UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE
INHUMAS
CURSO DE PEDAGOGIA
JORGE SILVA SOUSA
EDUCAÇÃO SEXUAL NOS
ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Inhumas
2012
JORGE SILVA SOUSA
EDUCAÇÃO SEXUAL NOS
ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia
apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como exigência final para
conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual de
Goiás, Unidade Universitária de Inhumas, para obtenção do título de licenciado
em Pedagogia – Pedagogo.
Área de concentração:
Desenvolvimento,
Aprendizagem, Diversidade e Educação.
Orientador: Prof. Ms. Osvaldo
José Sobral.
Inhumas
2012
JORGE SILVA SOUSA
EDUCAÇÃO SEXUAL NOS ANOS
INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia
apresentada ao Curso de Licenciatura em pedagogia, da Unidade Universitária de
Inhumas, da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de licenciada
em Pedagogia, aprovada em_______ de ______ de ________, pela Banca Examinadora constituída
pelos seguintes professores:
____________________________________________________________
Prof. Ms. Osvaldo José
Sobral – UEG
Presidente da Banca
____________________________________________________________
Profª. Ms. Tatiana Azevedo
de Souza da Cunha Lima – UEG
À minha
avó, Bernarda Pereira dos Santos Silva, que partiu tão cedo e deixou saudades, à
minha família e, em especial, ao meu pai, Pedro Alves de Souza, e à minha mãe,
Maria das Dores Silva Sousa, que me deixaram correr atrás dos meus sonhos,
nunca me impediram de voar, e que através das orações obtiveram o poder para
iluminar minha alma, e mesmo na distância, não saíram da minha mente e nem do
meu coração, razão pela qual desejo vencer todas as dificuldades em minha vida.
A
meus amigos, em especial, à minha amiga Hoanna Gabryella (Gabi) que durante
esses quatros anos de convivência, me possibilitaram ser uma pessoa melhor. E,
a todos aqueles que sempre acreditaram em mim, me incentivando a lutar pelos
meus sonhos, mesmo quando nem eu mesmo acreditava. Porque “sem sonhos, as
palavras se tornaram insuportáveis, as pedras se transformaram em golpes
fatais.” (Augusto Cury).
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
primeiramente, a Deus por estar comigo nos momentos em que mais necessitei e
por me dar força e condições para concluir este curso.
Em especial, agradeço
também ao meu orientador Prof. Osvaldo José Sobral pela sua orientação e
incentivo em cada etapa deste projeto.
À minha família, que
tanto orou e ora para que eu alcance o sucesso, e mim realize.
À minha querida irmã Maria José Silva Sousa, por estar sempre comigo, nos
momentos de alegria e tristeza, me dando força e incentivando em todos os
momentos de minha vida.
Ao meu avô Antônio Alves de Souza, pelo carinho demonstrado por mim, e
pelas histórias contadas, fazendo com que eu despertasse meu imaginário
infantil.
À minha querida professora da primeira fase do ensino fundamental, Maria
dos Aflitos Santos, que me ensinou a dar os primeiro passos no caminho da
leitura e escrita, com carinho e dedicação.
À minha amiga e
companheira de escola, Francicléia Vasconcelos da Silva, pelo seu carinho e
companheirismo em todos os momentos que precisei.
Aos meus amigos do
Colégio Estadual Olavo Bilac, em especial Beatriz da Silva Leite, Tânia
Justina, Thaís Augusta Mota, Kesley Dias dos Santos, Enivaldo Francisco dos
Santos, Uevérson Rodrigues, Willian Pereira e Willian de Matos, pelo carinho e
companheirismo.
Aos meus professores
da UEG, em especial, à professora mestre Denise Elza Nogueira Sobrinha, pelo
carinho e compreensão no período do estágio supervisionado em docência da Educação
Infantil.
Às minhas amigas e
companheiras da UEG, em especial, Cláudia Correia de Lima, que me ajudou a
pesquisar e escrever um artigo, relacionado ao tema “Educação Sexual”, que me
ajudou bastante na escrita deste projeto, e, ainda, Mônica Caitano da Silva,
Marina Alves Pires, Núbia Gracyella Vasconcelos e, em especial, à minha querida
Hoanna Gabryella G. Barbosa, que compartilharam comigo tristezas, alegrias e
conhecimentos.
À minha
tia Irene de Souza e tia Maria Ilma dos Santos, que me acolheu em sua casa, por
algum tempo, quando precisei. E, em especial, à minha prima Natalia de Souza de
Paulo, pelo carinho.
Ao supermercado Royal, pela compreensão e por me ajudar em vários
momentos que precisei. Em especial, à minha amiga e ex-companheira de serviço,
Andréia de Paula Lopes.
À professora mestre Tatiana Azevedo de Souza da Cunha Lima,
por aceita a ler este projeto – monografia.
E, finalmente, a todos aqueles que fazem parte da minha vida e que
acreditam e torceram pela minha vitória.
“A sexualidade tem grande importância no
desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois, além de sua
potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade
fundamental das pessoas. Manifesta-se desde o momento do nascimento até a
morte, de forma diferente a cada etapa do desenvolvimento humano, sendo
construída ao longo da vida” (BRASIL, 1997, p. 295).
RESUMO
SOUSA,
Jorge Silva. Educação Sexual nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. 2012. 38f. Monografia (Licenciatura em
Pedagogia) – Inhumas: Universidade Estadual de Goiás, unidade universitária de
Inhumas, 2012.
Este Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), apresentado na forma de uma monografia, se originou a
partir de um projeto de pesquisa, cujo tema é “Educação Sexual”, que por sua
vez foi delimitado na concepção dos professores sobre Educação Sexual, do 1º ao
5º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia,
Goiás. Para tal proposta investigativa foi elaborada a seguinte
problematização: Quais são as concepções dos professores do 1º ao 5º ano do
Ensino Fundamental acerca do tema Educação Sexual, na Escola Municipal D. C.,
da cidade de Goiânia, Goiás? O objetivo geral do pré-projeto foi: Analisar o
trabalho de Educação Sexual, no Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, na
concepção dos professores da Escola Municipal D. C., do município de Goiânia,
Goiás. E, os objetivos específicos foram: 1) identificar as dificuldades
enfrentadas pelos professores diante das dúvidas das crianças nessa fase do
ensino fundamental, a respeito da sexualidade; 2) verificar se os professores estão preparados ou se receberam treinamento
específico acerca do assunto; 3) compreender os benefícios que a Educação
Sexual traz dentro contexto do processo de ensino e aprendizagem; 4) reconhecer
a metodologia usada pelos professores ao abordarem o tema; e 5) perceber
a importância de trabalhar a Educação Sexual nos anos iniciais, segundo a
concepção dos professores. Quanto aos procedimentos metodológicos utilizou-se
um levantamento bibliográfico, no qual foram pesquisadas as obras dos seguintes
autores: Sayão, Sayão e Meireles (1997); Santos (2001); Silva (2009); dentre
outros; além de documentos nacionais de orientação para o Ensino Fundamental.
Seguindo à fundamentação teórica, realizou-se uma investigação empírica, na
qual foi utilizada a técnica de entrevistas com docentes, que buscaram
identificar suas concepções a respeito do tema pesquisado, que foram analisados
numa perspectiva qualitativa. Para tanto, a monografia foi estruturada em três
capítulos: o capítulo 1, apresenta uma breve história, o conceito e os
objetivos da Educação Sexual, sob o ponto de vista de diversos autores; o
capítulo 2, refere-se à orientação sexual na escola, as manifestações da sexualidade na escola, postura dos educadores diante
do tema, conceituando sexualidade sob o ponto de vista de diversos autores; e o
capítulo 3, são apresentadas as contribuições e os benefícios que a Educação
Sexual traz ao processo ensino-aprendizagem e a sua importância nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, segundo a concepção dos professores.
