ler este projeto – monografia.
E, finalmente, a todos aqueles que fazem parte da minha vida e que acreditam e torceram pela minha vitória.





 









  
“A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois, além de sua potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental das pessoas. Manifesta-se desde o momento do nascimento até a morte, de forma diferente a cada etapa do desenvolvimento humano, sendo construída ao longo da vida” (BRASIL, 1997, p. 295).



RESUMO





SOUSA, Jorge Silva. Educação Sexual nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 2012. 38f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) – Inhumas: Universidade Estadual de Goiás, unidade universitária de Inhumas, 2012.


Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado na forma de uma monografia, se originou a partir de um projeto de pesquisa, cujo tema é “Educação Sexual”, que por sua vez foi delimitado na concepção dos professores sobre Educação Sexual, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás. Para tal proposta investigativa foi elaborada a seguinte problematização: Quais são as concepções dos professores do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental acerca do tema Educação Sexual, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás? O objetivo geral do pré-projeto foi: Analisar o trabalho de Educação Sexual, no Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, na concepção dos professores da Escola Municipal D. C., do município de Goiânia, Goiás. E, os objetivos específicos foram: 1) identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores diante das dúvidas das crianças nessa fase do ensino fundamental, a respeito da sexualidade; 2) verificar se os professores estão preparados ou se receberam treinamento específico acerca do assunto; 3) compreender os benefícios que a Educação Sexual traz dentro contexto do processo de ensino e aprendizagem; 4) reconhecer a metodologia usada pelos professores ao abordarem o tema; e 5) perceber a importância de trabalhar a Educação Sexual nos anos iniciais, segundo a concepção dos professores. Quanto aos procedimentos metodológicos utilizou-se um levantamento bibliográfico, no qual foram pesquisadas as obras dos seguintes autores: Sayão, Sayão e Meireles (1997); Santos (2001); Silva (2009); dentre outros; além de documentos nacionais de orientação para o Ensino Fundamental. Seguindo à fundamentação teórica, realizou-se uma investigação empírica, na qual foi utilizada a técnica de entrevistas com docentes, que buscaram identificar suas concepções a respeito do tema pesquisado, que foram analisados numa perspectiva qualitativa. Para tanto, a monografia foi estruturada em três capítulos: o capítulo 1, apresenta uma breve história, o conceito e os objetivos da Educação Sexual, sob o ponto de vista de diversos autores; o capítulo 2, refere-se à orientação sexual na escola, as manifestações da sexualidade na escola, postura dos educadores diante do tema, conceituando sexualidade sob o ponto de vista de diversos autores; e o capítulo 3, são apresentadas as contribuições e os benefícios que a Educação Sexual traz ao processo ensino-aprendizagem e a sua importância nos anos iniciais do Ensino Fundamental, segundo a concepção dos professores. Finalmente, é possível considerar que a sexualidade é um assunto sempre presente, e que, ainda hoje, no século XXI, sofre preconceitos e tabus, por isso, é tão difícil abordar o tema na escola, porque é preciso levar em consideração valores e crenças das famílias dos alunos. Cabe ao professor intervir perante comportamentos inapropriados e respondendo às dúvidas de seus alunos, sem impor seus valores e crenças. E, não há dúvidas de que a escola e a família têm papel fundamental em relação à Educação Sexual das crianças e jovens, por isso, ambos devem trabalham juntos para que o trabalho educativo de uma complemente o da outra.

Palavras-chave: Sexualidade; Educação Sexual; Orientação Sexual; Ensino Fundamental.









LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


AIDS
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(Acquired Immunodeficiency Syndrome)
DST
Doenças Sexualmente Transmissíveis
EF
Ensino Fundamental
ES
Educação Sexual
LIE
Laboratório Internet Educacional
MEC
Ministério da Educação
OS
Orientação Sexual
PCN
Parâmetro Curricular Nacional
SEF
Secretaria de Educação Fundamental
TCC
Trabalho de Conclusão de Curso








SUMÁRIO


RESUMO ...................................................................................................................07

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.....................................................................08

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10

CAPÍTULO 1 – BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL.................................14
1.1 O conceito da Educação Sexual .........................................................................16
1.2 Os objetivos da Educação Sexual .......................................................................17

CAPÍTULO 2 – ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA..............................................20
2.1 Manifestações da sexualidade na escola.............................................................22
2. 2 Postura dos educadores diante do tema.............................................................24

CAPÍTULO 3 – OS BENEFÍCIOS QUE A EDUCAÇÃO SEXUAL (ES) TRAZ
                          AO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM .................................26
3.1 Dúvidas das Crianças a Respeito da Sexualidade...............................................27
3.2 O Preparado dos Professores e o Treinamento Específico para Abordar do
      tema Educação Sexual com seus Alunos............................................................28                     
3.3 Os Benefícios que a Educação Sexual traz ao Processo de Ensino e
      Aprendizagem......................................................................................................29
3.4 Metodologias e Recursos Utilizados para Trabalhar a Educação Sexual...........29
3.5 A Polêmica da Sexualidade e a Reação dos Pais ao Trabalho da Escola..........30
3.6 A Educação Sexual nos Anos Iniciais na Concepção dos Professores...............31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................32

REFERÊNCIAS..........................................................................................................35

APÊNDICE.................................................................................................................37



INTRODUÇÃO



Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado na forma de uma monografia, se originou a partir de um projeto de pesquisa, cujo tema é “Educação Sexual”, que por sua vez foi delimitado na concepção dos professores sobre Educação Sexual, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás. Para tal proposta investigativa foi elaborada a seguinte problematização: Quais são as concepções dos professores do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental acerca do tema Educação Sexual, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás?
O objetivo geral do pré-projeto foi: Analisar o trabalho de Educação Sexual, no Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, na concepção dos professores da Escola Municipal D. C., do município de Goiânia, Goiás. E, os objetivos específicos foram: 1) identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores diante das dúvidas das crianças nessa fase do ensino fundamental, a respeito da sexualidade; 2) verificar se os professores estão preparados ou se receberam treinamento específico acerca do assunto; 3) compreender os benefícios que a Educação Sexual traz dentro contexto do processo de ensino e aprendizagem; 4) reconhecer a metodologia usada pelos professores ao abordarem o tema; e 5) perceber a importância de trabalhar a Educação Sexual nos anos iniciais, segundo a concepção dos professores.
Quanto aos procedimentos metodológicos utilizou-se um levantamento bibliográfico, no qual foram pesquisadas as obras dos seguintes autores: Sayão, Sayão e Meireles (1997); Santos (2001); Silva (2009); dentre outros; além de documentos nacionais de orientação para o Ensino Fundamental (EF). Seguindo à fundamentação teórica, realizou-se uma pesquisa empírica, na qual foi utilizado como instrumento de investigação o questionário, aplicado em alguns docentes, que buscaram introdução à fundamentação teórica, vale destacar que a Educação Sexual (ES) como prática tem identificar suas concepções a respeito do tema pesquisado, que foram analisados numa perspectiva qualitativa.
Como foi discutida e estudada por diversos autores, as questões referentes à sexualidade tem sido tarefa, geralmente, delegada à escola. E, como afirma Silva (2009, p. 9),
muitos pais apresentam dificuldades em dialogar e orientar seus filhos sobre a sexualidade transformando esse assunto em tabu, que não diz respeito às crianças, estas, mesmo que não se expressem ou questionem, pensam no assunto, podendo até criar idéias equivocadas e distorcidas que posteriormente prejudicarão a vivência da sua sexualidade na idade adulta. Essas dificuldades enfrentadas pelos pais leva a repassarem para o âmbito escolar sua responsabilidade, ficando esta a cargo dos professores, que por sua vez nem sempre recebem a formação adequada para subsidiar seu trabalho.


