10 de nov. de 2011


Pesquisa revela que o crack está em 90% das cidades brasileiras


Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios revela que o consumo do crack, droga derivada da cocaína, se alastrou por todo o país. Por isso, o Mais Você desta terça-feira, 08 de novembro, conversou com a psiquiatra Analice Gigliotti, especialista em dependentes químicos, que apontou que medidas são necessárias para resolver o problema desta droga.

"Dependência de drogas não tem cura, tem tratamento. Uma vez doente, ela sempre será doente e ter risco de recair. Uma pessoa que está com problema agora, não precisa ficar com ele para o resto da vida. O tratamento é químico, psicológico e social, como se afastar das situações que te levam a consumir, do local, se nele há facilidade”, aconselhou Gugliotti.

Especialistas alertam que, em média, um em cada três usuários morre após cinco anos de uso da droga. O ex-empresário Gilberto, que contou com a ajuda da filha, neta e pais para sair do vício, relatou o drama de perder tudo para as drogas. “Eu destruí os meus sonhos e os sonhos da minha família”, admitiu ele. A psiquiatra analisou que o aumento de uso do crack por pessoas com mais de 50 anos pode ter origem na intensidade e rapidez do efeito da droga: “Ele é mais gostoso que a cocaína, por ser a sua forma fumada, faz efeito mais rápido e, por isso, faz você repetir a dose mais vezes".

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Uma pesquisa da USP de Ribeirão Preto constatou um dado alarmante: muitas pessoas entre 60 e 80 anos estão consumindo de três a quatro pedras de crack por dia. “Ela é uma droga devastadora e cada vez mais você quer”, declarou um pai de 60 anos. “O crack roubou de mim tudo o que eu tinha, a começar pela minha dignidade e honra. Me tornou um marginal”, desabafou. Para Analice, o principal motivo da escolha do crack é o seu baixo preço. “Em geral, as pessoas de classe média baixa escolhem o crack pelo preço, mas existem outras que escolhem o crack pelo prazer também. A fácil acessibilidade é um fator que aumenta o consumo”, avaliou a especialista.

A droga que surgiu no Brasil na década de 90 tinha uso restrito de uma pequena população em São Paulo. Hoje, segundo estimativas do Governo Federal, o número de brasileiros usuários já chega a 600 mil. Uma pesquisa, com 4.400 munucípios, revela que o crack está em 90% das cidades brasileiras, que hoje já ocupa o lugar do álcool em pequenos municípios e na zona rural.

Uma das consequências dessa chegada é o aumento da violência. Em 60% das cidades pesquisadas, a droga está ligada ao aumento de furtos e roubos e da violência doméstica e intrafamiliar. Quase 38% das Prefeituras apontam também problemas entre os adolescentes - a queixa mais preocupante é o tráfico de drogas nas escolas. Em outro dado levantado pela pesquisa, em 44% dos municípios não há qualquer tipo de assistência social para familiares de usuários ou para os viciados. “Os números e os dados impressionam mesmo”, declarou Ana Maria Braga. 

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