Finalmente, é possível considerar que a sexualidade é um assunto sempre
presente, e que, ainda hoje, no século XXI, sofre preconceitos e tabus, por
isso, é tão difícil abordar o tema na escola, porque é preciso levar em
consideração valores e crenças das famílias dos alunos. Cabe ao professor
intervir perante comportamentos inapropriados e respondendo às dúvidas de seus
alunos, sem impor seus valores e crenças. E, não há dúvidas de que a escola e a
família têm papel fundamental em relação à Educação Sexual das crianças e
jovens, por isso, ambos devem trabalham juntos para que o trabalho educativo de
uma complemente o da outra.
Palavras-chave: Sexualidade;
Educação Sexual; Orientação Sexual; Ensino Fundamental.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDS
|
–
|
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(Acquired Immunodeficiency Syndrome)
|
DST
|
–
|
Doenças Sexualmente Transmissíveis
|
EF
|
–
|
Ensino Fundamental
|
ES
|
–
|
Educação Sexual
|
LIE
|
–
|
Laboratório
Internet Educacional
|
MEC
|
–
|
Ministério da
Educação
|
OS
|
–
|
Orientação Sexual
|
PCN
|
–
|
Parâmetro Curricular
Nacional
|
SEF
|
–
|
Secretaria de
Educação Fundamental
|
TCC
|
–
|
Trabalho de
Conclusão de Curso
|
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................07
LISTA DE ABREVIATURAS E
SIGLAS.....................................................................08
INTRODUÇÃO
..........................................................................................................10
CAPÍTULO 1 – BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL.................................14
1.1 O conceito da Educação Sexual
.........................................................................16
1.2 Os objetivos da Educação Sexual
.......................................................................17
CAPÍTULO 2 – ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA..............................................20
2.1 Manifestações da sexualidade na escola.............................................................22
2. 2 Postura dos educadores diante
do tema.............................................................24
CAPÍTULO
3 – OS BENEFÍCIOS QUE A EDUCAÇÃO SEXUAL (ES) TRAZ
AO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM .................................26
3.1 Dúvidas das Crianças a Respeito da
Sexualidade...............................................27
3.2
O Preparado dos Professores e o Treinamento Específico para Abordar do
tema Educação Sexual com seus
Alunos............................................................28
3.3 Os Benefícios que a Educação Sexual traz
ao Processo de Ensino e
Aprendizagem......................................................................................................29
3.4
Metodologias e Recursos Utilizados para Trabalhar a Educação Sexual...........29
3.5
A Polêmica da Sexualidade e a Reação dos Pais ao Trabalho da Escola..........30
3.6 A Educação Sexual nos
Anos Iniciais na Concepção dos Professores...............31
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................32
REFERÊNCIAS..........................................................................................................35
APÊNDICE.................................................................................................................37
INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),
apresentado na forma de uma monografia, se originou a partir de um projeto de
pesquisa, cujo tema é “Educação Sexual”, que por sua vez foi delimitado na
concepção dos professores sobre Educação Sexual, do 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás. Para tal
proposta investigativa foi elaborada a seguinte problematização: Quais são as
concepções dos professores do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental acerca do tema
Educação Sexual, na Escola Municipal D. C., da cidade de Goiânia, Goiás?
O
objetivo geral do pré-projeto foi: Analisar o trabalho de Educação Sexual, no
Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, na concepção dos professores da Escola
Municipal D. C., do município de Goiânia, Goiás. E, os objetivos específicos
foram: 1) identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores diante das
dúvidas das crianças nessa fase do ensino fundamental, a respeito da sexualidade;
2) verificar se os professores estão
preparados ou se receberam treinamento específico acerca do assunto; 3)
compreender os benefícios que a Educação Sexual traz dentro contexto do
processo de ensino e aprendizagem; 4) reconhecer a metodologia usada pelos
professores ao abordarem o tema; e 5) perceber a importância de
trabalhar a Educação Sexual nos anos iniciais, segundo a concepção dos
professores.
Quanto aos
procedimentos metodológicos utilizou-se um levantamento bibliográfico, no qual foram
pesquisadas as obras dos seguintes autores: Sayão, Sayão e Meireles (1997);
Santos (2001); Silva (2009); dentre outros; além de documentos nacionais de
orientação para o Ensino Fundamental (EF). Seguindo à fundamentação teórica, realizou-se
uma pesquisa empírica, na qual foi utilizado como instrumento de investigação o
questionário, aplicado em alguns docentes, que buscaram introdução à fundamentação teórica, vale destacar que a Educação Sexual
(ES) como prática tem identificar suas concepções a respeito do tema pesquisado,
que foram analisados numa perspectiva qualitativa.
Como foi discutida e estudada por diversos autores, as questões
referentes à sexualidade tem sido tarefa, geralmente, delegada à escola. E, como
afirma
Silva (2009, p. 9),
muitos
pais apresentam dificuldades em dialogar e orientar seus filhos sobre a
sexualidade transformando esse assunto em tabu, que não diz respeito às
crianças, estas, mesmo que não se expressem ou questionem, pensam no assunto,
podendo até criar idéias equivocadas e distorcidas que posteriormente
prejudicarão a vivência da sua sexualidade na idade adulta. Essas dificuldades
enfrentadas pelos pais leva a repassarem para o âmbito escolar sua
responsabilidade, ficando esta a cargo dos professores, que por sua vez nem
sempre recebem a formação adequada para subsidiar seu trabalho.
Portanto, os
profissionais da educação precisam ser cuidadosos ao lidar com temas
relacionados à sexualidade no âmbito escolar, principalmente com as crianças.
Pois, este é um assunto que gera muita polêmica, e segundo Silva (2009, p. 9),
é fundamental que o educador
tenha
muito preparo e uma formação específica para trabalhar com o tema, deve
analisando questões teóricas, leituras, discussões e diferentes abordagens para
obter condições de levar seus alunos a refletir e conquistar autonomia para
eleger seus valores, convicções e se livrar de tabus, mentiras e medos.
Então, faz-se
necessário que os educadores tenham uma formação específica e continuada para
orientar e tira dúvidas dos alunos acerca da sexualidade.
O Ministério da
Educação (MEC), por intermédio da Secretaria de Educação Fundamental (SEF),
elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que concebe a sexualidade como
algo inerente ao ser humano e está presente em diversos espaços, entre eles a
escola. Cabe a ela – como a principal instituição responsável pela mediação do
conhecimento acumulado historicamente por toda a humanidade – proporcionar a ES
a seus alunos, haja vista que é o local onde eles permanecem por mais tempo e
se socializam uns como os outros. A escola se caracteriza, também, como um
espaço privilegiado no qual é possível inserir a ES, por meio de um processo
educacional com fins preventivos, sociais, emocionais, além de contribuir
positivamente na área da saúde (BRASIL, 1997).
A ES ultrapassa
fronteiras disciplinares e de gêneros, por isso os professores precisam estar
preparados para enfrentar as diversas situações que estão presentes no
cotidiano escolar, situações nas quais o professor é chamado a intervir.
A escola, querendo ou
não, se depara com situações nos quais sempre intervêm. Seja no cotidiano da
sala de aula, quando proíbe ou quando permite certas manifestações e não
outras, seja optar por informar os pais sobre as manifestações de seus filhos,
a escola está transmitindo sempre certos valores, mais ou menos regidos, a
depender de profissionais envolvidos naquele momento. (BRASIL, 1997, p. 113).
Se
esses profissionais estiverem despreparados incorrem no erro de fortalecerem em
seus alunos ideias preconceituosas e valores dogmáticos, transmitidos muitas
vezes pela família, mídia e sociedade, contribuindo assim para a formação de
cidadãos não críticos.
Nessa
perspectiva, os PCN, referentes à alfabetização e às quatro primeiras séries do
EF, compreende o trabalho de educacional voltado para a sexualidade humana,
como Orientação Sexual (OS), que
vem como tema
transversal no intuito de orientar a criança, pois cabe a escola abordar
diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para
auxiliar o aluno a encontrar um ponto de auto referência por meio de reflexão.
(BRASIL, 1997, p. 83).
Entretanto, para que a
ES aconteça na escola é necessária a preparação dos professores para abordar o
tema com mais conhecimento e segurança, e esses devem ser trabalhos em conjunto
com a equipe pedagógica, que precisa estabelecer os objetivos, motivos e
materiais com que realizarão o trabalho de OS.