Portanto, os profissionais da educação precisam ser cuidadosos ao lidar com temas relacionados à sexualidade no âmbito escolar, principalmente com as crianças. Pois, este é um assunto que gera muita polêmica, e segundo Silva (2009, p. 9), é fundamental que o educador

tenha muito preparo e uma formação específica para trabalhar com o tema, deve analisando questões teóricas, leituras, discussões e diferentes abordagens para obter condições de levar seus alunos a refletir e conquistar autonomia para eleger seus valores, convicções e se livrar de tabus, mentiras e medos.

Então, faz-se necessário que os educadores tenham uma formação específica e continuada para orientar e tira dúvidas dos alunos acerca da sexualidade.
O Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Secretaria de Educação Fundamental (SEF), elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que concebe a sexualidade como algo inerente ao ser humano e está presente em diversos espaços, entre eles a escola. Cabe a ela – como a principal instituição responsável pela mediação do conhecimento acumulado historicamente por toda a humanidade – proporcionar a ES a seus alunos, haja vista que é o local onde eles permanecem por mais tempo e se socializam uns como os outros. A escola se caracteriza, também, como um espaço privilegiado no qual é possível inserir a ES, por meio de um processo educacional com fins preventivos, sociais, emocionais, além de contribuir positivamente na área da saúde (BRASIL, 1997).
A ES ultrapassa fronteiras disciplinares e de gêneros, por isso os professores precisam estar preparados para enfrentar as diversas situações que estão presentes no cotidiano escolar, situações nas quais o professor é chamado a intervir.

A escola, querendo ou não, se depara com situações nos quais sempre intervêm. Seja no cotidiano da sala de aula, quando proíbe ou quando permite certas manifestações e não outras, seja optar por informar os pais sobre as manifestações de seus filhos, a escola está transmitindo sempre certos valores, mais ou menos regidos, a depender de profissionais envolvidos naquele momento. (BRASIL, 1997, p. 113).

Se esses profissionais estiverem despreparados incorrem no erro de fortalecerem em seus alunos ideias preconceituosas e valores dogmáticos, transmitidos muitas vezes pela família, mídia e sociedade, contribuindo assim para a formação de cidadãos não críticos. 
Nessa perspectiva, os PCN, referentes à alfabetização e às quatro primeiras séries do EF, compreende o trabalho de educacional voltado para a sexualidade humana, como Orientação Sexual (OS), que

vem como tema transversal no intuito de orientar a criança, pois cabe a escola abordar diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a encontrar um ponto de auto referência por meio de reflexão. (BRASIL, 1997, p. 83).

Entretanto, para que a ES aconteça na escola é necessária a preparação dos professores para abordar o tema com mais conhecimento e segurança, e esses devem ser trabalhos em conjunto com a equipe pedagógica, que precisa estabelecer os objetivos, motivos e materiais com que realizarão o trabalho de OS.
É possível acreditar que a escola necessita abrir suas portas para a ES, contribuir para a expressão da sexualidade ligada à vida, ao bem estar, ao prazer, ao conhecimento, a autoestima, a comunicação, ao favorecimento das relações interpessoais e de uma sexualidade saudável.
Esta pesquisa propõe realizar um aprofundamento teórico nos estudos sobre a temática ES e OS, e empírica, na qual se fez uma reflexão acerca da ES na concepção dos professores e seus benefícios no processo ensino-aprendizagem. Definindo conceito, objetivo, verificando qual sua importância no âmbito escolar.
Portanto, esse trabalho se realizou através de pesquisa bibliográfica e empírica sobre o tema proposto. E, está estruturado em três capítulos, que se propõem a uma discussão conforme segue:

    I.   capítulo – será apresentada breve história, o conceito e os objetivos da ES, sob o ponto de vista de diversos autores;
   II.   capítulo – refere-se à OS na escola, as manifestações da sexualidade na escola, postura dos educadores diante do tema, conceituando sexualidade sob o ponto de vista de diversos autores;

 III.   capítulo – serão apresentadas as contribuições e os benefícios que a ES traz ao processo ensino-aprendizagem e a importância da ES nos anos iniciais do EF, segundo a concepção dos professores.



CAPÍTULO 1 – UMA BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL


Abordar o tema ES não é novidade, principalmente, quando se pensa na questão da sexualidade na escola, porque ES sempre esteve presente na sociedade, porém era um tema permeado por tabus e preconceitos (SANTOS, 2001). Contudo, é interessante nos remeter a alguns fatos e datas significativas pelas quais passou esta importante abordagem.

Pouco se sabe sobre a “entrada” da sexualidade na escola, porém alguns estudiosos [...] apontam para o seu surgimento na França, a partir da segunda metade do século XVIII. Foi a partir desse período que a chamada Educação Sexual começou a preocupar os educadores. (SANTOS, 2001, p. 11, grifado no original).

Nesse período, a sociedade e os educadores demonstraram preocupações quanto à sexualidade e a ES, porque a sociedade encarava à masturbação como algo sujo e pecaminoso. Segundo Sayão, Sayão e Meireles (1997), o que ocorria nesse período era, principalmente, o combate à masturbação.
Já, ao fim do século XIX, surgiu nas escolas à atividade de trabalha a sexualidade nas escolas, com o objetivo de prevenir “as doenças venéras, a degenerescência da raça e o aumento dos abortos clandestinos.” (SAYÃO; SAYÃO; MEIRELES, 1997, p. 107).
Somente a partir da década de 1920 perceberam-se algumas mudanças influenciadas pelos movimentos sociais, que se propunha, com a abertura política, repensar o papel da escola e dos conteúdos por ela trabalhado. Desde então, se desenvolveu a ES nas escolas.
Entre as décadas de 1930 a 1950 não há registros do que foi realizado, e entre os anos de 1960 e 1970 “o Brasil passa por um período de intensa repressão através da ascensão dos militares ao poder, instalando um clima de moralismo puritano e aumento da censura e medo” (WALENDORFF, 2007). Em conformidade com os PCN,

a partir de meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou em virtude da preocupação dos educadores com o grande crescimento da incidência de gravidez indesejada entre as adolescentes e com o risco da infecção pelo HIV (vírus da AIDS) entre os jovens. Antes, acreditava-se que as famílias apresentavam resistência à abordagem dessas questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais reivindicam a orientação sexual nas escolas, pois reconhecem não só a sua importância para crianças e jovens, como também a dificuldade de falar abertamente sobre o assunto em casa. (BRASIL, 1997, p. 291).