É possível acreditar
que a escola necessita abrir suas portas para a ES, contribuir para a expressão
da sexualidade ligada à vida, ao bem estar, ao prazer, ao conhecimento, a
autoestima, a comunicação, ao favorecimento das relações interpessoais e de uma
sexualidade saudável.
Esta pesquisa propõe
realizar um aprofundamento teórico nos estudos sobre a temática ES e OS, e
empírica, na qual se fez uma reflexão acerca da ES na concepção dos professores
e seus benefícios no processo ensino-aprendizagem. Definindo conceito,
objetivo, verificando qual sua importância no âmbito escolar.
Portanto, esse
trabalho se realizou através de pesquisa bibliográfica e empírica sobre o tema
proposto. E, está estruturado em três capítulos, que se propõem a uma discussão
conforme segue:
I. capítulo
– será apresentada breve história, o conceito e os objetivos da ES, sob o ponto
de vista de diversos autores;
II. capítulo
– refere-se à OS na escola, as manifestações
da sexualidade na escola, postura dos educadores diante do tema, conceituando
sexualidade sob o ponto de vista de diversos autores;
III. capítulo
– serão apresentadas as contribuições e os benefícios que a ES traz ao processo
ensino-aprendizagem e a importância da ES nos anos iniciais do EF, segundo a
concepção dos professores.
CAPÍTULO
1 – UMA BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL
Abordar
o tema ES não é novidade, principalmente, quando se pensa na questão da
sexualidade na escola, porque ES sempre esteve presente na sociedade, porém era
um tema permeado por tabus e preconceitos (SANTOS, 2001). Contudo, é
interessante nos remeter a alguns fatos e datas significativas pelas quais
passou esta importante abordagem.
Pouco se
sabe sobre a “entrada” da sexualidade na escola, porém alguns estudiosos [...]
apontam para o seu surgimento na França, a partir da segunda metade do século
XVIII. Foi a partir desse período que a chamada Educação Sexual começou a
preocupar os educadores. (SANTOS, 2001, p. 11, grifado no original).
Nesse
período, a sociedade e os educadores demonstraram preocupações quanto à
sexualidade e a ES, porque a sociedade encarava à masturbação como algo sujo e
pecaminoso. Segundo Sayão, Sayão e Meireles (1997), o que ocorria nesse período
era, principalmente, o combate à masturbação.
Já,
ao fim do século XIX, surgiu nas escolas à atividade de trabalha a sexualidade
nas escolas, com o objetivo de prevenir “as doenças venéras, a degenerescência
da raça e o aumento dos abortos clandestinos.” (SAYÃO; SAYÃO; MEIRELES, 1997,
p. 107).
Somente
a partir da década de 1920 perceberam-se algumas mudanças influenciadas pelos
movimentos sociais, que se propunha, com a abertura política, repensar o papel
da escola e dos conteúdos por ela trabalhado. Desde então, se desenvolveu a ES
nas escolas.
Entre
as décadas de 1930 a 1950 não há registros do que foi realizado, e entre os
anos de 1960 e 1970 “o Brasil passa por um
período de intensa repressão através da ascensão dos militares ao poder,
instalando um clima de moralismo puritano e aumento da censura e medo”
(WALENDORFF, 2007). Em conformidade com os PCN,
a
partir de meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade
nas escolas aumentou em virtude da preocupação dos educadores com o grande
crescimento da incidência de gravidez indesejada entre as adolescentes e com o
risco da infecção pelo HIV (vírus da AIDS) entre os jovens. Antes,
acreditava-se que as famílias apresentavam resistência à abordagem dessas
questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais reivindicam a
orientação sexual nas escolas, pois reconhecem não só a sua importância para
crianças e jovens, como também a dificuldade de falar abertamente sobre o
assunto em casa. (BRASIL, 1997, p. 291).
Já
no ano de 1995, com a elaboração dos PCN, o tema OS, foi proposto pelo
Ministério da Educação (MEC). Sendo abrangido nos temas transversais a serem
trabalhados de forma articulada com outras disciplinas, e fazendo parte do
currículo escolar,
englobam
as relações de gênero, o respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de
crenças, valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e
pluralista. Inclui a importância da prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis/AIDS e da gravidez indesejada na adolescência, entre outras
questões polêmicas. Pretende contribuir para a superação de tabus e
preconceitos ainda arraigados no contexto sociocultural brasileiro. (BRASIL,
1997, p. 287)
Como é possível perceber, existiu todo um
processo histórico que contribuiu para uma “educação anti-sexual”, na qual se
notava a predominância dos valores vigentes na sociedade e reações de
preconceitos e repressão a qualquer tentativa de mudança. Não obstante, segundo
Silva (2009, p. 25),
a
orientação sexual foi integrada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, por meio
da transversalidade, sendo uma determinação da LDB Nº 9394/96. Essa conquista
deve-se a uma longa luta de educadores, em decorrência da importância que a
sexualidade assume na sociedade, na cultura e na realidade. A presença temática
da sexualidade como tema transversal ainda é um desafio para os educadores que
não se vêm preparado para lida com tal tema.
Acredita-se, ainda, que existem fortes
influências desse modelo no processo educativo atual. E, romper com tais
barreiras não é uma tarefa fácil, mas possível, e neste sentido a ES pode
acrescentar e enriquecer muito no processo de educação, tanto formal como para
a vida dos sujeitos sociais. E, ainda, hoje é um desafio para os educadores
aborda o tema nas escolas devido ser um tema permeado por tabus e preconceitos.
Contudo, segundo o PCN (1997), a inclusão da OS nos currículos escolares teve
aceitação de 86% das pessoas ouvidas em dez capitais brasileiras.
1.1 O Conceito da Educação Sexual
Quando
se pensa no tema ES, vários subtemas são suscitados: relação de gênero,
desenvolvimento humano, conhecimento do funcionamento e fisiologia do corpo,
relação sexual, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome – AIDS), gravidez, aborto, relação
amorosa, crescimento, prazer, escola, professores, dentre outros. Neste
entendimento, Santos (2001, p. 22), define a ES como sendo
um conjunto de
informações desenvolvidas de forma assistemática sobre a sexualidade. Esse
processo é global, não intencional, e envolve toda a ação exercida sobre o
indivíduo no seu cotidiano. Essa forma de intervenção é denominada, segundo alguns
autores, como informal. Surgindo no seio familiar, tende a reproduzir nos
jovens os padrões de moralidade de uma dada sociedade.
A
ES passa pela percepção de papeis assumidos e desempenhos por cada um dos sexos
(masculino e feminino); se relaciona com expressão corporal, com autoimagem,
com as relações estabelecidas, e neste sentido, com os afetos e os sentimentos.
Além disso, a ES atravessa o caminho da comunicação interpessoal, da
autoestima, de reprodução humana, da prevenção de DST/AIDS e da gravidez, da
identificação de situações de abuso sexual etc. E, para Santos (2001, p. 23),
Educação Sexual diz
respeito ao conjunto de valores transmitidos pela família e ambiente social,
percorrendo toda a vida, com influências da cultura, da mídia (rádio, TV,
revistas...), dos amigos (as), da escola, e nos permite incorporar valores,
símbolos, preconceitos e ideologias. Todos nós somos educadores sexuais, logo,
todas as pessoas são educadas sexualmente.
Portanto, quando se
fala/aborda a ES está-se referindo a um conceito global, sendo um conceito
transmitido pela família e deve ter continuidade na escola. E, ainda, sofre
influência da cultura e da mídia.
Em síntese, quando
falamos de Educação Sexual, de Programas de Educação Sexual, estamos a utilizar
um conceito global abrangente da sexualidade, que inclui a identidade sexual
(masculina/feminina), o corpo, as expressões da sexualidade, os afetos, a
reprodução e a promoção da saúde sexual e reprodutiva. (FRADE; MARQUES et al., 1999, p. 13).
Formulando o conceito de ES, pode-se dizer
que esta é parte integrante do contexto educativo e deve ser entendida como um
processo que trata de questões referentes à sexualidade e suas variáveis,
promovendo uma ampliação e discussão dos elementos que envolvem a sexualidade e
o desenvolvimento emocional e sexual do ser humano.
1.2
Os Objetivos da Educação Sexual
Segundo
Walendorff (2011), “antigamente a ES tinha como
objetivo maior combater a masturbação, tendo como pano de fundo as ideias de
Rousseau, para quem a ignorância era a melhor forma de manter a pureza
infantil”. Hoje, percebe-se a necessidade de se desenvolver uma forma de ES diferente,
porque os jovens estão mais expostos a questões relacionadas à sexualidade, e é
necessário discutir tais assuntos, pois como afirma Barbosa (2007),
tais
objetivos deixam claro que a escola de hoje precisa desenvolver uma forma de
educação sexual diferente [...]. [...] uma educação que parta da interação
professor(a)–aluno(a), que parta do que acontece com as crianças e os jovens
nos dias de hoje e os esclareça, permitindo que a dignidade humana seja o
objetivo maior. Discutir sobre os relacionamentos, sobre a posição dos gêneros
nos relacionamentos, aprender a fazer escolhas, conhecer seu corpo, proteger-se
da gravidez precoce, de doenças transmissíveis, respeitar-se e respeitar
aprendizagens necessárias para que possamos continuar vivendo regidos pelo
prazer e pela realidade.
Portanto,
para que a ES seja discutida de maneira eficiente pelos educadores é necessário
que esses tenham, também, orientação e conhecimento sobre o tema, pois para
Vilela (2009), a ES deve “preencher lacunas” nas informações que as crianças e
os adolescentes têm para encontrar respostas para suas curiosidades e dúvidas,
e, também, para fazer escolhas assertivas nas suas vidas. Para Suplicy (1987
apud WALENDORFF, 2007),
a Educação Sexual pode ocorrer em um processo formal e
informal, desde que seu objetivo seja sistematizado e que se propõe a preencher
lacunas de informação, erradicar tabus, preconceitos e abrir a discussão sobre
as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos cabem também propiciar
uma visão mais ampla, profunda e diversificada acerca da sexualidade.
O
tema pode ser discutido em sala improvisadas, em comunidades, escolas e hospitais,
o importante é que o haja a conscientização e contribuição na erradicação de
tabus e preconceito em ralação a ES. Segundo
Figueiró (2001 apud
SOUZA;
CRISOSTIMO, 2009, p. 5),
não podemos nos esquecer que o objetivo
fundamental da Educação Sexual consiste em ajudar as pessoas a viverem sua
sexualidade de maneira saudável e feliz, participando construtivamente da
transformação dos valores e normas sociais relacionados à sexualidade.
A ES tem objetivos
amplos e abrangentes, segundo Lopes (1993), conforme segue: promover o respeito
e a dignidade humana, favorecer a formação integral do sujeito, promover o
conhecimento dos processos que envolvem a sexualidade (físicos, psicológicos e
sociais), favorecerem as relações interpessoais e o desenvolvimento da
autoestima, dentre outros.
Nesse sentido, vale
ressaltar, aqui, que o tema investigado é bastante abrangente, e por vezes
causador de constrangimentos e embaraços. E, os educadores encontram
dificuldades em trabalhar com ele, havendo a necessidade de um profissional
qualificado para tal função ou a formação continuada dos profissionais da
educação, pois, segundo Veiga (2011),
o profissional
capacitado para ocupar tal papel precisa ter empatia e respeito pelo assunto.
Um preparo adequado é aquele que visa acabar com as dúvidas, angústias e a
atitude negativa perante ao sexo, possibilitando uma melhor habilidade de
comunicação e tomada responsável de decisões. Por ser um tema complexo e que
necessita acolhimento, o educador mais do que preparo técnico, precisa levar o
aluno ao reconhecimento das suas necessidades e desejos, desenvolvendo, assim,
a cognição e o afeto, chamando à responsabilidade de cuidar do próprio corpo.
Ou seja, é preciso quebrar tabus, oferecendo uma prática mais reflexiva, já que
educar não é somente levar informações sobre sexo, mas transmitir valores e
atitudes, levando-se em conta os sentimentos e o respeito por si e pelo outro.
Assim, uma educação
sexual sadia é aquela que não se limita ao aprendizado de órgãos, aparelhos
reprodutores e funções do corpo humano. Ela levanta assuntos sobre a
autoestima, desejos sexuais e sentimentos conflitantes, permitindo uma visão
consciente das relações interpessoais e de gênero, da saúde reprodutiva e
imagem corporal, concentrando-se, não somente nas dimensões fisiológicas, como
psicológicas, sociológicas e espirituais da sexualidade.
Se
o profissional estiver capacitado e conhecer/dominar bem o assunto vai
esclarecer as dúvidas dos alunos e vai também promover a conscientização e a
necessidade da promoção da educação sexual preventiva. Ainda, conforme acredita
Veiga (2011),
é o desconhecido que
leva a fantasias e gera angústia. Não é preciso mentir, incluindo a cegonha nos
discursos e nem responder além do que foi perguntado. Basta abrir espaço para
novos questionamentos. E a escola tem vários espaços para uma intervenção
saudável e um questionamento mais amplo sobre o sexo, ocupando um espaço falho
de informações, e assim, capaz de eliminar os preconceitos e possibilitar a
modificação de determinados valores, refletindo questões sem a necessidade de
chegar a uma única resposta como correta.
Portanto,
é de suma importância que a ES seja trabalha nos anos inicias como forma de conscientização
e prevenção, pois ela não faz com que o início sexual seja precoce, mas, sim,
conhecimento. Entretanto, para a ES que ocorre nas escolas, “é importante que
toda a equipe pedagógica esteja em sintonia e que o Projeto Político Pedagógico
esteja bem formulado e embasado em uma proposta inovadora e dialógica de educação”
(ARCARI, 2011).
CAPÍTULO
2 – ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA
Para se discutir as
questões relacionadas à Orientação Sexual (OS), na escola, faz-se necessário conceituar a
expressão OS, e para tanto, optou-se por defini-la conforme é apresentada no
Guia de Orientação Sexual
(1994, p. 8):
É utilizado na área educação, deriva do conceito pedagógico de
Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemático
na área da sexualidade, realizado principalmente em escolas. Pressupõe o
fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de
reflexão e questionamentos sobre posturas, tabus, crenças e valores a respeito
de relacionamentos e comportamentos sexuais.
E, como já foi apresentado no capítulo anterior, os
PCN têm como objetivo promover reflexões e discussões de técnicos, professores,
equipes pedagógicas acerca da OS. Neste sentido, o PCN destaca que
a escola, ao definir o trabalho com Orientação Sexual como uma de suas
competências, o incluirá no seu projeto educativo. Isso implica uma definição
clara dos princípios que deverão nortear o trabalho de Orientação Sexual e sua
clara explicitação para toda a comunidade escolar envolvida no processo
educativo dos alunos. Esses princípios determinarão desde a postura diante das
questões relacionadas à sexualidade e suas manifestações na escola, até a
escolha de conteúdos a serem trabalhados junto aos alunos. A coerência entre os
princípios adotados e a prática cotidiana da escola deverá pautar todo o
trabalho. (BRASIL, 1997, p. 299).
Portanto, a escola precisar ter uma equipe de
profissionais qualificados para desenvolver o trabalho de OS com competência
nas escolas. De acordo com o PCN,
o trabalho de OS na escola se faz problematizando, questionando e
ampliando o leque de conhecimentos e de opções para que o próprio aluno escolha
seu caminho. A Orientação Sexual aqui proposta não pretende ser diretiva e está
circunscrita ao âmbito pedagógico e coletivo, não tendo, portanto, caráter de
aconselhamento individual nem psicoterapêutico. Isso quer dizer que as
diferentes temáticas da sexualidade devem ser trabalhadas dentro do limite da
ação pedagógica, sem invadir a intimidade e o comportamento de cada aluno ou
professor. Tal postura deve, inclusive, auxiliar as crianças e os jovens a
discriminar o que pode e deve ser compartilhado no grupo e o que deve ser
mantido como vivência pessoal. (BRASIL, 1997, p. 299).