Já no ano de 1995, com a elaboração dos PCN, o tema OS, foi proposto pelo Ministério da Educação (MEC). Sendo abrangido nos temas transversais a serem trabalhados de forma articulada com outras disciplinas, e fazendo parte do currículo escolar,
      
englobam as relações de gênero, o respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de crenças, valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e pluralista. Inclui a importância da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS e da gravidez indesejada na adolescência, entre outras questões polêmicas. Pretende contribuir para a superação de tabus e preconceitos ainda arraigados no contexto sociocultural brasileiro. (BRASIL, 1997, p. 287)

Como é possível perceber, existiu todo um processo histórico que contribuiu para uma “educação anti-sexual”, na qual se notava a predominância dos valores vigentes na sociedade e reações de preconceitos e repressão a qualquer tentativa de mudança. Não obstante, segundo Silva (2009, p. 25),

a orientação sexual foi integrada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, por meio da transversalidade, sendo uma determinação da LDB Nº 9394/96. Essa conquista deve-se a uma longa luta de educadores, em decorrência da importância que a sexualidade assume na sociedade, na cultura e na realidade. A presença temática da sexualidade como tema transversal ainda é um desafio para os educadores que não se vêm preparado para lida com tal tema.

Acredita-se, ainda, que existem fortes influências desse modelo no processo educativo atual. E, romper com tais barreiras não é uma tarefa fácil, mas possível, e neste sentido a ES pode acrescentar e enriquecer muito no processo de educação, tanto formal como para a vida dos sujeitos sociais. E, ainda, hoje é um desafio para os educadores aborda o tema nas escolas devido ser um tema permeado por tabus e preconceitos. Contudo, segundo o PCN (1997), a inclusão da OS nos currículos escolares teve aceitação de 86% das pessoas ouvidas em dez capitais brasileiras.


1.1  O Conceito da Educação Sexual

Quando se pensa no tema ES, vários subtemas são suscitados: relação de gênero, desenvolvimento humano, conhecimento do funcionamento e fisiologia do corpo, relação sexual, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome – AIDS), gravidez, aborto, relação amorosa, crescimento, prazer, escola, professores, dentre outros. Neste entendimento, Santos (2001, p. 22), define a ES como sendo

um conjunto de informações desenvolvidas de forma assistemática sobre a sexualidade. Esse processo é global, não intencional, e envolve toda a ação exercida sobre o indivíduo no seu cotidiano. Essa forma de intervenção é denominada, segundo alguns autores, como informal. Surgindo no seio familiar, tende a reproduzir nos jovens os padrões de moralidade de uma dada sociedade.

A ES passa pela percepção de papeis assumidos e desempenhos por cada um dos sexos (masculino e feminino); se relaciona com expressão corporal, com autoimagem, com as relações estabelecidas, e neste sentido, com os afetos e os sentimentos. Além disso, a ES atravessa o caminho da comunicação interpessoal, da autoestima, de reprodução humana, da prevenção de DST/AIDS e da gravidez, da identificação de situações de abuso sexual etc. E, para Santos (2001, p. 23),

Educação Sexual diz respeito ao conjunto de valores transmitidos pela família e ambiente social, percorrendo toda a vida, com influências da cultura, da mídia (rádio, TV, revistas...), dos amigos (as), da escola, e nos permite incorporar valores, símbolos, preconceitos e ideologias. Todos nós somos educadores sexuais, logo, todas as pessoas são educadas sexualmente.

Portanto, quando se fala/aborda a ES está-se referindo a um conceito global, sendo um conceito transmitido pela família e deve ter continuidade na escola. E, ainda, sofre influência da cultura e da mídia.

Em síntese, quando falamos de Educação Sexual, de Programas de Educação Sexual, estamos a utilizar um conceito global abrangente da sexualidade, que inclui a identidade sexual (masculina/feminina), o corpo, as expressões da sexualidade, os afetos, a reprodução e a promoção da saúde sexual e reprodutiva. (FRADE; MARQUES et al., 1999, p. 13).


Formulando o conceito de ES, pode-se dizer que esta é parte integrante do contexto educativo e deve ser entendida como um processo que trata de questões referentes à sexualidade e suas variáveis, promovendo uma ampliação e discussão dos elementos que envolvem a sexualidade e o desenvolvimento emocional e sexual do ser humano.

1.2 Os Objetivos da Educação Sexual

Segundo Walendorff (2011), “antigamente a ES tinha como objetivo maior combater a masturbação, tendo como pano de fundo as ideias de Rousseau, para quem a ignorância era a melhor forma de manter a pureza infantil”. Hoje, percebe-se a necessidade de se desenvolver uma forma de ES diferente, porque os jovens estão mais expostos a questões relacionadas à sexualidade, e é necessário discutir tais assuntos, pois como afirma Barbosa (2007),

tais objetivos deixam claro que a escola de hoje precisa desenvolver uma forma de educação sexual diferente [...]. [...] uma educação que parta da interação professor(a)–aluno(a), que parta do que acontece com as crianças e os jovens nos dias de hoje e os esclareça, permitindo que a dignidade humana seja o objetivo maior. Discutir sobre os relacionamentos, sobre a posição dos gêneros nos relacionamentos, aprender a fazer escolhas, conhecer seu corpo, proteger-se da gravidez precoce, de doenças transmissíveis, respeitar-se e respeitar aprendizagens necessárias para que possamos continuar vivendo regidos pelo prazer e pela realidade.

Portanto, para que a ES seja discutida de maneira eficiente pelos educadores é necessário que esses tenham, também, orientação e conhecimento sobre o tema, pois para Vilela (2009), a ES deve “preencher lacunas” nas informações que as crianças e os adolescentes têm para encontrar respostas para suas curiosidades e dúvidas, e, também, para fazer escolhas assertivas nas suas vidas. Para Suplicy (1987 apud WALENDORFF, 2007),

a Educação Sexual pode ocorrer em um processo formal e informal, desde que seu objetivo seja sistematizado e que se propõe a preencher lacunas de informação, erradicar tabus, preconceitos e abrir a discussão sobre as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos cabem também propiciar uma visão mais ampla, profunda e diversificada acerca da sexualidade.