A escola deve ter um grande leque de conhecimento,
porque é um espaço privado onde tem que trabalha, com uma grande multiplicidade
de valores. Assim, diversos autores pontuam a importância do trabalho da OS nas
escolas.
Em
conformidade com o que acreditam Souza e Crisostimo (2009, p. 5), “a escola que tem por meta informar ou,
melhor ainda, formar, torna-se o local propício para a abordagem da temática;
pois, nesse espaço pedagógico, a orientação sexual torna legal a discussão
sobre sexualidade”.
De
acordo com Bruschini e Barroso (apud
FIGUEIRO, 2001 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 5), “[...] é
responsabilidade da escola dar aos jovens a Orientação Sexual de que necessitam
e que não lhes é oferecida por outras fontes”. Segundo Silva (apud RIBEIRO, 1999 apud SOUZA; CRISOSTIMO,
2009, p. 6),
não precisa ser
necessariamente um médico ou o professor de ciências a trabalhar com OS. O
essencial é que seja um educador e, portanto, interessado em estruturar um processo
de ensino/aprendizagem com o aluno adolescente. Esse profissional
obrigatoriamente deverá passar pelo processo já caracterizado por nós como
“necessário” e “possível”. Um processo de capacitação inicial e acompanhamento
contínuo do trabalho a ser desenvolvido. (grifado no original).
Portanto,
o professor deve fazer chegar aos alunos conteúdos que promovam a reflexão. Consoante
a Tiba (2006 apud SOUZA; CRISOSTIMO, 2009, p. 6), “a escola é
um espaço intermediário de educação entre a família e a sociedade, portanto,
seus limites comportamentais e disciplinares têm de ser mais severos que os
familiares, porém mais suaves que os da sociedade”. E, para Santos (2001, p.
24),
o
trabalho de Orientação Sexual, propõe a ampliar, diversificar e aprofundar a
visão sobre a sexualidade, abordando os diferentes pontos de vista existentes
na sociedade, incluindo as práticas sexuais ligadas ao afeto, ao prazer, ao
respeito e à própria sexualidade. Este não se limita apenas a uma mera
informação reprodutiva ou preventiva, pois a sexualidade tem uma dimensão
histórica, cultural, ética e política que abrange todo o ser: corpo e espírito,
razão e emoção, podendo se expressar de diversas formas: carícias, beijos,
abraços, olhares. Assim, ela abrange o desenvolvimento sexual compreendido
como: saúde reprodutiva, relações de gênero, relações interpessoais, afetivas,
imagem corporal e auto-estima.
A OS deve ser trabalhada
de forma que promova a conscientização e possa contribuir de forma
significativa para a quebra de preconceitos e tabus em ralação ao tema.
Santos (2001, p. 23) destaca, também,
que o trabalho de OS é “um
processo de intervenção sistematizado, planejado e intencional, promovendo o espaço de acolhimento e reflexão das dúvidas,
valores, atitudes, informações, posturas, contribuindo para a vivência
da sexualidade de forma responsável e prazerosa”.
2.1
Manifestações da Sexualidade na Escola
De acordo com os PCN (BRASIL, 1997, p. 300), as
manifestações sexuais acontecem com freqüência no âmbito escolar, porque acontece
realização de carícias no próprio corpo, na curiosidade sobre o corpo do outro,
nas brincadeiras com os colegas, nas piadas músicas, que se referem ao sexo,
nas perguntas ou ainda na imitação de gestos e atitudes típicos da manifestação
da sexualidade adulta.
É comum nos primeiros ciclos a curiosidade sobre a concepção e parto,
relacionamento sexual ou AIDS. Muitas vezes a curiosidade se expressa de forma
direta. Outras, surge encoberta em brincadeiras erotizadas, piadas, expressões
verbais, músicas etc. Observa-se também que as reproduzem manifestações da
sexualidade adulta vistas na TV ou presenciadas. (BRASIL, 1997, p. 301).
Portanto, a necessidade do educador ser preparado e
compete para intervir com inteligência, nas situações que julgar inadequadas as
normas do convívio escolar. De forma profissional, pois segundo o PCN (BRASIL,
1997, p. 300-301), “não cabe o professor condenar ou aprovar as atitudes, mas
contextualizá-las. É função da própria escola estabelecer diretamente com seus
alunos os limites para o que pode ou não pode ocorrer dentro dela”. Entretanto,
segundo Gomes (2011, p. 5-6),
quando se fala em sexualidade, percebe-se que os adolescentes estão
cercados por adultos que acreditam que ela se inicia apenas na fase da
adolescência e que envolve somente erotismo, sensualidade, relacionamento
amoroso e sexual. Isso torna difícil a orientação e informação dos jovens, pois
muitos professores e pais têm dificuldades em falar sobre esse tema, sentem-se
constrangidos, inseguros e com medo para falar sobre sexualidade e, assim,
aguçar nos jovens a curiosidade de um relacionamento sexual, ou seja, a
iniciação sexual precoce.
Conversar sobre sexualidade é de suma importância no
mundo atual, para despertar nos jovens a importância da prevenção das DST/AIDS e
gravidez precoce. No entanto, em pleno século XXI as questões relacionadas ao
sexo e à sexualidade, ainda, são vistas com preconceito. Portanto,
[...] cabe à escola, a transmissão dos
princípios democráticos e éticos que são o respeito pelo outro, o respeito por
si mesmo, o respeito à pluraridade de opiniões. À família cabe transmitir os
valores morais que a escola não tem condição de dar, e isso não dá para
delegar, a família tem de explicitar o que acha certo e errado, isso não
compete à escola, pois a escola não pode ter uma posição sobre o aborto, sobre
casar virgem ou não, isso não é um consenso social. (SUPLICY, 2012).
A escola não deve dizer o que é “certo” ou “errado”,
pois essa é função delegada à família. Cabe a ela preparar crianças e jovens
para viver a vida sexual com segurança e prevenção das DST, gravidez, etc. E,
esse processo de OS deve acontecer, principalmente, na escola, pois segundo Suplicy
et al. (1998 apud SANTOS, 2001, p. 31),
a Orientação Sexual
na escola se propõe a ampliar, diversificar e aprofundar a visão sobre a
sexualidade, transmitindo à criança e aos adolescentes informações biológicas,
corretas sobre a sua sexualidade incluindo o conceito, as praticas sexuais
ligadas ao afeto, ao prazer, ao respeito e à responsabilidade. [...]. É
desejável que a Orientação Sexual aborde a sexualidade dentro de um enfoque
sociocultural, ampliando a visão do estudante e ajudando no aprofundamento e na
reflexão sobre seus próprios valores.
Sem dúvidas a
escola deve ser o espaço mais propício para abordar o tema e orientar as
crianças e adolescentes, pois em casa, muitas vezes, os pais não sabem como
responder os questionamentos feitos por elas e acabam não respondendo ou dando
respostas estereotipadas, contribuindo cada vez mais para o aumento de
preconceitos e tabus. E, é com essa intenção que Sayão (1997 apud SANTOS, 2001, p. 29-30), afirma que
o
trabalho de Orientação Sexual desenvolvido pela escola diferencia-se, pois, da
abordagem assistemática realizada pela família, principalmente no que diz
respeito à transmissão dos valores morais indissociáveis à sexualidade. Se, por
um lado, os pais exercem legitimamente seu papel ao transmitirem seus valores
particulares aos filhos, por outro lado, o papel da escola é o de ampliar esse
conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para
que o aluno possa, ao discuti-las, opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado.
Portanto,
o trabalho de OS deve ser desenvolvido de forma abrangente, por intermédio de
uma visão pluralista da sexualidade, mas sem a pretensão de substituir a
família.
2.2 Postura dos Educadores
A postura do educar – que em geral está inserido no
contexto global da escola – deve ser, também, a de preparar crianças e adolescentes
para a reflexão e tomada de decisões, no que diz respeito à sua própria
sexualidade. E para desenvolver um bom trabalho é necessário, não só o conhecimento.