O tema pode ser discutido em sala improvisadas, em comunidades, escolas e hospitais, o importante é que o haja a conscientização e contribuição na erradicação de tabus e preconceito em ralação a ES. Segundo Figueiró (2001 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 5),

não podemos nos esquecer que o objetivo fundamental da Educação Sexual consiste em ajudar as pessoas a viverem sua sexualidade de maneira saudável e feliz, participando construtivamente da transformação dos valores e normas sociais relacionados à sexualidade.

A ES tem objetivos amplos e abrangentes, segundo Lopes (1993), conforme segue: promover o respeito e a dignidade humana, favorecer a formação integral do sujeito, promover o conhecimento dos processos que envolvem a sexualidade (físicos, psicológicos e sociais), favorecerem as relações interpessoais e o desenvolvimento da autoestima, dentre outros.
Nesse sentido, vale ressaltar, aqui, que o tema investigado é bastante abrangente, e por vezes causador de constrangimentos e embaraços. E, os educadores encontram dificuldades em trabalhar com ele, havendo a necessidade de um profissional qualificado para tal função ou a formação continuada dos profissionais da educação, pois, segundo Veiga (2011),

o profissional capacitado para ocupar tal papel precisa ter empatia e respeito pelo assunto. Um preparo adequado é aquele que visa acabar com as dúvidas, angústias e a atitude negativa perante ao sexo, possibilitando uma melhor habilidade de comunicação e tomada responsável de decisões. Por ser um tema complexo e que necessita acolhimento, o educador mais do que preparo técnico, precisa levar o aluno ao reconhecimento das suas necessidades e desejos, desenvolvendo, assim, a cognição e o afeto, chamando à responsabilidade de cuidar do próprio corpo. Ou seja, é preciso quebrar tabus, oferecendo uma prática mais reflexiva, já que educar não é somente levar informações sobre sexo, mas transmitir valores e atitudes, levando-se em conta os sentimentos e o respeito por si e pelo outro.
Assim, uma educação sexual sadia é aquela que não se limita ao aprendizado de órgãos, aparelhos reprodutores e funções do corpo humano. Ela levanta assuntos sobre a autoestima, desejos sexuais e sentimentos conflitantes, permitindo uma visão consciente das relações interpessoais e de gênero, da saúde reprodutiva e imagem corporal, concentrando-se, não somente nas dimensões fisiológicas, como psicológicas, sociológicas e espirituais da sexualidade.

Se o profissional estiver capacitado e conhecer/dominar bem o assunto vai esclarecer as dúvidas dos alunos e vai também promover a conscientização e a necessidade da promoção da educação sexual preventiva. Ainda, conforme acredita Veiga (2011),

é o desconhecido que leva a fantasias e gera angústia. Não é preciso mentir, incluindo a cegonha nos discursos e nem responder além do que foi perguntado. Basta abrir espaço para novos questionamentos. E a escola tem vários espaços para uma intervenção saudável e um questionamento mais amplo sobre o sexo, ocupando um espaço falho de informações, e assim, capaz de eliminar os preconceitos e possibilitar a modificação de determinados valores, refletindo questões sem a necessidade de chegar a uma única resposta como correta.

Portanto, é de suma importância que a ES seja trabalha nos anos inicias como forma de conscientização e prevenção, pois ela não faz com que o início sexual seja precoce, mas, sim, conhecimento. Entretanto, para a ES que ocorre nas escolas, “é importante que toda a equipe pedagógica esteja em sintonia e que o Projeto Político Pedagógico esteja bem formulado e embasado em uma proposta inovadora e dialógica de educação” (ARCARI, 2011).




CAPÍTULO 2 – ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA


Para se discutir as questões relacionadas à Orientação Sexual (OS), na escola, faz-se necessário conceituar a expressão OS, e para tanto, optou-se por defini-la conforme é apresentada no Guia de Orientação Sexual (1994, p. 8):

É utilizado na área educação, deriva do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemático na área da sexualidade, realizado principalmente em escolas. Pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexão e questionamentos sobre posturas, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais.

E, como já foi apresentado no capítulo anterior, os PCN têm como objetivo promover reflexões e discussões de técnicos, professores, equipes pedagógicas acerca da OS. Neste sentido, o PCN destaca que

a escola, ao definir o trabalho com Orientação Sexual como uma de suas competências, o incluirá no seu projeto educativo. Isso implica uma definição clara dos princípios que deverão nortear o trabalho de Orientação Sexual e sua clara explicitação para toda a comunidade escolar envolvida no processo educativo dos alunos. Esses princípios determinarão desde a postura diante das questões relacionadas à sexualidade e suas manifestações na escola, até a escolha de conteúdos a serem trabalhados junto aos alunos. A coerência entre os princípios adotados e a prática cotidiana da escola deverá pautar todo o trabalho. (BRASIL, 1997, p. 299).

Portanto, a escola precisar ter uma equipe de profissionais qualificados para desenvolver o trabalho de OS com competência nas escolas.  De acordo com o PCN,

o trabalho de OS na escola se faz problematizando, questionando e ampliando o leque de conhecimentos e de opções para que o próprio aluno escolha seu caminho. A Orientação Sexual aqui proposta não pretende ser diretiva e está circunscrita ao âmbito pedagógico e coletivo, não tendo, portanto, caráter de aconselhamento individual nem psicoterapêutico. Isso quer dizer que as diferentes temáticas da sexualidade devem ser trabalhadas dentro do limite da ação pedagógica, sem invadir a intimidade e o comportamento de cada aluno ou professor. Tal postura deve, inclusive, auxiliar as crianças e os jovens a discriminar o que pode e deve ser compartilhado no grupo e o que deve ser mantido como vivência pessoal. (BRASIL, 1997, p. 299).

A escola deve ter um grande leque de conhecimento, porque é um espaço privado onde tem que trabalha, com uma grande multiplicidade de valores. Assim, diversos autores pontuam a importância do trabalho da OS nas escolas.
Em conformidade com o que acreditam Souza e Crisostimo (2009, p. 5), “a escola que tem por meta informar ou, melhor ainda, formar, torna-se o local propício para a abordagem da temática; pois, nesse espaço pedagógico, a orientação sexual torna legal a discussão sobre sexualidade”.
De acordo com Bruschini e Barroso (apud FIGUEIRO, 2001 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 5), “[...] é responsabilidade da escola dar aos jovens a Orientação Sexual de que necessitam e que não lhes é oferecida por outras fontes”. Segundo Silva (apud RIBEIRO, 1999 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 6),

não precisa ser necessariamente um médico ou o professor de ciências a trabalhar com OS. O essencial é que seja um educador e, portanto, interessado em estruturar um processo de ensino/aprendizagem com o aluno adolescente. Esse profissional obrigatoriamente deverá passar pelo processo já caracterizado por nós como “necessário” e “possível”. Um processo de capacitação inicial e acompanhamento contínuo do trabalho a ser desenvolvido. (grifado no original).

Portanto, o professor deve fazer chegar aos alunos conteúdos que promovam a reflexão. Consoante a Tiba (2006 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 6), “a escola é um espaço intermediário de educação entre a família e a sociedade, portanto, seus limites comportamentais e disciplinares têm de ser mais severos que os familiares, porém mais suaves que os da sociedade”. E, para Santos (2001, p. 24),

o trabalho de Orientação Sexual, propõe a ampliar, diversificar e aprofundar a visão sobre a sexualidade, abordando os diferentes pontos de vista existentes na sociedade, incluindo as práticas sexuais ligadas ao afeto, ao prazer, ao respeito e à própria sexualidade. Este não se limita apenas a uma mera informação reprodutiva ou preventiva, pois a sexualidade tem uma dimensão histórica, cultural, ética e política que abrange todo o ser: corpo e espírito, razão e emoção, podendo se expressar de diversas formas: carícias, beijos, abraços, olhares. Assim, ela abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações de gênero, relações interpessoais, afetivas, imagem corporal e auto-estima.

A OS deve ser trabalhada de forma que promova a conscientização e possa contribuir de forma significativa para a quebra de preconceitos e tabus em ralação ao tema. Santos (2001, p. 23) destaca, também, que o trabalho de OS é  “um processo de intervenção sistematizado, planejado e intencional, promovendo o espaço de acolhimento e reflexão das dúvidas, valores, atitudes, informações, posturas, contribuindo para a vivência da sexualidade de forma responsável e prazerosa.

2.1 Manifestações da Sexualidade na Escola

De acordo com os PCN (BRASIL, 1997, p. 300), as manifestações sexuais acontecem com freqüência no âmbito escolar, porque acontece realização de carícias no próprio corpo, na curiosidade sobre o corpo do outro, nas brincadeiras com os colegas, nas piadas músicas, que se referem ao sexo, nas perguntas ou ainda na imitação de gestos e atitudes típicos da manifestação da sexualidade adulta.

É comum nos primeiros ciclos a curiosidade sobre a concepção e parto, relacionamento sexual ou AIDS. Muitas vezes a curiosidade se expressa de forma direta. Outras, surge encoberta em brincadeiras erotizadas, piadas, expressões verbais, músicas etc. Observa-se também que as reproduzem manifestações da sexualidade adulta vistas na TV ou presenciadas. (BRASIL, 1997, p. 301).

Portanto, a necessidade do educador ser preparado e compete para intervir com inteligência, nas situações que julgar inadequadas as normas do convívio escolar. De forma profissional, pois segundo o PCN (BRASIL, 1997, p. 300-301), “não cabe o professor condenar ou aprovar as atitudes, mas contextualizá-las. É função da própria escola estabelecer diretamente com seus alunos os limites para o que pode ou não pode ocorrer dentro dela”. Entretanto, segundo Gomes (2011, p. 5-6),

quando se fala em sexualidade, percebe-se que os adolescentes estão cercados por adultos que acreditam que ela se inicia apenas na fase da adolescência e que envolve somente erotismo, sensualidade, relacionamento amoroso e sexual. Isso torna difícil a orientação e informação dos jovens, pois muitos professores e pais têm dificuldades em falar sobre esse tema, sentem-se constrangidos, inseguros e com medo para falar sobre sexualidade e, assim, aguçar nos jovens a curiosidade de um relacionamento sexual, ou seja, a iniciação sexual precoce.

Conversar sobre sexualidade é de suma importância no mundo atual, para despertar nos jovens a importância da prevenção das DST/AIDS e gravidez precoce. No entanto, em pleno século XXI as questões relacionadas ao sexo e à sexualidade, ainda, são vistas com preconceito. Portanto,

[...] cabe à escola, a transmissão dos princípios democráticos e éticos que são o respeito pelo outro, o respeito por si mesmo, o respeito à pluraridade de opiniões. À família cabe transmitir os valores morais que a escola não tem condição de dar, e isso não dá para delegar, a família tem de explicitar o que acha certo e errado, isso não compete à escola, pois a escola não pode ter uma posição sobre o aborto, sobre casar virgem ou não, isso não é um consenso social. (SUPLICY, 2012).

A escola não deve dizer o que é “certo” ou “errado”, pois essa é função delegada à família. Cabe a ela preparar crianças e jovens para viver a vida sexual com segurança e prevenção das DST, gravidez, etc. E, esse processo de OS deve acontecer, principalmente, na escola, pois segundo Suplicy et al. (1998 apud SANTOS, 2001, p. 31),

a Orientação Sexual na escola se propõe a ampliar, diversificar e aprofundar a visão sobre a sexualidade, transmitindo à criança e aos adolescentes informações biológicas, corretas sobre a sua sexualidade incluindo o conceito, as praticas sexuais ligadas ao afeto, ao prazer, ao respeito e à responsabilidade. [...]. É desejável que a Orientação Sexual aborde a sexualidade dentro de um enfoque sociocultural, ampliando a visão do estudante e ajudando no aprofundamento e na reflexão sobre seus próprios valores.
                        
Sem dúvidas a escola deve ser o espaço mais propício para abordar o tema e orientar as crianças e adolescentes, pois em casa, muitas vezes, os pais não sabem como responder os questionamentos feitos por elas e acabam não respondendo ou dando respostas estereotipadas, contribuindo cada vez mais para o aumento de preconceitos e tabus. E, é com essa intenção que Sayão (1997 apud SANTOS, 2001, p. 29-30), afirma que

o trabalho de Orientação Sexual desenvolvido pela escola diferencia-se, pois, da abordagem assistemática realizada pela família, principalmente no que diz respeito à transmissão dos valores morais indissociáveis à sexualidade. Se, por um lado, os pais exercem legitimamente seu papel ao transmitirem seus valores particulares aos filhos, por outro lado, o papel da escola é o de ampliar esse conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para que o aluno possa, ao discuti-las, opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado.


Portanto, o trabalho de OS deve ser desenvolvido de forma abrangente, por intermédio de uma visão pluralista da sexualidade, mas sem a pretensão de substituir a família.