Segundo os PCN (BRASIL, 1997, p. 302),
é necessário que os educadores estabeleçam uma relação de confiança entre
os alunos professores. Os professores precisam se mostrar disponíveis para
conversar a respeito dos temas propostos e abordar as questões de forma direta
e esclarecedoras, exceção feita às informações que se refiram à intimidade do
educador. Informações corretas do ponto de vista científico ou esclarecedor
sobre as questões trazidas pelos alunos são fundamentais para o bem-estar e
tranqüilidade, para uma maior consciência de seu próprio corpo, elevação de sua
autoestima e, portanto, melhores condições de prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez indesejada e abuso sexual.
Portanto, os educadores devem desenvolver seu
trabalho sem transmitir valores com relação à sexualidade no seu trabalho
cotidiano, inclusive na hora de responder a questões simples trazidas pelos
alunos. Para tanto,
a escola deve informar, problematizar e debater os diferentes tabus,
preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade, buscando não a isenção
total, o que é impossível, mas um maior distanciamento das opiniões e aspectos
pessoais dos professores para empreender essa tarefa. Isso porque na relação
professor-aluno o professor ocupa lugar de maior poder, constituindo-se em
referência muito importante para o aluno. A emissão da opinião pessoal do
professor na sala de aula pode ocupar o espaço dos questionamentos, incertezas
e ambivalências necessários à construção da opinião do próprio aluno. Por exemplo,
numa discussão sobre virgindade entre um grupo de alunos de oitava série e seu professor,
abordam-se todos os aspectos e opiniões sobre o tema, seu significado para
meninos e meninas pesquisa-se suas implicações em diferentes culturas, sua
conotação em diferentes momentos históricos e os valores atribuídos por
distintos grupos sociais contemporâneos. O professor conduz e orienta o debate,
não emitindo opiniões pessoais. (BRASIL, 1997, p. 302).
Para que esse trabalho traga benefícios para os
alunos é necessário que os educadores sejam formados em uma área específica ou
tenho conhecimento sobre sexualidade. Assim, os educadores poderão desenvolver
um trabalho pautado em teorias e nos conhecimento, sem impor seus valores à
cerca da sexualidade. E Santos (2001, p. 31), afirma que
A Orientação Sexual
na escola deve ser trabalhada de forma contínua e integrada, uma vez que seu
estudo remete à necessidade de se recorrer a um conjunto de conhecimentos
relativos a diferentes áreas como: História, Antropologia, Sociologia,
Biologia, Psicologia e outras mais. Além disso, ela deve ocorrer num âmbito
coletivo, diferenciando-se de um trabalho individual de cunho psicoterapêutico.
Por
fim, fica evidente a importância de se trabalhar a OS de forma contínua e integrada
com as demais disciplinas, para que de fato traga mais benefícios para o a vida
do aluno. Ou seja, de maneira geral, o trabalho de OS deveria permitir que
crianças e adolescentes compreendessem
a sexualidade como um
aspecto positivo da vida humana e deve propiciando a livre discussão de normas
e padrões de comportamento em relação ao sexo e o debate das atitudes pessoais
frente à própria sexualidade. (SANTOS, 2009, p. 31).
Assim
sendo, fica evidente a necessidade de que as escolas devem se prepara para trabalhar
de forma a cada vez mais ampliar e aperfeiçoar as atividades de OS com as
criança e adolescente.
CAPÍTULO
3 –
AS
CONTRIBUIÇÕES E OS BENEFÍCIOS QUE A EDUCAÇÃO SEXUAL TRAZ AO PROCESSO DE ENSINO
E APRENDIZAGEM
O
trabalho de ES na escola pode trazer imensas contribuições e benefícios ao
processo de ensino e aprendizagem, tanto de crianças nos anos iniciais do EF,
como para os adolescentes da segunda etapa do mesmo EF.
O
trabalho de pesquisa foi realizado na Escola Municipal D. C., do 1º e 5º ano do
EF, as entrevistas, foram realizadas no mês de fevereiro do ano de 2012. A
pesquisa buscou verificar a concepção dos professores acerca da relevância e os
benefícios da ES. Os professores, doravante, serão identificados da seguinte
forma:
Ø Professora
1 – sendo sexo feminino, graduada em pedagoga, tem 21 anos e trabalha na educação
há um ano e seis meses, primeiro ano;
Ø Professora
2 – sendo sexo feminino, graduada em pedagogia, tem 26 anos trabalha na
educação há dois anos, segundo ano;
Ø Professora
3 – graduada em pedagogia, tem 29 anos, trabalha na educação há 5 anos, terceiro
ano;
Ø Professora
4 – sendo sexo feminino, tem 32 anos, trabalha na educação há 7 anos, quarto
ano;
Ø Professora
5 – sendo sexo feminino, tem 35 anos, trabalha na educação há mais de dez anos,
em um período é professora, quinto ano, e no contraturno é coordenadora.
Após
identificar as professoras pesquisadas, segue-se à análise das respostas dadas
às questões efetuados no questionário, no intuito de se apreender as contribuições
e os benefícios que a ES traz ao processo de ensino e aprendizagem.
3.1 Dúvidas das Crianças a Respeito da
Sexualidade
Verificou-se
que as dúvidas dos alunos se apresentam por intermédio de brincadeiras,
escritas nas carteiras, gestos e, até mesmo, por perguntas. Segundo as
Professoras:
As crianças têm
dúvidas a respeito da função das partes do corpo e fazem perguntas relacionadas
a esse assunto. (Professora 1).
As crianças têm
muitas dúvidas a respeito de como se beija na boca, como namora enfim. (Professora
3).
Nessa fase a
sexualidade está mais aflorada, [...] as crianças sentem vontade de beijar na
boca e passar a mão em algumas partes. (Professora 4).
As crianças têm
dúvidas e fazem perguntas sobre DST e preservativo e gravidez. (Professora 5).
Nesse
entendimento, é possível perceber que essas manifestações ligadas à sexualidade,
além das dúvidas a respeito do assunto, são mais frequentes nas escolas, pois segundo
Vilela (2012),
ali, o aluno encontra
um ambiente altamente favorável ao seu desenvolvimento e socialização,
proporcionado pelo convívio entre ambos os sexos. Por isso, os comportamentos
ligados à sexualidade, muitas vezes, são mais freqüentes na escola do que em
outros locais. Os educadores precisam se preparar para conduzir estas
experiências de forma adequada.
Sem
dúvidas a escola é um ambiente onde as crianças demonstram mais curiosidades em
relação às partes do corpo. Elas querem saber por que os coleguinhas são
diferentes, especialmente, em relação à genitália de meninos e meninas. E, com
certeza esse ambiente é mais favorável às perguntas sobre sexualidade.
Percebeu-se
que, de fato, ocorrem brincadeiras relacionadas à sexualidade, que acabam
constrangendo um ou outro aluno. E, segundo os dados coletados nota-se que as Professoras
não estavam preparadas para intervir e a esclarecer as dúvidas dos alunos e,
nem mesmo, a orientá-los de forma clara, sem impor seus valores.
No momento não me
sinto preparada, pois acredito que preciso de orientações, visto que já tive
uma palestra sobre o assunto. (Professora 1).
Não me sinto
suficientemente preparada, pois já tive contato com o PCN de OS, mas me sinto
insegura a respeito de como falar desse assunto. (Professora 3).
Se
essas profissionais, sem o preparo adequado, incorrem no erro de fortalecer em
seus alunos idéias preconceituosas e valores dogmáticos – transmitidos muitas
vezes pela família, mídia e sociedade –, então, elas estão contribuindo para a
formação de crianças e adolescentes não críticos e reprodutores de preconceitos,
intolerância, sexismo e discriminações de gênero e orientação sexual. Não
obstante, uma das Professoras afirmou que se sente preparada para abordar o
tema:
Recebi algumas
orientações da psicóloga e lei sobre o assunto para responder com clareza as perguntas
feitas pelos alunos. (Professora 4).
3.2 O Preparo dos Professores e o Treinamento
Específico para Abordar do tema Educação Sexual com seus Alunos
A
escola é um ambiente onde os profissionais precisam estar preparados, e devem
receber algum tipo de “treinamento específico” para trabalhar os assuntos
relacionados à ES. De acordo com o que acredita Santos (2009, p. 28),
a escola é uma
instituição onde, além de informações, transitam os valores sociais vigentes e
neles a sexualidade também está presente. A escola, querendo ou não, lida
diariamente com expressões da sexualidade, seja através de uma política de
repressão quando proíbe ou inibe determinadas atitudes.
No
entanto, segundo a análise das respostas foi possível perceber que a maioria das
profissionais da escola, campo de pesquisa, não se sentem preparadas, pois não
receberam o “treinamento específico” para abordar os temas relativos à ES. Segue
algumas respostas que confirmam essa realidade:
Não recebi nenhum tipo
de treinamento sobre esse assunto. (Professora 2).
Não recebi
treinamento pela escola porque temos a psicóloga que faz esse trabalha.
(Professora 4).
Percebe-se, então, que a maioria das
professoras, realmente, não estão preparadas e nem receberam formação
suficiente e necessária para trabalhar as temáticas referentes à ES. Para
Vitiello (apud GUIMARÃES apud SANTOS, 2009, p. 28), “a educação
sexual deve ser implementada nas escolas porque não há outro lugar onde se
consiga reunirem jovens”.
3.3 Os Benefícios que a Educação Sexual traz
ao Processo de Ensino e Aprendizagem
A
respeito dos benefícios que a ES traz ao processo de ensino e aprendizagem, a
maior parte das obras consultadas afirmam que ela tem como benefício,
primordial, proporcionar o conhecimento do corpo humano e da prevenção da
gravidez indesejada. E, na opinião das professoras:
o conhecimento de si
mesmo e de seu corpo. (Professora 1).
as crianças têm
muitas dúvidas e que os pais não sabem responder, por isso acho importante que
essas perguntas sejam respondidas pela OS. (Professora 3).
é a conscientização
que liberta do preconceito trazendo esclarecimentos e segurança. (Professora 5).
De
acordo com os PCN, a ES propõe ao aluno: respeitar a diversidade de valores,
valorizar e cuidar da saúde, identificar e repensar tabus e preconceitos
referentes à sexualidade, identificar e expressar sentimentos dos outros,
proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores, conhecer e
adotar práticas de sexo protegido, evitar gravidez indesejada, ter consciência
crítica e tomar decisões a respeito da própria sexualidade. (BRASIL, 1997).
Dentro
do contexto do processo de ensino-aprendizagem, almeja-se que as crianças
conheçam a si mesmas e percebam que determinadas manifestações tem lugar certo
e aprendam a respeitar uns aos outros, dentro do ambiente escolar.
3.4 Metodologias e Recursos Utilizados
para Trabalhar a Educação Sexual
Cada vez mais as crianças e jovens recebem uma diversidade de informações
sobre sexo por meio de diversas fontes. Segundo Gomes (2011) entre essas fontes
estão:
[...] os pais, irmãos, professores, colegas da
mesma idade, do rádio, TV, revistas, conversas ou observando outros. Estas
informações, porém, freqüentemente, são incompletas, enganadoras ou até falsas.
Além disso, na TV tudo parece ser simples e normal. Além
disso, na TV tudo parece ser simples e normal.
Por
isso, faz-se necessário trabalhar a ES nas escolas, visto que esse é um
ambiente onde os profissionais devem ser preparado/orientados para desenvolver
um trabalho fundamentado em teorias científicas e numa diversidade de recursos
didáticos. Assim, para abordar o tema ES, na escola, costuma-se utilizar diversos
recursos:
aulas expositivas,
vídeos, seminários, palestras com profissionais habilitados, internet no Laboratório
Internet Educacional (LIE). (Professora 5).
3.5 A Polêmica da Sexualidade e a Reação
dos Pais ao Trabalho da Escola
A sexualidade, ainda
hoje, sem dúvidas é um tema que causa polêmica, e reação dos pais, quando é
abordada na escola. Esta percepção pode ser comprovada por meio das seguintes
repostas:
alguns pais não
aceitam e algumas vezes discordam de trabalhar esse tema em sala de aula, pois
acha que seus filhos são muito criança. (Professora 2).
infelizmente em pleno
século XXI esse assunto é polêmico, porque os pais não estão preparados para
encarar que seus filhos estão pensando em sexo. (Professora 4).
Não obstante, de
acordo com o entendimento de Gomes (2012) “enquanto
pais, professores e sociedade em geral não mudarem sua forma de pensar e agir,
não haverá igualdade de gênero, ou seja, igualdade cultural e nem uma educação
sexual adequada e necessária para o mundo atual”. E, também,
segundo Suplicy (2012),
esse é um papel que cabe à
escola, a transmissão dos princípios democráticos e éticos que são o respeito
pelo outro, o respeito por si mesmo, o respeito à pluralidade de opiniões. À
família cabe transmitir os valores morais que a escola não tem condição de dar,
e isso não dá para delegar, a família tem de explicitar o que acha certo e
errado, isso não compete à escola, pois a escola não pode ter uma posição sobre
o aborto, sobre casar virgem ou não, isso não é um consenso social.
Portanto, cabe à
escola desenvolver seu papel, haja vista que é esse um ambiente onde os
profissionais devem estar preparados para abordar o tema ES, sem impor seus
valores, pois esse é papel da família.
3.6
A Educação Sexual nos Anos Iniciais na Concepção dos Professores
Para
se finalizar esta análise, vale destacar as concepções das Professoras a
respeito do papel e importância do trabalho de ES desenvolvido nos anos
iniciais do EF:
conhecer a si mesmo e
a respeitar os outros. (Professora 1).
é importante sim,
pois podemos esclarecer algumas dúvidas que as crianças tem, que os pais não conseguem
esclarecer. (Professora 2).
é importante para que
as crianças conheçam este assunto, com isso ela vai conhecendo seu próprio
corpo e as manifestações que ocorre consigo mesmo (Professora 3).
é importante, haja
vista que as crianças já aos oito anos de idade estão entrando na adolescência,
ou seja, cada vez mais cedo. Sendo assim, elas já se sentem adultas e capazes
de assumir compromissos de namoro. (Professora 4).
através dela os
alunos conhecem seu corpo e as mudanças que ocorrem consigo mesmos. (Professora
5).
Nesse
entendimento, os PCN sugerem que a atividade sistemática de “orientação sexual
dentro da escola articula-se com a promoção da saúde das crianças, dos
adolescentes e dos jovens, e possibilita a realização de ações preventivas das doenças
sexualmente transmissíveis/Aids de forma mais eficaz” (BRASIL, 1997, p. 293).
Portanto,
o desafio para o professor é enorme, pois, ao mesmo tempo em que deve preservar
a intimidade das crianças e não culpá-las por suas manifestações, ele é responsável
por um processo educativo que aborda valores, diferenças individuais e grupais,
de costumes e de crenças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante
do tema exposto é possível considerar que ao longo da vida todos os seres
humanos todos são educados sexualmente, tanto no seio familiar, quanto na
escola, seja de forma explícita ou mesmo implícita. Portanto, a ES tem início,
particularmente, com os pais, e depois outros agentes sociais farão parte deste
contexto, e as pessoas com quais as crianças convivem vão transmitindo
informações, ideias, conceitos, preconceitos e tabus.
Nesse
universo de relações, a mídia torna-se uma imensa fonte de influência e de cultura
que se manifesta com força e mensagem ambígua, que ora incentiva e ora reprime,
mobilizando a sexualidade de crianças e adolescentes.