2.2  Postura dos Educadores

A postura do educar – que em geral está inserido no contexto global da escola – deve ser, também, a de preparar crianças e adolescentes para a reflexão e tomada de decisões, no que diz respeito à sua própria sexualidade. E para desenvolver um bom trabalho é necessário, não só o conhecimento. Segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 302),

é necessário que os educadores estabeleçam uma relação de confiança entre os alunos professores. Os professores precisam se mostrar disponíveis para conversar a respeito dos temas propostos e abordar as questões de forma direta e esclarecedoras, exceção feita às informações que se refiram à intimidade do educador. Informações corretas do ponto de vista científico ou esclarecedor sobre as questões trazidas pelos alunos são fundamentais para o bem-estar e tranqüilidade, para uma maior consciência de seu próprio corpo, elevação de sua autoestima e, portanto, melhores condições de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e abuso sexual.

Portanto, os educadores devem desenvolver seu trabalho sem transmitir valores com relação à sexualidade no seu trabalho cotidiano, inclusive na hora de responder a questões simples trazidas pelos alunos. Para tanto,

a escola deve informar, problematizar e debater os diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade, buscando não a isenção total, o que é impossível, mas um maior distanciamento das opiniões e aspectos pessoais dos professores para empreender essa tarefa. Isso porque na relação professor-aluno o professor ocupa lugar de maior poder, constituindo-se em referência muito importante para o aluno. A emissão da opinião pessoal do professor na sala de aula pode ocupar o espaço dos questionamentos, incertezas e ambivalências necessários à construção da opinião do próprio aluno. Por exemplo, numa discussão sobre virgindade entre um grupo de alunos de oitava série e seu professor, abordam-se todos os aspectos e opiniões sobre o tema, seu significado para meninos e meninas pesquisa-se suas implicações em diferentes culturas, sua conotação em diferentes momentos históricos e os valores atribuídos por distintos grupos sociais contemporâneos. O professor conduz e orienta o debate, não emitindo opiniões pessoais. (BRASIL, 1997, p. 302).

Para que esse trabalho traga benefícios para os alunos é necessário que os educadores sejam formados em uma área específica ou tenho conhecimento sobre sexualidade. Assim, os educadores poderão desenvolver um trabalho pautado em teorias e nos conhecimento, sem impor seus valores à cerca da sexualidade. E Santos (2001, p. 31), afirma que

A Orientação Sexual na escola deve ser trabalhada de forma contínua e integrada, uma vez que seu estudo remete à necessidade de se recorrer a um conjunto de conhecimentos relativos a diferentes áreas como: História, Antropologia, Sociologia, Biologia, Psicologia e outras mais. Além disso, ela deve ocorrer num âmbito coletivo, diferenciando-se de um trabalho individual de cunho psicoterapêutico.


Por fim, fica evidente a importância de se trabalhar a OS de forma contínua e integrada com as demais disciplinas, para que de fato traga mais benefícios para o a vida do aluno. Ou seja, de maneira geral, o trabalho de OS deveria permitir que crianças e adolescentes compreendessem

a sexualidade como um aspecto positivo da vida humana e deve propiciando a livre discussão de normas e padrões de comportamento em relação ao sexo e o debate das atitudes pessoais frente à própria sexualidade. (SANTOS, 2009, p. 31).

Assim sendo, fica evidente a necessidade de que as escolas devem se prepara para trabalhar de forma a cada vez mais ampliar e aperfeiçoar as atividades de OS com as criança e adolescente.





CAPÍTULO 3 –
AS CONTRIBUIÇÕES E OS BENEFÍCIOS QUE A EDUCAÇÃO SEXUAL TRAZ AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM


O trabalho de ES na escola pode trazer imensas contribuições e benefícios ao processo de ensino e aprendizagem, tanto de crianças nos anos iniciais do EF, como para os adolescentes da segunda etapa do mesmo EF.
O trabalho de pesquisa foi realizado na Escola Municipal D. C., do 1º e 5º ano do EF, as entrevistas, foram realizadas no mês de fevereiro do ano de 2012. A pesquisa buscou verificar a concepção dos professores acerca da relevância e os benefícios da ES. Os professores, doravante, serão identificados da seguinte forma:

Ø Professora 1 – sendo sexo feminino, graduada em pedagoga, tem 21 anos e trabalha na educação há um ano e seis meses, primeiro ano;

Ø Professora 2 – sendo sexo feminino, graduada em pedagogia, tem 26 anos trabalha na educação há dois anos, segundo ano;

Ø Professora 3 – graduada em pedagogia, tem 29 anos, trabalha na educação há 5 anos, terceiro ano;

Ø Professora 4 – sendo sexo feminino, tem 32 anos, trabalha na educação há 7 anos, quarto ano;

Ø Professora 5 – sendo sexo feminino, tem 35 anos, trabalha na educação há mais de dez anos, em um período é professora, quinto ano, e no contraturno é coordenadora.

Após identificar as professoras pesquisadas, segue-se à análise das respostas dadas às questões efetuados no questionário, no intuito de se apreender as contribuições e os benefícios que a ES traz ao processo de ensino e aprendizagem.

3.1 Dúvidas das Crianças a Respeito da Sexualidade

Verificou-se que as dúvidas dos alunos se apresentam por intermédio de brincadeiras, escritas nas carteiras, gestos e, até mesmo, por perguntas. Segundo as Professoras:

As crianças têm dúvidas a respeito da função das partes do corpo e fazem perguntas relacionadas a esse assunto. (Professora 1).

As crianças têm muitas dúvidas a respeito de como se beija na boca, como namora enfim. (Professora 3).

Nessa fase a sexualidade está mais aflorada, [...] as crianças sentem vontade de beijar na boca e passar a mão em algumas partes. (Professora 4).

As crianças têm dúvidas e fazem perguntas sobre DST e preservativo e gravidez. (Professora 5).

Nesse entendimento, é possível perceber que essas manifestações ligadas à sexualidade, além das dúvidas a respeito do assunto, são mais frequentes nas escolas, pois segundo Vilela (2012),

ali, o aluno encontra um ambiente altamente favorável ao seu desenvolvimento e socialização, proporcionado pelo convívio entre ambos os sexos. Por isso, os comportamentos ligados à sexualidade, muitas vezes, são mais freqüentes na escola do que em outros locais. Os educadores precisam se preparar para conduzir estas experiências de forma adequada.
 
Sem dúvidas a escola é um ambiente onde as crianças demonstram mais curiosidades em relação às partes do corpo. Elas querem saber por que os coleguinhas são diferentes, especialmente, em relação à genitália de meninos e meninas. E, com certeza esse ambiente é mais favorável às perguntas sobre sexualidade.
Percebeu-se que, de fato, ocorrem brincadeiras relacionadas à sexualidade, que acabam constrangendo um ou outro aluno. E, segundo os dados coletados nota-se que as Professoras não estavam preparadas para intervir e a esclarecer as dúvidas dos alunos e, nem mesmo, a orientá-los de forma clara, sem impor seus valores.

No momento não me sinto preparada, pois acredito que preciso de orientações, visto que já tive uma palestra sobre o assunto. (Professora 1).
Não me sinto suficientemente preparada, pois já tive contato com o PCN de OS, mas me sinto insegura a respeito de como falar desse assunto. (Professora 3).

Se essas profissionais, sem o preparo adequado, incorrem no erro de fortalecer em seus alunos idéias preconceituosas e valores dogmáticos – transmitidos muitas vezes pela família, mídia e sociedade –, então, elas estão contribuindo para a formação de crianças e adolescentes não críticos e reprodutores de preconceitos, intolerância, sexismo e discriminações de gênero e orientação sexual. Não obstante, uma das Professoras afirmou que se sente preparada para abordar o tema:

Recebi algumas orientações da psicóloga e lei sobre o assunto para responder com clareza as perguntas feitas pelos alunos. (Professora 4).


3.2 O Preparo dos Professores e o Treinamento Específico para Abordar do tema Educação Sexual com seus Alunos
                     

A escola é um ambiente onde os profissionais precisam estar preparados, e devem receber algum tipo de “treinamento específico” para trabalhar os assuntos relacionados à ES. De acordo com o que acredita Santos (2009, p. 28),
  
a escola é uma instituição onde, além de informações, transitam os valores sociais vigentes e neles a sexualidade também está presente. A escola, querendo ou não, lida diariamente com expressões da sexualidade, seja através de uma política de repressão quando proíbe ou inibe determinadas atitudes.

No entanto, segundo a análise das respostas foi possível perceber que a maioria das profissionais da escola, campo de pesquisa, não se sentem preparadas, pois não receberam o “treinamento específico” para abordar os temas relativos à ES. Segue algumas respostas que confirmam essa realidade:

Não recebi nenhum tipo de treinamento sobre esse assunto. (Professora 2).

Não recebi treinamento pela escola porque temos a psicóloga que faz esse trabalha. (Professora 4).

Percebe-se, então, que a maioria das professoras, realmente, não estão preparadas e nem receberam formação suficiente e necessária para trabalhar as temáticas referentes à ES. Para Vitiello (apud GUIMARÃES apud SANTOS, 2009, p. 28), “a educação sexual deve ser implementada nas escolas porque não há outro lugar onde se consiga reunirem jovens”.

3.3 Os Benefícios que a Educação Sexual traz ao Processo de Ensino e Aprendizagem

A respeito dos benefícios que a ES traz ao processo de ensino e aprendizagem, a maior parte das obras consultadas afirmam que ela tem como benefício, primordial, proporcionar o conhecimento do corpo humano e da prevenção da gravidez indesejada. E, na opinião das professoras:

o conhecimento de si mesmo e de seu corpo. (Professora 1).

as crianças têm muitas dúvidas e que os pais não sabem responder, por isso acho importante que essas perguntas sejam respondidas pela OS. (Professora 3).

é a conscientização que liberta do preconceito trazendo esclarecimentos e segurança. (Professora 5).

De acordo com os PCN, a ES propõe ao aluno: respeitar a diversidade de valores, valorizar e cuidar da saúde, identificar e repensar tabus e preconceitos referentes à sexualidade, identificar e expressar sentimentos dos outros, proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores, conhecer e adotar práticas de sexo protegido, evitar gravidez indesejada, ter consciência crítica e tomar decisões a respeito da própria sexualidade. (BRASIL, 1997).
Dentro do contexto do processo de ensino-aprendizagem, almeja-se que as crianças conheçam a si mesmas e percebam que determinadas manifestações tem lugar certo e aprendam a respeitar uns aos outros, dentro do ambiente escolar.

3.4 Metodologias e Recursos Utilizados para Trabalhar a Educação Sexual

Cada vez mais as crianças e jovens recebem uma diversidade de informações sobre sexo por meio de diversas fontes. Segundo Gomes (2011) entre essas fontes estão:
[...] os pais, irmãos, professores, colegas da mesma idade, do rádio, TV, revistas, conversas ou observando outros. Estas informações, porém, freqüentemente, são incompletas, enganadoras ou até falsas. Além disso, na TV tudo parece ser simples e normal. Além disso, na TV tudo parece ser simples e normal.

Por isso, faz-se necessário trabalhar a ES nas escolas, visto que esse é um ambiente onde os profissionais devem ser preparado/orientados para desenvolver um trabalho fundamentado em teorias científicas e numa diversidade de recursos didáticos. Assim, para abordar o tema ES, na escola, costuma-se utilizar diversos recursos:

aulas expositivas, vídeos, seminários, palestras com profissionais habilitados, internet no Laboratório Internet Educacional (LIE). (Professora 5).


3.5 A Polêmica da Sexualidade e a Reação dos Pais ao Trabalho da Escola

A sexualidade, ainda hoje, sem dúvidas é um tema que causa polêmica, e reação dos pais, quando é abordada na escola. Esta percepção pode ser comprovada por meio das seguintes repostas:

alguns pais não aceitam e algumas vezes discordam de trabalhar esse tema em sala de aula, pois acha que seus filhos são muito criança. (Professora 2).

infelizmente em pleno século XXI esse assunto é polêmico, porque os pais não estão preparados para encarar que seus filhos estão pensando em sexo. (Professora 4).

Não obstante, de acordo com o entendimento de Gomes (2012) “enquanto pais, professores e sociedade em geral não mudarem sua forma de pensar e agir, não haverá igualdade de gênero, ou seja, igualdade cultural e nem uma educação sexual adequada e necessária para o mundo atual”. E, também, segundo Suplicy (2012),

esse é um papel que cabe à escola, a transmissão dos princípios democráticos e éticos que são o respeito pelo outro, o respeito por si mesmo, o respeito à pluralidade de opiniões. À família cabe transmitir os valores morais que a escola não tem condição de dar, e isso não dá para delegar, a família tem de explicitar o que acha certo e errado, isso não compete à escola, pois a escola não pode ter uma posição sobre o aborto, sobre casar virgem ou não, isso não é um consenso social.
Portanto, cabe à escola desenvolver seu papel, haja vista que é esse um ambiente onde os profissionais devem estar preparados para abordar o tema ES, sem impor seus valores, pois esse é papel da família.

3.6 A Educação Sexual nos Anos Iniciais na Concepção dos Professores

Para se finalizar esta análise, vale destacar as concepções das Professoras a respeito do papel e importância do trabalho de ES desenvolvido nos anos iniciais do EF:

conhecer a si mesmo e a respeitar os outros. (Professora 1).

é importante sim, pois podemos esclarecer algumas dúvidas que as crianças tem, que os pais não conseguem esclarecer. (Professora 2).

é importante para que as crianças conheçam este assunto, com isso ela vai conhecendo seu próprio corpo e as manifestações que ocorre consigo mesmo (Professora 3).