A
sexualidade é manifestada em todos os espaços por onde o ser humano circula, e
na escola não é diferente. Por isso, faz-se necessário que ela seja um local
onde as crianças e jovens encontrem informações necessárias para suprir suas
dúvidas, curiosidades, e tenha informações que contribuam para a prevenção de DST/AIDS
e gravidez precoce. Assim, é que se torna tão necessário o trabalho da ES ou OS
no espaço privilegiado que é a escola. Vale aqui, ainda, expor a compreensão
dos PCN, ao orientarem que
[...] não comporta
avaliação por meio de notas ou conceitos, como habitualmente se pratica na
escola. É fundamental realizar uma avaliação contínua do processo de trabalho,
solicitando comentários dos alunos sobre as aulas desenvolvidas, o debate dos
temas, a postura do educador, os materiais didáticos utilizados, o
relacionamento da turma e o que ficou de mais importante para cada um, assim
como as dúvidas que persistem e os temas que merecem ser retomados ou
desmembrados. Questionários para avaliar tanto as informações quanto as
opiniões dos alunos, sobre os temas gerais da sexualidade, podem ser aplicados
no início e no final de cada programa desenvolvido, para colher dados, o que
pode ser muito útil na avaliação do trabalho de Orientação Sexual. (BRASIL,
1997, p. 335).
Em
muitos momentos o professor terá que lidar com expressões na sala de aula,
algumas vezes através de questionamentos, outras envolvendo o comportamento e
as atitudes. Neste sentido, sem dúvidas, é importante a intervenção do
professor, não para reprimir, mas para ser mediador desse processo e não fechar
o assunto em discussões e conclusões prontas e acabadas. O professor deve
deixar o aluno a expor suas ideias e conclusões, pois é nesse processo de
questionamentos e debates que se constrói o conhecimento.
Pode-se
observar, diante do tema pesquisado, que os educadores reconhecem a importância
da ES, pois os alunos têm a oportunidade de conhecerem mais e melhor seus corpos
e as mudanças que ocorrem consigo mesmos, além de prevenção de DTS/AIDS,
gravidez, e seus benefícios gerais no processo de ensino e aprendizagem. Porém,
as professoras investigadas reconhecem, também, que não estão preparadas para
intervir, caso seja necessário, sobre as manifestações da sexualidade de seus
alunos. Fato que é confirmado por Silva (2009, p. 34), ao afirmar que “abordar
a sexualidade não é uma tarefa simples, é necessário compreendê-la em todos
seus aspectos, sejam fisiológicos, sociais, psicológicos, éticos, culturais e
emocionais”.
Entretanto, a escola
enquanto instituição deve estar aberta à implantação de programas, participar
de palestras, seminários e debates a respeito da ES. Nesta perspectiva, a
escola como instituição de ensino deve proporcionar a formação de cidadãos críticos,
reflexivos e construtores de conhecimentos. E, além de tudo isso, ajudar na
minimização do preconceito e tabus relacionados à ES. Mas, para esse processo
ocorrer é de suma importância que o educador esteja interessado e goste do
tema, e tenham o apoio e a participação de toda equipe pedagógica.
Acredita-se que não é
necessária a presença de um especialista para ministrar aulas, porque a ES não
é diferente de outras disciplinas, mas, sim, uma preparação por parte dos
docentes, pois o tema exige conhecimento específico para ser abordado. Faz-se
necessário, também, trabalhar com uma diversidade de recursos didáticos como: aulas
expositivas, vídeos, seminários, palestras etc., e se adotar metodologias
participativas, por intermédio das quais o conhecimento seja construído de
forma coletiva.
A
sexualidade é um assunto sempre presente, e que, ainda hoje, no século XXI,
sofre preconceitos e tabus, pois muitos pais acreditam que o assunto
relacionado à ES cabe somente a eles falarem com seus filhos, sendo que outros
mais tradicionais preferem nem comentar o assunto em casa. Por isso, é tão
difícil abordar o tema na escola, porque é preciso levar em consideração
valores e crenças das famílias dos alunos. Cabe, então, ao professor, intervir
perante comportamentos inapropriados e respondendo às dúvidas de seus alunos,
sem impor seus próprios valores e crenças.
Finalmente, não há
dúvidas de que a escola e a família têm papel fundamental em relação à ES das
crianças e jovens. Por isso, ambas devem trabalhar juntas para que o trabalho
educativo de uma complemente o da outra.
REFERÊNCIAS
ARCARI, Carolina. Sexualidade na Escola.
2011. Disponível em: . Acesso em:
27 out. 2011.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural
e orientação sexual (temas transversais). Brasília: MEC/SEF, 1997, v.
10.
BARBOSA, Laura Monte Serrat. Sexualidade: matéria escolar ou secular?
2007. Disponível em: <http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=927>.
Acesso em: 15 jan. 2012.
FRADE, Alice; MARQUES, Antônio Manuel et al. Educação Sexual na Escola: guia para professores, formadores e
educadores. 4. ed. São Paulo: Texto, 1999.
GOMES, Ana Paula M. J. Manifestações da Sexualidade no Comportamento dos Adolescentes e a Influência
da Mídia. Disponível em: <http://www.diaadia
educacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/445-4.pdf>. Acesso em: 22 dez.
2011.
GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL: diretrizes e
metodologia. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.
LOPES, Gerson. Sexualidade Humana. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1993.
SAYÃO,
Rosely; SAYÃO, Iara; MEIRELES, João Alfredo Boni de. Sexualidade na escola:
alternativos teóricos e práticos. São Paulo: Summus, 1997.
SANTOS,
Marluce Alves dos. Orientação sexual no
1º e 2º ciclos do ensino fundamental: uma realidade distante? 2011. 60f.
Monografia – Caicó, RN: Curso de Pedagogia Departamento de Estudos Sociais e
Educacionais, Centro de Ensino Superior do Seridó, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, 2011. Disponível em: <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/textocompleto/MARLUCE.doc>.
Acesso em: 18 dez. 2011.
SILVA,
Mislene Santos da. O Desenvolvimento da Sexualidade da Criança de 0 a 6 anos.
2009. 37f. Monografia – Inhumas: Curso de Pedagogia, Unidade Universitária
de Inhumas, Universidade Estadual de Goiás, 2009.
SOBRAL,
Osvaldo José. Representações Sociais de Sexualidade dos Professores da
Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Goiânia: Faculdade de Educação, Universidade
Federal de Goiás, 2008. 130f.
SOUSA, Martha Elisa Koch Fernandes de; CRISOSTIMO,
Ana Lúcia. Formação continuada de professores sobre o tema corpo e
sexualidade no contexto escolar. 2009. Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2011.
SUPLICY,
Marta. Adolescente e sua Sexualidade.
2012. Disponível em: psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=3>.
Acesso em: 15 jan. 2012.
VEIGA, Ana Paula. Educação Sexual. 2011. Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?788>. Acesso em: 27
out. 2011.
VILELA, Maria Helena. O desafio da
orientação sexual na escola. 2009.
Disponível em: escola.abril.com.br/online/reportagem/
orientacao-sexual-desafio-escola-391163. shtml>. Acesso em: 10 out.
2009.
______. Educação Sexual se faz a cada dia: através do convívio com os pais e
os amiguinhos na escola, as crianças aprendem comportamentos e normas de
conduta que irão influenciar sua vida sexual. 2012. Publicado em: ago. 2008. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/educacao-sexual-cada-dia-432338.shtml>. Acesso
em: 18 jul. 2012.
WALENDORFF. Jehmy Katianne. Educação Sexual –
Sexualidade: antes e depois. Publicado em: 18 abr. 2007. Disponível em:
artigos/educacao-sexual-sexualidade-antes-e-depois/1489/>.
Acesso em: 4 dez. 2011.
APÊNDICE
Roteiro
de Entrevista Estruturada realizada com professoras do 1° ano do Ensino Fundamental,
da Escola Municipal D. C., no município de Goiânia-GO.
1) Quais são as dúvidas das crianças nessa
fase do ensino fundamental, a respeito da sexualidade?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Você se sente preparado (a) para abordar o
tema Educação Sexual com seus alunos? Você recebeu algum treinamento especifico
acerca do assunto?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) Quais os benefícios que a Educação Sexual
traz dentro do contexto de ensino-aprendizagem?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4) Quais as metodologias, os recursos que
você usa quando aborda o tema Educação Sexual com seus alunos?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5) A sexualidade é um assunto que causa
polêmica. Como agem os pais, quando a escola aborda o tema?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6)
E para você, qual é a importância de trabalhar a Educação Sexual nas series
inicias?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________