é importante, haja vista que as crianças já aos oito anos de idade estão entrando na adolescência, ou seja, cada vez mais cedo. Sendo assim, elas já se sentem adultas e capazes de assumir compromissos de namoro. (Professora 4).

através dela os alunos conhecem seu corpo e as mudanças que ocorrem consigo mesmos. (Professora 5).

Nesse entendimento, os PCN sugerem que a atividade sistemática de “orientação sexual dentro da escola articula-se com a promoção da saúde das crianças, dos adolescentes e dos jovens, e possibilita a realização de ações preventivas das doenças sexualmente transmissíveis/Aids de forma mais eficaz” (BRASIL, 1997, p. 293).
Portanto, o desafio para o professor é enorme, pois, ao mesmo tempo em que deve preservar a intimidade das crianças e não culpá-las por suas manifestações, ele é responsável por um processo educativo que aborda valores, diferenças individuais e grupais, de costumes e de crenças.





CONSIDERAÇÕES FINAIS


Diante do tema exposto é possível considerar que ao longo da vida todos os seres humanos todos são educados sexualmente, tanto no seio familiar, quanto na escola, seja de forma explícita ou mesmo implícita. Portanto, a ES tem início, particularmente, com os pais, e depois outros agentes sociais farão parte deste contexto, e as pessoas com quais as crianças convivem vão transmitindo informações, ideias, conceitos, preconceitos e tabus.
Nesse universo de relações, a mídia torna-se uma imensa fonte de influência e de cultura que se manifesta com força e mensagem ambígua, que ora incentiva e ora reprime, mobilizando a sexualidade de crianças e adolescentes.
A sexualidade é manifestada em todos os espaços por onde o ser humano circula, e na escola não é diferente. Por isso, faz-se necessário que ela seja um local onde as crianças e jovens encontrem informações necessárias para suprir suas dúvidas, curiosidades, e tenha informações que contribuam para a prevenção de DST/AIDS e gravidez precoce. Assim, é que se torna tão necessário o trabalho da ES ou OS no espaço privilegiado que é a escola. Vale aqui, ainda, expor a compreensão dos PCN, ao orientarem que

[...] não comporta avaliação por meio de notas ou conceitos, como habitualmente se pratica na escola. É fundamental realizar uma avaliação contínua do processo de trabalho, solicitando comentários dos alunos sobre as aulas desenvolvidas, o debate dos temas, a postura do educador, os materiais didáticos utilizados, o relacionamento da turma e o que ficou de mais importante para cada um, assim como as dúvidas que persistem e os temas que merecem ser retomados ou desmembrados. Questionários para avaliar tanto as informações quanto as opiniões dos alunos, sobre os temas gerais da sexualidade, podem ser aplicados no início e no final de cada programa desenvolvido, para colher dados, o que pode ser muito útil na avaliação do trabalho de Orientação Sexual. (BRASIL, 1997, p. 335).

Em muitos momentos o professor terá que lidar com expressões na sala de aula, algumas vezes através de questionamentos, outras envolvendo o comportamento e as atitudes. Neste sentido, sem dúvidas, é importante a intervenção do professor, não para reprimir, mas para ser mediador desse processo e não fechar o assunto em discussões e conclusões prontas e acabadas. O professor deve deixar o aluno a expor suas ideias e conclusões, pois é nesse processo de questionamentos e debates que se constrói o conhecimento. 
Pode-se observar, diante do tema pesquisado, que os educadores reconhecem a importância da ES, pois os alunos têm a oportunidade de conhecerem mais e melhor seus corpos e as mudanças que ocorrem consigo mesmos, além de prevenção de DTS/AIDS, gravidez, e seus benefícios gerais no processo de ensino e aprendizagem. Porém, as professoras investigadas reconhecem, também, que não estão preparadas para intervir, caso seja necessário, sobre as manifestações da sexualidade de seus alunos. Fato que é confirmado por Silva (2009, p. 34), ao afirmar que “abordar a sexualidade não é uma tarefa simples, é necessário compreendê-la em todos seus aspectos, sejam fisiológicos, sociais, psicológicos, éticos, culturais e emocionais”.
Entretanto, a escola enquanto instituição deve estar aberta à implantação de programas, participar de palestras, seminários e debates a respeito da ES. Nesta perspectiva, a escola como instituição de ensino deve proporcionar a formação de cidadãos críticos, reflexivos e construtores de conhecimentos. E, além de tudo isso, ajudar na minimização do preconceito e tabus relacionados à ES. Mas, para esse processo ocorrer é de suma importância que o educador esteja interessado e goste do tema, e tenham o apoio e a participação de toda equipe pedagógica.
Acredita-se que não é necessária a presença de um especialista para ministrar aulas, porque a ES não é diferente de outras disciplinas, mas, sim, uma preparação por parte dos docentes, pois o tema exige conhecimento específico para ser abordado. Faz-se necessário, também, trabalhar com uma diversidade de recursos didáticos como: aulas expositivas, vídeos, seminários, palestras etc., e se adotar metodologias participativas, por intermédio das quais o conhecimento seja construído de forma coletiva.
A sexualidade é um assunto sempre presente, e que, ainda hoje, no século XXI, sofre preconceitos e tabus, pois muitos pais acreditam que o assunto relacionado à ES cabe somente a eles falarem com seus filhos, sendo que outros mais tradicionais preferem nem comentar o assunto em casa. Por isso, é tão difícil abordar o tema na escola, porque é preciso levar em consideração valores e crenças das famílias dos alunos. Cabe, então, ao professor, intervir perante comportamentos inapropriados e respondendo às dúvidas de seus alunos, sem impor seus próprios valores e crenças.
Finalmente, não há dúvidas de que a escola e a família têm papel fundamental em relação à ES das crianças e jovens. Por isso, ambas devem trabalhar juntas para que o trabalho educativo de uma complemente o da outra.
                                                                                   


REFERÊNCIAS



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APÊNDICE



















Roteiro de Entrevista Estruturada realizada com professoras do 1° ano do Ensino Fundamental, da Escola Municipal D. C., no município de Goiânia-GO.


1) Quais são as dúvidas das crianças nessa fase do ensino fundamental, a respeito da sexualidade?

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2) Você se sente preparado (a) para abordar o tema Educação Sexual com seus alunos? Você recebeu algum treinamento especifico acerca do assunto?

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3) Quais os benefícios que a Educação Sexual traz dentro do contexto de ensino-aprendizagem?

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4) Quais as metodologias, os recursos que você usa quando aborda o tema Educação Sexual com seus alunos?

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5) A sexualidade é um assunto que causa polêmica. Como agem os pais, quando a escola aborda o tema?
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6) E para você, qual é a importância de trabalhar a Educação Sexual nas series inicias?

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